sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cimeira da UE, 29JUN'2012

A avaliar pela primeira flor de sal colhida nas i)opiniões publicadas em geral na imprensa nacional e estrangeira no final da Cimeira da UE de hoje, juntando-lhe a ii)reação das praças de Wall Street e Ásia em alta, a iii)subida das principais commodities: petróleo/ouro/prata/cobre e ainda a iv)valorização do euro contra o dólar, poder-se-ia fácil e precipitadamente concluir que o resultado desta cimeira tinha sido um sucesso.
A curto-médio/prazo veremos que não.

A agenda para a reunião que tinha sido sucessivamente reescrita, foi completa e inopinadamente esquecida a favor de um único ponto: socorrer rapidamente a Itália e a Espanha.
Essa questão sim, pelo que se soube, foi decisivamente importante.
Monti e Rajoy, pressionadíssimos pela urgência de acalmar os mercados na reabertura de segunda-feira, tentando assim que eles não lhes fechassem as portas e a juros razoáveis, bloquearam a evolução da reunião até à chantagem, 'obrigando' os outros a votar o seu único ponto: mais dinheiro já.
Todos os outros, incluindo a Alemanha de Angela Merkel, cederam.

Foi então inventada uma nova fórmula de engenharia financeira para que os famosos mercados lhe fechassem os olhos e não a incorporassem como item de avaliação.
Neste sentido e no imediato ganharam a Itália e Espanha, e por simpatia os outros PiiGS e outros futuros previsíveis necessitados também. As teses alemãs foram abatidas por este KO de urgência, tornado exigência de última hora ou então adiadas sine die (?).
Hoje, excecionalmente, o centro de gravidade das decisões deixou de ter como epicentro a Alemanha e a França, e deslocou-se para os países do Sul.
Até parece que a democracia na UE está a funcionar...

É minha convicção que, e mais uma vez, vai jorrar dinheiro para cima dos problemas e, por via disso, é possível que durante algum tempo os mercados não ataquem (deixa-os poisar, numa versão mais vernácula), sem que, contudo, as questões estruturais, onde se poderia começar a erguer com alguma solidez o futuro da UE, sejam analisadas, submetidas a consenso e aprovadas.
Mais uma oportunidade desperdiçada, portanto.

Quanto a mim a agenda alemã fazia sentido e era plena de oportunidade. Poder-se-ia ter encontrado uma solução que fosse um mix de ambas, incorporando pois os pontos, alguns pelo menos, da agenda alemã. Não só para que Merkel não saísse humilhada como, principalmente, porque há questões que ela põe que são fundacionais de uma futura e desejável UE.

A Alemanha embora jogando este 'jogo' de xadrez com o mesmo número de peças, fá-lo porém num tabuleiro muito maior, de gigantescas proporções. Não se sabe ao certo (e não sei se a própria Alemanha o saberá), que jogada fará a seguir?, quando a fará?, se terá trunfos escondidos?, que trunfos serão esses?, ou se estará a pensar em aplicar um xeque-mate? Sabemos sim que estamos a ver um jogo entre o FCP/Passarinhos da Ribeira, em que o FCP fatalmente vencerá sempre.
Convém ter presente, sempre, essa capacidade alemã.

(Claro que os Passarinhos da Ribeira gostam de jogar na liga primo-divisionária; só que para lá se aguentarem têm de ativar esforços sobre-humanos, calçarem as chuteiras todos os dias, e trabalhar muito, muito mesmo para compensar o delay que os separam dos grandes. O FCP vai lucrando com eles, vendendo-lhes algumas oportunidades, jogadores e logísticas; e os Passarinhos recebem algum dinheiro dos direitos televisivos e vão-se empenhando mais e mais para tentar manter a cabeça de fora)

Sabe-se agora (ver Blog 'comunidades' do JNeg) que no início da crise, em 2008, os gregos deviam à Alemanha à volta de 700 mm€. Sabe-se agora também que essa dívida alemã já está no BCE(!?). Já não é dívida só alemã(!).

Chegados aqui lembra-se, sugerindo-se, a leitura atenta da crónica de PSG do JNeg, 29Jun, em que especula(?) escrevendo: 'E se a Alemanha estiver a preparar a saída do euro?...'

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A insustentável leveza do parecer!

Percebe-se os fundamentos da Alemanha na recusa intransigente dos Eurobonds. Angela Merkel tem sido implacável: não, não e não. Para já. Pretende primeiro, de diversas formas e em múltiplos setores, assegurar o controlo da situação, na perspetiva Alemã, claro; quer ver rigor orçamental nos diferentes países; quer ver convergência bancária com supervisão centralizada em Bruxelas (União Económica e Monetária)...
Depois de tudo isto afinado e a funcionar, aí sim, autorizará os tão desejados(?) Eurobonds. Não se trata pois de uma questão de princípio mas de estratégia. Excecionalmente poderá vir a ceder mais cedo na questão das garantias dos depósitos, mas parcialmente.

Do outro lado temos os mercados que não dão tréguas. Não querem saber dos timings da Sra. Merkel, nem de ninguém; estão lá para ganhar dinheiro, muito dinheiro, e até, de alguma maneira, agradecem esta confusão: tem engordado muito à sua custa. Quem lhes tem garantido altas rentabilidades? Justamente os PiiGS, os mais aflitos quando pagam taxas elevadas. Portanto quanto maior for a crise maior serão as taxas e consequentemente mais lucros. Não querem saber se são países pobres ou ricos, grandes ou pequenos ou qual a sua latitude. Querem dinheiro, ponto. Atuam muitas vezes através de fundos (muitos deles soberanos também) invisíveis, despersonalizados, desumanizados, geridos por imberbes e ricos yuppies habituados a ganhar dinheiro fácil.
Convém aqui lembrar que, não obstante, atuam na legalidade, dentro do sistema, o nosso, o capitalista. Não são pois extraterrestres que comandam os nossos destinos: são terráqueos como nós e que o nosso sistema permite.

A questão que se põe à UE, aos seus dirigentes, a todos nós, é a de saber se as difíceis (há que reconhecê-lo) decisões a tomar ainda vão a tempo de inverter o sentido da marcha dos acontecimentos? Se os nossos dirigentes europeus estão a controlar os tempos de reação dos ditos mercados?, mais implacáveis que Angel Merkel. Obviamente que eles (mercados) mandam e comandam, disso não há dúvida. Não se trata da corrida do gato e do rato, em que os ratos somos nós; trata-se de tentar inverter esses papéis. Devíamos ser nós os gatos, mas não está fácil. Deixamo-nos cair demasiado! Os nossos dirigentes têm tido um comportamento reativo, correndo sempre atrás do prejuízo, não tendo sido capazes, até agora, de pro-atividade, de antecipação.
O desafio é enorme, hercúleo, o maior dos últimos 100 anos. Vamos ver se estamos à sua altura.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

1Q84(2) - Haruki Murakami(HM)

Este segundo livro a que HM se propôs para continuar a ficcionar a história iniciada no primeiro volume, vem em tudo na mesma sequência e superior narrativa e decorre sem surpresas; perfeito. Não para de surpreender e entusiasmar o leitor.
Contém igualmente páginas de rara e soberba subtileza, apenas ao alcance de poucos escritores.
As cenas íntimas de Tengo/Fuka-Eri ou Aomane/Ayumi são hinos à sensibilidade.
Sublinha-se a capacidade fina e grandiloquente com que expõe estas facetas do comportamento humano.
Todavia, aqui e além, quando entra em terrenos metafísicos exagera um pouco na dose indo para além do aceitável. Aprecio a aptidão de alguém quando é capaz de nos transportar para essas viagens; gosto, de quando em vez, levitar um pouco e entrar em ambientes irracionais; o ponto aqui é a sua dose e justificação.
HM gosta de voar e principalmente planar, mas às vezes esquece-se e fica lá em cima tempo de mais. E o leitor à espera…
Por mais denso que seja o tema abordado, tal como os mosquitos que passam intatos pela chuva, também HM consegue passar por essas grossas gotas e, com destreza sagaz, leva-nos incólumes com ele. E nós vamos.
A palavra ao serviço das ideias.
Um bom passatempo.
Vou ler o 3º.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Fracasso do euro seria desastre para economia alemã

Domingo, 24 de junho de 2012
A revista "Der Spiegel" revela hoje um documento do Governo alemão que calcula os possíveis efeitos a nível macroeconómico do desaparecimento do euro à luz da atual crise das dívidas soberanas.
"Os países que sofreriam maiores desequilíbrios seriam precisamente os que estão a ser mais afetados pela crise das dívidas soberanas: Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália"
"Comparando com esse cenário de rotura da zona euro, qualquer resgate parece um mal menor"
"As estimativas para a maior economia europeia indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) cairia quase 10% no primeiro ano com uma nova moeda nacional e o desemprego atingiria cinco milhões de pessoas"
"As estimativas para a economia espanhola apontam para uma taxa de desemprego de 26,7% e o PIB recuaria 11%"

Depois disto, digo eu, a Alemanha, para seu próprio bem, não pode mais continuar a tratar do problema Europeu com tanta hesitação. O tempo corre veloz e começa a escassear. A ampulheta está a ficar vazia. Se acha que para prosseguir o projeto europeu quer ver primeiro aceites e implementadas por todos os outros 26 (16) as medidas que julga indispensáveis, tem de se impor de forma determinante na próxima reunião de 29 de Junho. Não acredito muito nisso – embora considerando que há melhores condições geopolíticas para o fazer –.
Acho que chegou a hora das grandes decisões.
Amanhã pode ser tarde.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Mini(?)-Cimeira de Roma

Uma cimeira entre os quatro grandes países que compõem a Eurozona (com a Grã-Bretanha ficaria perfeito), é em si mesma notícia e boa notícia. Quando no final se anunciam convergências de opiniões e decisões, ainda melhor. Até agora, toda a Eurozona estava incomodada por se sentir tutelada apenas pela França e Alemanha; era um motor de 27 cilindros a trabalhar apenas em dois. Com o agudizar da crise em Espanha e Itália, foram estes também (finalmente) chamados para o centro de decisões. Ainda bem. Assim as decisões começam a ser mais democráticas, mais representativas; de alguma forma sentimo-nos mais presentes. Evidentemente que a presença de todos os outros seria francamente mais democrático mas, não sejamos ingénuos, os grandes não os querem lá: só atrapalham, pensam; participarão sim quando as grandes diretrizes estiverem assumidas pelos grandes.

Com dinheiro dos privados e do resultante das restruturações dos orçamentos dos diversos países, ficou decidido injetarem 130 mil milhões de euros (1% do PIB da UE) nas economias da U.E. A pressão para a tomada desta ação, a começar em François Hollande, foi grande e não houve como escapar-lhe, incluindo a renitente Angela Merkel.
Aparentemente todos os países ficaram contentes.

De facto o problema social, as pessoas - a começar pelas dos PiiGS - já estavam a viver mal, muito mal. Havia pois que encontrar dinheiro para lhes minimizar as angústias e sofrimentos, fosse qual fosse o baú onde tivessem de o ir procurar. As pessoas em primeiro. Nisso a Europa é única.

Terá sido uma boa solução?, oportuna?, a melhor? Tenho sérias e fundamentadas razões para duvidar.
Quem, com são conhecimento ou poderes premonitórios, poderá responder?! Convém lembrar que o método foi o já usado no passado recente, de que todos nos lembramos, tendo produzido os resultados que sabemos. Deitar dinheiro para cima dos problemas apenas os esconde, não os resolve. Aí a Alemanha tinha e tem razão: arrumem-se primeiro as casas - restruturações, reformas - e só depois o dinheiro, os Eurobonds ou outros.
Ora as casas ainda não estão arranjadas, longe disso.

Nota:
As populações destes países, incluindo a Grã-Bretanha, somam 311 milhões de pessoas.
O total da U.E., rondará os 500 milhões.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

G20, Los Cabos/México

   A Cimeira do G20, em Los Cabos/México de 19 de Jun – a sétima –, decorreu com pompa e circunstância, tendo motivado a presença ao mais alto nível dos seus representantes, conseguindo assim que os holofotes da imprensa mundial neles incidissem. Aproveitando (ou desaproveitando) o fato, de lá saíram algumas ideias mas não decisões concretas.
Visavam, com a sua presença e mediatismo, pressionar a Europa e a Alemanha em particular, para a tomada urgente de medidas substantivas de modo a poderem dizer ao mundo que estavam atentos, identificando o centro dos problemas na europa.
   Qual Cinderela, Angel Merkel, aparentemente alheia a essa pressão, passeou-se como um princesa, honrada e venerada, sem resistências visíveis. Não se deixou pressionar e pelo contrário deu ainda mais visibilidade às suas teses de austeridade, rigor orçamental, convergência bancária, fiscal e política. As suas grandes linhas de força para a Europa saíram reforçadas. Os outros, submissos, dependentes, vergaram-se ao seu peso.
   Como mais importante realça-se a vontade política expressa da maior integração do sistema financeiro europeu, o que inclui uma supervisão conjunta dos bancos e garantias sobre a segurança dos depósitos bancários.
   Angel Merkel abordará assim reforçada a próxima reunião do Eurogrupo do dia 28 de Junho.
A ver vamos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

EuroBonds / Garantia de Depósitos

Uma das muitas questões que se está a pôr a muitos cidadãos da zona Euro é a da garantia das suas poupanças sediadas nos seus diversos países de origem/residência; e um dos problemas que se está igualmente a colocar a esses mesmos países, é o da sua credibilidade de, apenas de per si, conseguirem dar garantias aos cidadãos de que os seus depósitos estão seguros.

Não basta, como se pode ver pelos muitos mil milhões de euros que estão a fugir da Grécia ou Espanha e um pouco da Irlanda (e não só), que os respetivos governos os venham garantir - até 100.000,00 -. A sua bondade carece de autenticidade.  E não adianta porque o cidadão - acompanhando ao minuto a evolução económico-financeira -, simplesmente, não acredita e tenta por todos os meios (cada qual do seu jeito) por a salvo em tempo útil aquelas migalhas que, quantas vezes, com tanta abnegação, conseguiu amealhar para os piores (mais futuros?) dias.
Portanto a garantia dos estados, individualmente considerados, consabidamente, não chega; não responde às preocupações e medos dos cidadãos.

Obviamente que esta fuga de capitais depaupera os países, o sistema bancário, as finanças, a economia, tudo em geral. Contribui ainda, enormemente, para a sua descredibilização junto de futuros credores que pensarão: se os próprios não acreditam porque haveria eu de injetar (dar) lá o meu dinheiro?

E chegamos assim a um ponto crítico!
Como restabelecer confiança nas pessoas, nos países, na Europa?

A Alemanha tem mostrado inabalável resistência à adoção dos Eurobonds. Já aqui o escrevi, mais que uma vez, que compreendo sua posição. Pretendem, primeiro, uniformizar critérios de boa Governança (os do 'rigor alemão') em todos os países: na banca, no fisco, nos orçamentos... e só depois aceitarão então a mutualização da dívida a nível europeu.

Porque não arrancar já com a ideia dos EuroBonds, justamente para esse fim, para Garantir o dinheiro dos cidadãos?
Seria, acho eu, um bom estabilizador e dinamizador geral das economias, não só para as pessoas como para os países. As pessoas não sentiriam necessidade de retirar suas economias dos seus países porque as sentiriam seguras.
É certo que parte delas ficariam nos cofres dos bancos mas estes, por sua vez, poderiam retorná-las para a economia.
Muitas preocupações seriam mitigadas e, no mínimo - o que não é pouco -, as pessoas sentir-se-iam mais felizes.

Mais, e penso ser este o cerne da questão, com a assunção desta mutualização a Europa daria, para dentro de si mesma, para os credores e para o mundo, finalmente uma ideia de união, que tarda faz tempo; a não ser que não o tenha feito ainda, deliberada e estrategicamente, para poder saltar fora do projecto europeu em qualquer altura com baixos custos. É que, as interdependências das nações são ainda excessivamente frágeis e a sua inexistência permite, com alguma facilidade, o fim da U.E. Será que é isso que os países mais ricos (Alemanha e países Nórdicos) querem?, o fim da U.E.?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

'Rio+20'-Sustentabilidade do planeta Terra, o nosso.

Sob o lema 'crescimento económico, inclusão social e preservação do meio ambiente' e 20 anos após (Eco1992), ocorre no Rio o 'Rio+20'.
Na altura, fundado pela ONU, o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o meio ambiente), foi a organização a quem foi artibuída a função de liderança mundial do meio ambiente. Hoje, 20 anos depois, ainda conta apenas com 58 membros, ficando de fora dois terços dos países (!?).

Partindo do princípio que a questão da deterioração acelerada e gravosa do meio ambiente é mundial e a todos atinge, e tendo em conta que apenas um terço dos países membros da ONU admite discutir o problema, convenhamos que, desde logo e à partida, é um problema não direi insolúvel mas, no mínimo, de imprevisível tratamento e desfecho.

Sabendo-se que praticamente todos os países presentes foram severamente atingidos pela crise que grassa pelo mundo, e sabendo-se que são precisos 30 mil milhões de dólares por ano para sustentar esse programa - segundo o 'G77+China' - e que esse dinheiro deveria sair do bolso desses mesmos países agora em crise (nalguns profunda), adivinha-se, sem ser necessário recorrer a grandes cálculos, que estamos perante um problema complicado: não há dinheiro disponível para efeito.

Nos últimos 10/15 anos esses mesmos países (não todos) viveram tempos de prosperidade e de relativa abundância e mesmo assim não foram capazes de fazer com que o PNUMA avançasse decisivamente. Parece-me que agora com bastante mais facilidade alijarão responsabilidade e se retirarão (fugirão) da questão. Veja-se aliás o que fizeram Barak Obama e Angela Merkel: não apareceram no Rio.

Penso ser opinião mundial e consensual de que é urgente, muito urgente, mudar comportamentos a todos os níveis para tentar desacelalar a velocidade vertiginosa com que o mundo ecológico se está a precipitar para o abismo. A ONU alerta que, a este ritmo e se nada entretanto for feito, nos vamos estatelar em 2030; nessa altura (estamos apenas a pouco mais de 15 anos de distância), crescentemente, a pressão sobre os recursos do nosso planeta - alimentar e energético - duplicará!

'Rio+20' será tempo perdido.
É certo que estará lá muita gente, muitos altos dirigentes mundiais, mas infelizmente e para além do aproveitamento mediático que a visibilidade da Conferência oferece aos países participantes - além do show off dos próprios participantes e do aproveitamento económico-turístico do país anfitrião -, não haverá resultados concretos. Ninguém mostra vontade política para contribuir com a sua quota-parte para abastecer o investimento dos 30 mm. De resto, ainda nem sequer começou a cimeira, e a preocupação dos responsáveis é de 'costurar' um testo final para lhes lavar a face.

O elevado número de presenças mostrou conhecimento e sensibilidade para o problema, mas não a ponto de libertarem dinheiro dos seus países, dos seus cidadãos, para ajudar a inverter a marcha inexorável dos acontecimentos e, sem isso, ficamos na mesma.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Bancarrota Portuguesa: 1891

1.Em resultado de causas várias ocorridas no país no último quartel do século XIX – mas tendo presente a titubeante governação do país -, Portugal declara bancarrota parcial em 1891, quando s/ dívida externa atinge 75% do PIB.
Depois de quase 40 anos de grande estabilidade monetária/cambial e relativo crescimento económico, começou a desenhar-se uma crescente crise na última parte daquele século, crise financeira (à qual se sucedeu uma crise económica), que culminou com o colapso das finanças do estado e do sistema bancário.
A instabilidade política, financeira, económica e social que começou por abalar as estruturas e o sistema (Monárquico) - a que veio dar lugar a implantação da República em 1910 -, e o Ultimato Inglês sobre as pretensões portuguesas em África – Mapa cor-de-rosa -, são contributos decisivos que explicam esses conturbados tempos.

2.A solução encontrada para o pagamento dessa dívida, foi a da s/ renegociação com os credores (1902), tendo-nos então sido dado o prazo de 100 Anos para a s/ liquidação total, o que veio a concluir-se em 2001.
Ou seja, diversas gerações, durante um longo século, tiveram de suportar a má gestão das políticas dessa altura.

3.A questão que se põe é a de saber se é compreensível, aceitável e justo que as gerações futuras tenham de suportar os desmandos das anteriores e durante quanto tempo? Quanto a mim, não é questão sequer; entendo que a geração que fez ou permitiu a (s) asneira (s) a deva resolver em tempo útil, clarifique-se na sua própria geração. Com que argumento, com que desfaçatez, amanhã, responderia aos meus netos quando se confrontassem e me confrontassem com uma dúvida e dívida dessas?
Felizmente parece haver já algum consenso, maioritário, quanto a isso. Apenas os partidos mais à esquerda é que ainda falam na renegociação da dívida, i.e., atirar lá para a frente as dívidas atuais de qualquer maneira. Sine die!
As posições dos grandes partidos e dos grandes países dominantes na europa, à frente dos quais a Alemanha, têm travado essa possibilidade ao rejeitarem as eurobonds ou ao não permitir que se acione a máquina de fabricar euros e, digo eu, ainda bem. Consequentemente todos os países - Portugal incluído (a viver atualmente com dinheiro alheio), são obrigados a proceder como os seus credores querem e obrigam: a pagar as dívidas em curto prazo.
Sou claramente a favor da inscrição na constituição dos limites do deficit orçamental. A não existência dessa obrigatoriedade permite que o(s) partidos(s) que estejam no governo – por razões eleitoralistas – lhes escape, esbanjando dinheiro. Até agora foi isso justamente o que aconteceu.

4.A evolução negativa (esperemos que pare), do caso espanhol, italiano ou mesmo francês – 3 grandes - pode agravar de tal maneira a crise na Europa em geral, que aos dirigentes europeus não reste outra alternativa senão a de adotarem uma ou as duas soluções anteriores. E isto a favor de um bem maior, que é da manutenção da Europa com o perfil social que a nível mundial detém. E, se chegarmos aí, também eu serei a favor dos eurobonds ou outra solução igualmente comprometedora. Mas só nesse caso, porque acho que a europa tem um perfil social único no mundo e que deve fazer o possível e impossível para o manter. Se assim for, amanhã poderemos dizer aos nossos netos que as dívidas passadas são o preço desta europa que se conseguiu manter e de que também usufruem. Porém temporizadas. Nunca os 100 anos da crise de 1891! Resgatar esses encargos futuros deverá ser uma prioridade permanente de todos.
Não quero tirar razão àqueles que dizem que não contribuíram para o problema, onde também me incluo (embora dele tenham beneficiado – todos nós de uma outra forma beneficiamos), e que a responsabilidade é dos agentes políticos e económicos. Mesmo assim, por omissão, laxismo, inércia ou mau voto nas urnas, permitimos que tal tivesse acontecido.
Assumamos então as nossas responsabilidades, no nosso tempo, e poupemos aos nossos netos encargos alheios.

5. Grandes infra estruturas
No que acima refiro cabem, apesar disso, os grandes (ou pequenos) investimentos que – comprovadamente – se justifiquem. A condição que relevo como decisiva tem a ver com a duração do equipamento em causa. Um aeroporto (apenas como exemplo) tem um prazo de validade temporal, no que à sua capacidade de trânsito de passageiros e materiais diz respeito, supostamente de vários anos; muitas gerações portanto. Fazer repercutir o seu custo inicial por essas diversas gerações parece-me justo e inquestionável.

6. Fundos da U.E.
A partir da adesão de Portugal à CEE e em resultado das negociações entre as partes, cá chegaram, no devido tempo, muitos mil milhões de euros para projetos aprovados, de comum acordo, entre a CEE e Portugal.
A condição que A CEE punha para a atribuição desses fundos, é que para que esses projetos avançassem, o País tinha de contribuir com 25% do total. Tudo de borla não! Custa-me a admitir que não sejamos capazes de financiar esses 25% e consequentemente se tenham de devolver os 75% por não uso. A mobilização da sociedade para este efeito deveria ser firmemente tentada pelo governo e por todos os agentes sociais. O dinheiro, sabemos, é caro e conseguir credores disponíveis não é tarefa fácil.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

...por um prato de lentilhas!

Já noutra altura disse que a história não vai ser simpática para com Cavaco Silva (CS). Não é nada pessoal, nem o conheço nem faço questão disso. É mesmo política a m/ posição.

O grande entusiasta da n/ adesão à, agora, UE, foi sem dúvida Mário Soares. E também continuo a pensar que fez bem. Com um esforço notável e com a imprensa em geral do seu lado, conseguiu agarrar todo o país para esse projeto - exceto os partidos de esquerda, do PC para baixo -. A grande maioria dos portugueses esteve com ele e apoiou-o. Saber que íamos pertencer ao clube dos mais ricos do mundo, facilitou e entusiasmou-nos a todos. Ter acesso e viver a vida como se ricos fossemos, era uma possibilidade tangível que não podíamos desperdiçar. Vista a n/ adesão apenas nesta perspetiva - e foi o que conheceu - era um passo enorme e empolgante em rica e boa direção.
As cores do quadro que na altura foi pintado eram de tal maneira atraentes que ofuscaram o n/ sentido crítico e alternativo.

A outra parte e, sabemos agora não menos importante, era a da materialização dessa adesão.
Confiamos então as n/ esperanças a CS e nele tudo depositamos. Coisa simples, o nosso futuro colectivo.
Seus acólitos (há sempre acólitos em tudo!) e (mais uma vez) a imprensa em geral, encarregaram-se, com sucesso, de criar de CS a esfíngica e aura imagem de guru em finanças e estadista de respeito, ao nível dos melhores. D. Sebastião tinha regressado do norte de África, disfarçado de CS. 'Ele sabia o que estava a fazer'! (?)

Começaram as negociações.
Como os ursos, hibernamos durante todo esse período e alheamo-nos do que estava a acontecer, enquanto faziam o ninho atrás das nossas orelhas. E, em troca do muito dinheiro (que começaria chegar a rodos), CS entregou, em particular à Alemanha e França, praticamente todo o nosso tecido produtivo primário e também secundário. A agricultura foi dizimada; as pescas - com o inicial abate dos barcos e o consequente desmantelamento da frota pesqueira - foram também destruídas; a indústria pesada, o setor siderúrgico desapareceu. Para onde foi tudo isto? Alemanha e França principalmente.
Negociaram bem esses países. Ficaram com a parte de leão do negócio. Mais, conseguiram criar em nós o espírito facilista e consumista dos seus produtos e nós compramos; não com dinheiro gerado dentro de portas, mas com dinheiro deles inclusive, com créditos futuros. Até submarinos, que não precisávamos, lhes compramos (noblesse oblige).
Fomos depois comprando mais e mais produtos - mais caros - justamente à Alemanha e França, aos preços deles e contribuindo assim e fortemente para o sucesso das suas economias.
E a nossa dívida a crescer a bom ritmo!

A Alemanha sempre foi na história da Europa e do mundo um grande país e também e sobretudo hoje continua a ser, porque sabe negociar, exibindo evidentemente os seus trunfos de grande e poderoso.
Reservaram para nós a exploração da indústria barata e de mão d'obra desqualificada, massiva e intensiva: têxtil e calçado. Aí tínhamos (e temos) de concorrer com os países de mão d'obra ainda mais barata que a nossa, a dos BRICS, da Europa de leste e asiática em geral. Uma desgraça!
Queriam de nós, dizia-se, o sol e as praias, a gastronomia, o bom e simpático acolhimento e que não nos preocupássemos com o resto que eles, como marionetes, de lá nos manipulariam.
Este verde cantinho à beira mar plantado seria o seu oásis, para descanso e retempero de energias.
E nós, hibernados, concordamos!

Para os ditos acólitos de CS escorreu abundantemente o leite e o mel; para as pessoas comuns, algumas migalhas também. Com esse dinheiro barato e fácil, vivíamos todos, uns e outros, alegres e felizes.
E o cuco continuava a fazer o ninho na nossa casa!

Adormecidos pelo canto da sereia, lembrando outras épocas bem lá atrás, não nos apercebemos de que alguém estava a capturar perigosa e dramaticamente o nosso futuro.

E assim chegamos ao precipício onde estamos com o beneplácito, cobertura, cobardia e ignorância de CS.
O que fez CS quando foi, por 10 anos, primeiro-ministro?
O que fez CS no seu primeiro mandato e o que está a fazer agora no segundo, como PR?
Onde esteve o guru de finanças, o estadista exemplar CS?
Contrariamente ao que dizia Camões, CS não se libertará da lei da morte e desaparecerá com ela.
Dele, ela, a história, se esquecerá.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

1Q84! Haruki Murakami


Não sei o que me reservam os outros dois livros da trilogia 1Q84, que lerei com certeza. O primeiro foi uma muito agradável surpresa!
Desconhecia Haruki MuraKami bem como o género de história a que se propunha, o tipo de escrita, a densidade da narrativa, a latitude das envolvências, a caraterização dos personagens, as ligações ao mundo real...
Tinha ainda mais uma curiosidade que era a de saber como raciocinaria um escritor asiático? Como enquadraria o lado social e o dia-a-dia dos japoneses nos temas abordados? Como no-los faria chegar e em que doses? E a resposta é simplesmente surpreendente.
HM, nesta ficção, serve-se dos ingredientes clássicos: mistério, crime, sexo, e ação. Embora clássicos não é apoucada por eles, pelo contrário: utiliza-os com rara e grande mestria. A ação, contudo, é apresentada a um ritmo uniformemente acelerado, sendo-nos servida em boas e gostosas doses. A narrativa é-nos detalhada, desde o início, sem pressa mas, como um bom creme, muito bem ligada. Os personagens e as etapas da história são dissecados até ao osso: nada fica em aberto. O leitor, muito cedo, entra na trama, sendo quase nula a sua capacidade de intervir ou opinar porque HM não permite; condu-lo assim para onde quer, dando-lhe poucas alternativas. Os outros ingredientes são também, todos eles, bem doseados e com novidades interessantes (desconhecia aquele método de matar!?)... De leitura invulgarmente fácil mas nem por isso menos cativante e envolvente: quase que não deixa respirar o leitor. Boa tradução, incluindo expressões que nos são familiares. Uma viagem estonteante como numa montanha russa. Escritor a reter e reler. Nobel? Talvez.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Reforma Autárquica

i)Sou natural de um lugarejo - Fermil da Basto, Vila desde 2001, a 90 km do Porto, ali nas fraldas do Marão, onde já é visível o panorâmico Monte Farinha - à volta do qual existem (resistem e subsistem) freguesias que por sua vez dão para Concelhos. Conheço razoavelmente bem seu passado e presente e, apesar de distante, continuo saudosa e interessadamente a acompanhar o seu pulsar, não fora esse o meu torrão natal que, também em mim, se colou irremediavelmente à pele. Quem, aliás, consegue esquecer o seu!?
É este lugar o primeiro epicentro dessas freguesias. Aqui se realizam as feiras, nomeadamente uma anual (19 de Abril) e onde se processa o comércio, o agrícola em especial. É assim há muitos anos. Aqui existe também a gasolineira da região, cafés, restaurantes, minimercado, lojas, o comércio em geral.
Há muitos anos atrás era um lugar importante porque importantes eram as freguesias e muitas as pessoas que à sua volta gravitavam e o sustentavam.
Havia gente, muita gente; vidas, muitas vidas. Era ver as manifestações religiosas. As festas locais, as romarias regionais, convocavam e mobilizavam toda essa gente. E era bom de ver as multidões que circulavam, alegravam e davam sentido ao todo regional. Quando penso nisso, ocorre-me sempre aquele texto superiormente declamado por João Vilaret - A procissão - , que tão bem resume esses ambientes e essa época. Havia a salutar e desejada competição de freguesias, que muito contribuía para essa agitação e até frenesim entre as suas gentes.

Nos anos 60/70, em resultado de conjunturas várias, mas tendo presente a pobreza nacional com origem num Portugal salazarista fechado ao exterior e interior, à guerra colonial e à sentida falta de perspetivas futuras, começou a debandada da saga da emigração e a subsequente e crescente fuga de muita gente para o estrangeiro e para as grandes cidades, principalmente para as litorais.
A região foi fortemente atingida pelo fenómeno e aquelas freguesias outrora semeadas de gente, aos poucos começou a ficar deserta, especialmente de juventude que ou fugia da guerra ultramarina, ou da pobreza, procurando noutras geografias, nacionais e mundiais, sentido económico para a sua subsistência.
Assim começou a desertificação daquela região. Hoje nem sombra é do que foi.
É um quase deserto de pessoas, coisas e animais. A atividade agrícola, industrial, comercial ou outras, são inexistentes ou residuais.

ii)O que ali aconteceu, replicou-se inexoravelmente por todo o país, alterando em definitivo muitos locais e a suas densidades populacionais.

iii)Vem isto a propósito da reforma autárquica.
Sabemos que, nomeadamente pelos fatores que acima referi, muitas freguesias e concelhos não têm mais razão para continuar a existir com base no modelo antigo, tornando-se imperioso a sua reformulação, quer pela anulação de umas tantas quer pela criação de outras, de forma a melhor adequar as respostas do poder autárquico às necessidades das pessoas.
Se nalgum tempo da história se justificou o ainda existente quadro autárquico - Freguesias e Concelhos -, agora, em muitas regiões, claramente que assim não é, e está visivelmente desajustado. O quadro autárquico deveria ser ciclicamente revisto não direi em ciclos temporizados ou calendarizados, mas ciclos que acompanhassem a geoposição das pessoas. A nível distrital, ou porque não concelhio, deveria estar permanentemente em aberto a possibilidade dessa reformulação.
Sabemos que muitos defendem a imutabilidade do antigo modelo, não por ser o melhor para as regiões mas por razões de conveniências ou/e sobrevivências pessoais, políticas e económicas, o que é lamentável. Assiste-se, incluindo os partidos de esquerda (interessante!?), a uma defesa admirável, férrea, surpreendente e conservadora do antigo status quo.
Se até agora não houve força política - de todos os partidos - para o alterar, deveria ser aproveitada a presença da Troika, que o impôs, para o fazer.
Infelizmente essa oportunidade não vai ser aproveitada e, no geral, pouco se vai fazer, o que é um desperdício, uma oportunidade perdida. Mais uma!

iiii) Yes, we can, diriam uns; where there's a will, there's a way, diriam outros. E a autarquia de Lisboa quis e já pôs em marcha o plano da Reforma Administrativa, tendo sido já aprovado na AR. Foram eliminadas mais de metade das freguesias (de 54 para 24) e criadas novas. Não foi preciso esperar pelo poder central. Aproveitando a boleia da dinâmica oferecida pelas diretrizes da Troika, Lisboa avançou sem medo e com acordo dos outros partidos. Do que é que os outros Municípios estão à espera? Ocorrem-me vários classificativos mas fico-me, por ora, pelo de sanguessugas, parasitas e oportunistas. É risível o argumento de que lá estão para cuidar dos interesses do ‘povo’!

iiiii) Desde há bastante tempo que sou frontalmente contra a Regionalização. Os motivos, depois do que atrás digo, parecem-me óbvios: serve fundamentalmente para criar mais jobs for the boys, alimentando-se à mesa do OGE e para isso não, o meu apoio não terão. Além disso, num mundo globalizado como o nosso quanto mais dividido for o território, menos capacidade terá de se organizar em lóbi e, assim, com menos poder de intervenção fica para defender a respetiva região. Não à Regionalização pois!

Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!

Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.

Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.