quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Assunto: Almoço fantástico ;-)
Olá Bié / Raquel
Nem sempre o que parece é, e isto porque, se algum mérito tive neste processo foi o de não estorvar e, de alguma forma, o de o apoiar.
Nem sempre o que parece é, e isto porque, se algum mérito tive neste processo foi o de não estorvar e, de alguma forma, o de o apoiar.
A César o que é de César, and the Óscar goes to: i) Raquel e ii) Branca pela ideia, sua arquitetura e execução e pela recolha fotográfica; iii) para a Sara vai o da realização do filme; para a Branca vai também a realização dos filminhos animados. Limitei-me a fornecer-lhes o material no formato digital e em bom estado de uso.
Dito isto sempre te direi que, pelo meu lado, não fiquei emocionalmente imune à ideia e menos imune ia ficando à medida que via que as coisas estavam a andar e sentia que a Família se unia e entusiasmava em torno do projeto. Embora não seja biologicamente da Família Carvalho, o certo é que a assumi desde muito cedo (e sinto que por ela também fui assumido por inteiro). Tenho muito gosto e orgulho na Família Carvalho. Daí que coloque o meu entusiasmo próximo do dos próprios.
De resto continuo a pensar que é nos núcleos familiares - close mas preferencialmente mais alargados - que reside parte da explicação, da razão e do bem-estar das pessoas.
De resto continuo a pensar que é nos núcleos familiares - close mas preferencialmente mais alargados - que reside parte da explicação, da razão e do bem-estar das pessoas.
Por isso apoio estes eventos sem reservas e com muito entusiasmo.
Houve de fato uma preocupação central: a de incluir todos por igual independentemente da geografia onde possam pontualmente estar (no filme animado, no filme da família ou nas bonecos finais). Todos são da Família Carvalho.
Houve de fato uma preocupação central: a de incluir todos por igual independentemente da geografia onde possam pontualmente estar (no filme animado, no filme da família ou nas bonecos finais). Todos são da Família Carvalho.
Também sou da tua opinião: correu bem, muito bem mesmo: sem alaridos, sem excessos, próprio de quem se conhece e gosta.
Futuro? Acho que posso dizer que já há vontades no ar que o assegurarão. A seu tempo as notícias correrão à velocidade da informática ou hertziana.
Futuro? Acho que posso dizer que já há vontades no ar que o assegurarão. A seu tempo as notícias correrão à velocidade da informática ou hertziana.
Desejamos todos que num próximo encontro da Família Carvalho a sua árvore genealógica tenha enfim frutificado e ostente mais um bonito ramo; por isso festejamos alegremente na altura o anúncio do novo rebento.
A este propósito e porque tenho uma sobrinha que está quase nas mesmas condições (grávida de 5 meses), coloquei há dias um post ao casal no Facebook privado dos Magalhães & Companhia com este texto que, por ser uma situação muito idêntica a replico para Vocês, pedindo-vos que lhe façam as necessárias adaptações:
“Os impulsos da natureza são mais fortes que as circunstâncias, o que levou o Ricardo e Anita a presentearem a eles próprios, à Carlota (a Carlota é a mais sortuda!) e a todos nós, com o mais belo, o mais compensador e comprometedor dos tesouros: uma filha.
- Se há fatos da vida que um pai ou uma mãe sempre bem-diz (… e nunca mal-diz), é a existência (e principalmente a coexistência) dos seus filhos -
A sua vida já começou e, amparada pelos seus pais, irmã e por todos nós – com saúde e alegria que todos lhe desejamos – chegará à idade da sua bisavó, que com um sorriso lhe dá também as boas vindas. Parabéns aos Papás, à Carlota e aos Avós”
Vou enviar o teu e-mail - espero que releves - e esta resposta para as acima citadas protagonistas pois avalio o prazer que terão em conhecer tua opinião. Conhecemos já algumas e posso dizer-te que todas têm uma carga emotiva e positiva muito boas.
Mais um ponto e este deveras importante: está proibida a entrada ao Vítor Pereira neste Grupo; já se for o JJ, aí sim todas as portas lhe serão franqueadas e o tapete vermelho estendido. Até porque este ano vamos ser campeões.
Gr abç para ti e bjnhs à Raquel e um renovado Bem-vindo ao Pimpolho(a).
_________________________________________________________
Olá Toni
Obrigado pelos email's enviados e pelo trabalho espectacular dos filmes e das fotos.
Adorei o almoço e o convívio de Sábado, foi deveras fantástico por vos ver a todos.
Esta iniciativa foi muito bonita até pela recordação e pelas memórias, pois sei que o tempo, as vivências e o trabalho afasta as pessoas destes convívios familiares.
Espero que mais se repitam e que de uma próxima os meus pais e irmãos também estejam presentes.
Obrigado pelo brinde, apesar da surpresa que fomos alvo (Eu e a minha companheira Raquel) pois ainda é tudo muito recente ;-) (A minha avó é uma malandra! ;-))
Gostei muito de vos ver embora não tenha tido tempo para conversar, espero no próximo falar mais! (Das estratégias do Jorge Jesus e do Vitor Pereira) :-) :-)
Nota: Para a próxima no que puder ajudar ou até mesmo organizar, cá estarei!
Beijinhos para a Branquinha
Grande Abraço
Com os melhores cumprimentos
Gabriel Maceiras
(Bié) e (Raquel)
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Marina, de Carlos Ruiz Zafón
O estilo de escrita é uma forma muito pessoal de expressão que se vai consolidando à medida que se experimenta; resulta tipo impressão digital. Quando se diz que alguém escreve com laivos Queirosiano, por exemplo, apenas se pretende com isso catalogar estilos, sendo que não haverá dois exatamente iguais. Cada pessoa encontra a sua própria forma, o seu estilo de vestir as suas ideias. Os escritores, como os estilistas de moda, expressam-se de forma pessoal. Aliás, mesmo que quisessem copiar alguém não o conseguiriam. O cunho pessoal sobrepor-se-ia a outro qualquer estilo.
O resultado final - neste ou naquele formato - não melhora nem diminui as histórias, apenas são contadas de forma diferente, agradando mais este ou aquele estilo de acordo com cada leitor. Nem se poderá dizer com segurança que o estilo mais simples consuma mais páginas. Sabemos que há palavras que resumem conceitos mais alargados mas não significa que se abundantemente usadas consigam reduzir mais os testos.
Resumo em quatro os estilos com que chegam ao leitor:
. os que escrevem como se caminhassem sobre areia fina:
Escrita de aparência simplista, de leitura fácil, corrida. Até parece que o texto já existia e que o escritor se limitou a copiá-lo para livro, tão simples aparece ao leitor a exposição da narrativa.
A ação obedece a uma sequência lógica, e o leitor passeia-se pelas páginas do livro sem esforço, como se caminhasse descalço sobre arreia fina.
As palavras usadas são simples e de primeira interpretação. Exemplo: Haruki Murakami em 1Q84;
. os que escrevem como se caminhassem sobre areia grossa:
Os testos são trabalhados e remendados até ser encontrada a forma final. Nota-se que muitas páginas foram rasgadas entretanto. O discurso é menos fluido e são usadas palavras com conceitos mais concentrados. As imagens de estilo parecem tiradas de um caderno de ‘não se esqueça’. Exemplo: Carlos Ruiz Zafón, em Marina;
. os que escrevem como se caminhassem sobre pedras:
São usadas palavras com conceitos mais concentrados ainda, obrigando a presença do dicionário ou leitores já ‘formados’. O escritor saltita, recua e entrecorta a ação obrigando a uma atenção redobrada para o acompanhar. Exemplo: José Saramago, em O Memorial do Convento;
. os que escrevem como se caminhassem numa montanha:
Ensaio. Leitura acessível a menos gente, quase só para académicos. O Escritor não fica preso ao formato de romance ou poesia, antes percorre todos os estilos e formatos, incluindo histórias que se cruzam no tempo. Exemplo: Humberto Eco, em O Pêndulo de Foucault;
Quanto a este livro de CRZ, Marina: não fiquei convencido. Por curiosidade fui ver um pouco da sua bibliografia. Tem poucos romances publicados o que pode justificar a necessidade de um maior treino nesta área do romance. Porém, e quanto a este livro, sempre direi que é quase agradável, veiculando uma história algo interessante e razoavelmente bem escrito. A sua leitura obriga a alguma atenção; bonitas figuras de estilo.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
1Q84, from Haruki Marukami, Livro 3º
Estamos perante um escritor de uma enorme e invulgar envergadura intelectual.
Não era em vão que este ano era apontado como o mais sério candidato ao Nobel.
Possui um tal conhecimento do seu país, do mundo, do ser humano, da vida, que se permite ficcioná-los ou surrealizá-los.
Opinar sobre ele é um exercício de alto risco e obriga a pôr de lado alguns pruridos. ‘Scope’, é necessário algum scope para o abordar.
Lê-lo é uma oportunidade estimulante, um passatempo envolvente e gratificante.
Caminhar com ele ao longo da história ficcionada é percorrer agradáveis caminhos desconhecidos.
Como quem caminha numa autoestrada e tem necessidade de fazer incursões laterais para reabastecimento, assim se movimenta HM para enriquecer mais e mais a história com episódios complementares. Sai muitas vezes (e ainda bem) da dita autoestrada principal para percorrer outras vias, enriquecendo assim e muito o núcleo da história. Só que por vezes demora a regressar ao eixo principal perdendo-se em pormenores dispensáveis. “Vou ali e já volto”, mas demora-se …
Sublinho o bom uso das originais, imaginativas todavia apropriadas imagens de estilo que tão bem rendilham a ideia central.
Contrariamente ao que em geral se observa na maioria dos escritores que aceleram a ação à mediada que se aproximam do final, HM não tem essa preocupação e até surpreende exatamente por ser diferente. Desacelera mesmo à medida que se aproxima do final. O interessante para ele parece não ser o fim mas o meio até lá chegar. Chegar à lua não é importante, importante é o todo trabalho que há para lá chegar.
domingo, 28 de outubro de 2012
MyHeritage / Rubem
Prezado Senhor
Foi com alguma estupefação, ceticismo e algum receio vírico que abri este seu e-mail. Quem será que bate à porta? Desde logo porque o único Ruben que constava na minha base de dados pertencia a um tal Ruben_10 (10 anos). Este '0088 ' (88anos) parecia-me impossível pertencer à mesma pessoa. Não fora a foto que em boa hora fez o favor de anexar (a da sua esposa) e que de imediato me linkou para sua pessoa, continuaria na minha espessa dúvida. Bem haja pois pela lembrança que teve e que resolveu meu aflitivo enigma.
Contudo uma outra preocupação nasceu em mim: porquê às 02:20 da manhã!? Daqui e agora fervorosamente lhe peço que doravante (?) não se ocupe mais com a minha pessoa a tais adiantadas horas. Porém e mais uma vez a chave foi o mesmo anexo: a estas horas só podia estar (ou esteve) com a sua eleita esposa. Fiquei bem mais descansado por concluir que as razões de tão adiantada hora eram outras. Ainda bem, é de Macho!, o que de resto muito honra, porque perpetua, a sua ascendência de alta linhagem e machesa.
Quanto à sua expressa vontade de ver incluída no MyHeritage também o ramo de sua bonita e dileta esposa, please be advised, de que de imediato acionarei os procedimentos aconselhados tendentes a ver facilitados os vossos acessos e, assim, poderem dar boa continuidade a mais esse ramo da sua nova e futura família que em si e em sua esposa começam e que virão enriquecer esta árvore genealógica com novos e valiosos frutos.
Devolvo renovados os votos de um resto, agora já pouco, bom fim de semana, feliz por me ter sido concedida mais uma hora, que contabilisticamente aproveitei para levar à conta do descanso.
Termino também com os mais escarafunchosos cumprimentos,
António de Magalhães
(escrito com as regras do novo acordo ortográfico, ou nem tanto)
-------------------------------------------------------------------------------
Caríssimo António Maria de Magalhaes:
venho por este meio comunicar a sua excelencia que este do qual lhe escrevo é o meu novo endereço electrónico, sendo que o hotmail já se encontra desactualizado, desde já lhe peço desculpa por possiveis incómodos causados, nomeadamente o extravio de mensagens. deste modo, tenho que lhe pedir que me reenvie o convite para o myheritage, para que possa actualizar tanto os meus dados como os da minha dileta esposa. de qualquer maneira, segue em anexo uma fotografia da acima mencionada para qualquer eventualidade.
sem mais a acrescentar, resta-me deixar os votos de um bom fim de semana.
cumprimentos escarafunchosos
ruben santos
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
"Em democracia Portugal nunca conseguirá controlar a despesa"
João César das Neves
22 Outubro 2012
Jornal de Negócios
[...] E qual é a razão? O poder político dos grupos à volta do Estado é maior que o poder político dos contribuintes. Quem recebe está mais perto do que quem paga e isso faz toda a diferença. Não é abuso e corrupção (que há mas não chega para isto). São muitas pessoas boas que vivem à custa do Estado [...]
[...] No caso actual, foi o Tribunal Constitucional que desgraçou o país, porque ao impedir o corte de salários e pensões, que representam 70% da despesa, obrigou a subir impostos, o que estrangula a economia, que é quem paga os salários e pensões [...]
[...] E qual é a razão? O poder político dos grupos à volta do Estado é maior que o poder político dos contribuintes. Quem recebe está mais perto do que quem paga e isso faz toda a diferença. Não é abuso e corrupção (que há mas não chega para isto). São muitas pessoas boas que vivem à custa do Estado [...]
[...] No caso actual, foi o Tribunal Constitucional que desgraçou o país, porque ao impedir o corte de salários e pensões, que representam 70% da despesa, obrigou a subir impostos, o que estrangula a economia, que é quem paga os salários e pensões [...]
terça-feira, 16 de outubro de 2012
"Rio das Flores", de Miguel Sousa Tavares
Até parece que, através deste livro, MST quer associar-se a todos aqueles que ainda hoje sentem necessidade de exorcizar a era Salazar ou, também, associar-se à necessidade de uma certa catarse nacional dessa época.
A história descrita neste romance histórico decorre na primeira metade do século XX, com enfoque especial nos anos 1936/1945, incorporando episódios e fatos da guerra civil espanhola e da II guerra mundial e o comportamento de Portugal, chefiado por Salazar, perante elas.
Os fatos, os episódios aqui recordados são, em geral, já conhecidos mas, acrescento, nunca será demais avivá-los, trazê-los à luz do dia, repassá-los às novas gerações como testemunho do que foram esses terríveis anos, inculcando-lhes o custo e o gosto pela liberdade, pela democracia e pela paz.
A Europa (e o mundo ocidental em geral) tem hoje a posição cimeira de que se orgulham porque aprendeu com os erros do passado, com muito sangue, a implementar soluções coletivas duradoiras, e alicerçadas nos grandes e, então, novos valores morais, principalmente o que mais faltava: a paz. Foi somente a partir da segunda guerra, recorda-se, que se acabou com a banalização da morte. O valor da vida humana, e não só, foi a partir daí muito mais respeitado e conseguido. Nunca mais houve tantas arbitrariedades e mortes.
É comum aceitar-se o número de 45,000,000 de mortos na II guerra mundial e entre 330/450 mil em Espanha.
Há mais de 65 anos que há paz na Europa.
Os principais valores que há mais de 150 anos vingaram na Revolução Francesa (1789: Liberté, Egalité, Fraternité) e que rapidamente se espalharam pelo mundo civilizado, foram ideias força importantes que informaram positivamente a gestão das sociedades futuras. Faltava o maior deles: a paz. A Europa e o mundo, contudo, não estavam nessa altura ainda preparados para dar esse grande passo, o passo para a paz. Só depois da catástrofe da II guerra é que foi possível agregar países para essa causa.
Quanto ao romance ficou um pouco aquém das minhas expectativas. Lê-se com facilidade. Escrito com laivos Queirosianos, peca porém por falta de adrenalina, aquela substância que anima a alma e que aqui não é ativada no leitor, concretamente nos primeiros 2/3 do livro; no último terço redime-se um pouco.
A leitura decorre lenta mas gostosa a um nível chão, como bem terreno é todo o cenário da narrativa.
Viagem romantizada ao século XX, até ao final da II guerra, com enfoque bastante detalhado nos incontornáveis e odiáveis ditadores reinantes nessa altura. De Salazar a Hitler, passando por Mussolini, Engelbert Dollfuss, Franco, Getúlio Vargas – personagens por quem MST nutre um especial ódio de estimação e contra quem verte seu imenso fel.
No último terço do livro encontra-se uma ou outra página particularmente vibrante e acordatória, concretamente o curto discurso de Pedro para com o irmão Diogo após o regresso daquele da guerra civil espanhola para onde se voluntariou pela defesa das suas causas.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
UE critica reposição de subsídios: função pública ganha mais 20%
Agência Financeira
2012-10-11
[…] A Comissão Europeia critica, no relatório da quinta avaliação da troika ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PEF), a decisão do Tribunal Constitucional, de chumbar o corte de subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos, alegando que, mesmo com esse corte, os trabalhadores do Estado continuam a ganhar cerca de 20% mais que os trabalhadores do privado. […]
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
...do livro ‘Rio das Flores’, de Miguel Sousa Tavares
… excerto do livro ‘Rio das Flores’, de Miguel Sousa Tavares, sobre a guerra civil espanhola, 1936/1939:
“Mas o preço cobrado por Estaline à República Espanhola foi ainda mais alto. A pretexto de que os nacionalistas poderiam tomar Madrid em qualquer momento, logo em Setembro, ainda os nacionalistas não estavam à vista de Madrid, Alexander Orlov (aliás, Nikolsky), o chefe do NKVD enviado por Moscovo, convenceu o ministro das Finanças, Negrín, e o primeiro-ministro, Largo Caballero, a enviarem a reserva de ouro do Estado espanhol (a quarta maior do mundo) para um “local seguro”. Esse local, que estes três homens sabiam onde ficava… era Moscovo. Aí chegado, após uma audaciosa operação montada por Orlov, os “camaradas” soviéticos fizeram logo saber qual o preço a pagar: dos 800.000 dólares que, a preços de 1936, valiam os lingotes de ouro, 80.000 eram logo debitados pelo transporte para Moscovo, 70.000 pela embalagem e armazenamento, e 170.000 ao ano pela sua guarda nos cofres do Kremlin. O restante era abatido ao preço da “ajuda” enviada. Contas feitas, depois de se ter despojado da maior riqueza do país e sua grande fonte de financiamento para o esforço de guerra, a República espanhola via-se, ao fim de dois anos, já na situação de devedora à URSS de milhões de dólares.”
domingo, 30 de setembro de 2012
Parabéns
Alteza,
Estes seus súbditos receberam com especial satisfação e agrado o convite para as comemorações do seu tão esperado 4° aniversário.
Por sabermos tratar-se de uma data especialmente importante e bonita, aceitamos orgulhosos tão distinto e Real convite, prometendo empenho, no que estiver ao n/ alcance, para não desmerecermos tanta honra.
Estamos certos que toda a Vossa Família Real estará presente, incluindo o Príncipe - também herdeiro - Simão Marques, o que muito dignificará o evento.
Toda a Corte, com os seus trajes de gala, abrilhantará toda a cerimónia, e presentear-vos-á com o que de melhor Vosso Reino possui, onde não faltarão gomas surpresa e ricas e lindas bonecas.
Cremos que todos os súbditos convidados prestigiarão o acontecimento e aumentarão os presentes mais do agrado de Vossa Alteza.
Aguardamos com confessada ansiedade a hora marcada - 16:00 do próximo Domingo - em que esperamos ver e oscular Vossa Alteza Real, e juntarmo-nos a todos aqueles que nesse dia viverão junto de Vossa Alteza, mais um dia feliz de suas vidas,
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Monte Santo Resort *****
1. Frequento este 5 * há já algum tempo e continuo a achar que é um bom Resort, dos melhores.
2. Desconheço as dificuldades (se é que as tem) na sua gestão, atendendo ao momento que o sector, o país e o mundo fornecedores de turismo vivem.
3. Tendo em conta estes dois pontos, os reparos que a seguir farei, são ainda e apenas de performance:
- jardins - talvez por ser final de verão, apresentam manchas degradadas e sinais evidentes de fraca manutenção;
- restaurante - percebi que é um Resort familiar com bastante presença de crianças (ainda bem) e que no restaurante (também) estão à vontade sujando muito. Para quem chega e vê o cenário é, no mínimo, desagradável. Não tenho soluções mas os técnicos de turismo devem ter;
- piscina - o chão à volta da piscina principal é escorregadio, perigoso até, e aparenta sujidade constante. Não será difícil resolver este ponto;
- Habitações - não é de todo compreensível e muito menos aceitável que o Novo Cliente seja confrontado com sofás manchados (demais) e tapetes impossíveis de serem pisados de tão sujos. O Novo Cliente quer sentir-se impecavelmente bem acolhido e ter uma estada prazenteira. Não deveria ser necessário dirigir-se à receção para correções. Também aqui penso não ser difícil resolver.
Espero ter condições para regressar, o que desejo.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Sopram novos ventos pela Europa...
Quatro grandes e importantes acontecimentos novos ocorreram na última sexta-feira 07SET’2012 na Europa, na Eurozona, a saber:
i) O BCE tomou medidas inovadoras e estruturais (finalmente) para a EuroZona (para a Europa e para o mundo em geral), que irão influenciar o nosso futuro a vários prazos;
(Fica-se apenas à espera da decisão do Tribunal Constitucional Federal alemão sobre a dotação para o FEEF/MEF, no próximo dia 12, que se espera que venha a aprovar)
ii) O grande centro de decisões deslocou-se da titubeante Alemanha para o Banco Central Europeu;
iii) Foram dados passos seguros na consolidação do euro;
iv) Abriram-se várias janelas de oportunidade para novas iniciativas.
Mario Draghi e a sua Equipa – que de resto já há algum tempo o tinham pré anunciado - apresentaram um plano inédito, conseguindo a quadratura do círculo, diria, ao acomodar interesses até agora inconciliáveis. Conseguiu, de forma hábil e naturalmente muito negociada, juntar numa mesma plataforma gregos e troianos, leia-se Alemanha, França, Países do Sul (Itália, Espanha ...), a desavinda Grã-Bretanha e, não menos importante, acalmar os famosos mercados.
As reações subsequentes foram positivas e vão no sentido da sua acreditação: os juros pedidos aos países resgatados baixaram, as ações em geral subiram, o euro valorizou, as principais commodities também (petróleo/ouro…).
iii) Foram dados passos seguros na consolidação do euro;
iv) Abriram-se várias janelas de oportunidade para novas iniciativas.
Mario Draghi e a sua Equipa – que de resto já há algum tempo o tinham pré anunciado - apresentaram um plano inédito, conseguindo a quadratura do círculo, diria, ao acomodar interesses até agora inconciliáveis. Conseguiu, de forma hábil e naturalmente muito negociada, juntar numa mesma plataforma gregos e troianos, leia-se Alemanha, França, Países do Sul (Itália, Espanha ...), a desavinda Grã-Bretanha e, não menos importante, acalmar os famosos mercados.
As reações subsequentes foram positivas e vão no sentido da sua acreditação: os juros pedidos aos países resgatados baixaram, as ações em geral subiram, o euro valorizou, as principais commodities também (petróleo/ouro…).
Evidentemente que só o futuro dirá se o que agora foi decidido foi correto, e se eram as medidas mais certas. As possíveis foram com certeza. Parece-me, desde logo, que sim. São de tal maneira abrangentes, minuciosas e envolventes (e nada generosas), que elas próprios se auto-garantem.
E os países para a elas se candidatarem têm de percorrer um enorme calvário, e submeter-se às rigorosas normas do FMI. Nada de borlas, portanto.
E os países para a elas se candidatarem têm de percorrer um enorme calvário, e submeter-se às rigorosas normas do FMI. Nada de borlas, portanto.
Foi a abundância de dinheiro inesgotável de um lado e a sua atribuição com critérios de extremo rigor por outro, que fez com que fossem bem aceites por todos. Inclusive foi introduzido um item - o da esterilização da dívida – que veio neutralizar a receosa Alemanha quanto ao descontrolo da inflação.
Parece-me, à luz dos dados que estavam disponíveis em cima da mesa, ser um plano bastante bom.
Parece-me, à luz dos dados que estavam disponíveis em cima da mesa, ser um plano bastante bom.
Esqueça-se a bondade do plano. É muito exigente e rigoroso. Os credores seguraram-se bem: emprestam sim mas querem de volta o seu dinheiro, custe o que custar.
E aos portugueses (e não só) vai custar muito. Aliás já esta a custar: veja-se o anúncio das últimas medidas do governo.
A mudança do centro do poder (ocasional?) para o BCE, foi também interessante.
Estava a tornar-se desconfortável para o resto Europa sentir-se comandada apenas pela Alemanha. O BCE agindo, como parece, como mais um poder, não só dessacraliza o poder único (alemão) como funciona como contrapoder, impondo mais equilíbrios. Os diversos poderes de Bruxelas não tinham conseguido até agora desempenhar esses papéis de contrapoder. Estavam submersos pelo alemão.
Respira-se melhor agora.
Por outro lado e bem importante, a Europa começa finalmente a dar passos conjuntos, a funcionar como um bloco. Foram dados os primeiros passos para a assunção de compromissos mútuos que os amarram – como siameses - por muitos anos, tornando o projeto Europeu irreversível.
Respira-se melhor agora.
Por outro lado e bem importante, a Europa começa finalmente a dar passos conjuntos, a funcionar como um bloco. Foram dados os primeiros passos para a assunção de compromissos mútuos que os amarram – como siameses - por muitos anos, tornando o projeto Europeu irreversível.
Finalmente.
Tem ainda outras consequências, importantes também: com a aprovação e aceitação deste plano abrem-se várias oportunidades para que outros importantes itens meio adormecidos até agora possam avançar, como por exemplo a harmonização bancária e Federação de Estados.
A ver vamos.
Post Scriptum:
O Tribunal alemão já se pronunciou, autorizando, com algumas condições, nomeadamente impondo uma contribuição máxima da Alemanha para o fundo: 190 MM (dos 700MM).
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Os Portugueses, de Barry Hatton
Escolho a palavra 'interessante' para definir sucintamente esta abordagem aos 'Os Portugueses'.
Sabe a tributo prestado pelo seu autor ao país que tão bem (no seu dizer) o acolheu e pelo qual (no seu dizer também) se apaixonou.
Barry Hatton, correspondente estrangeiro, inglês, a viver em Portugal há mais de 25 anos, enamorou-se pela nossa história, pelas nossas gentes, pelos nossos usos e costumes, por nós.
Embora tenha sido convidado para trabalhar noutras geografias, a todos respondeu com um não por não ter conseguido separar-se desse amor. Amor que muitas vezes não percebe (mas que faz um enorme esforço para entender) e de que é incapaz de fugir. Amor conflituoso, quase amor/ódio, com altos e baixos, avanços e recuos, incompreensões, hesitações, perturbações: amor.
De um ponto de observação mais distante, mais isento - com um olhar inglês -, sem grandes pretensões, ambições literárias, sociológicas ou de fundamentação histórica excessiva, preocupou-se em selecionar os factos que terão influenciado, justificado ou explicado o nosso percurso coletivo, desde a fundação de Portugal até aos nossos dias.
Não é frequente encontrar alguém, de fora, que se deixe entusiasmar, de forma tão abrangente e empenhada e aceitar fazer uma viagem voluntária e entusiasmada pela nossa história, principalmente se feita a partir do coração; isto é, não olhando em primeira mão a proventos financeiros mas mais a impulsos afetivos, de autojustificação e de inquietação e à necessidade compulsiva de expressar publicamente tais afetos, preocupações ou admirações.
Conseguiu condensar as suas interessantes – algumas para nós esmagadoras - conclusões num pequeno livro de fácil leitura que atrai, interessa e prende o leitor.
Optando pelo formato de puzzle, consegue através das suas inúmeras peças retratar e interrogar não só a nossa história, como os nossos usos e costumes.
Consegue colocar-nos em frente do espelho da nossa história.
É verdade que na maior parte do relato nos pincela com tintas bem sombrias, e o quadro final aparece bastante escuro, mas em muitos casos está aceitavelmente pintado, por muito que nos custe e até por vezes doa. Na parte final a tonalidade melhora deliberadamente bastante e as cores mais garridas também têm lugar.
Acredito que poucos portugueses comprassem tal quadro e muitos menos o mantivessem exposto nas suas casas.
Convenhamos que os fatos revelados e relevados não vão muito para além daqueles que são mais do conhecimento dos portugueses em geral mas mesmo assim fá-lo com seriedade intelectual, embora tomando partido aqui e além. Cede num ou noutro ponto em particular nos usos e costumes. ‘Foi uma refeição memorável’, disse no final de um abundante e bem regado almoço tradicional de matança do porco.
Fica-nos a impressão que terá já admitido a hipótese de se naturalizar português.
(se tivesse sonoramente arrotado e, já agora, palitado os poucos dentes exibindo orgulhosamente a unha enorme do dedo mindinho, limpando o farfalhudo bigode e a bem oleada e lustrosa boca às costas da mão gorda e peluda enquanto com a outra coçava as partes, trilhadas de uma tarde de imóvel sonolência, alternando com suaves, atenciosos e promissores beliscões na sua Maria, passaria seguramente e com distinção no teste de novo cidadão português e faria inveja a muitos, 'ditos', portugueses...)
Fica-nos a impressão que terá já admitido a hipótese de se naturalizar português.
(se tivesse sonoramente arrotado e, já agora, palitado os poucos dentes exibindo orgulhosamente a unha enorme do dedo mindinho, limpando o farfalhudo bigode e a bem oleada e lustrosa boca às costas da mão gorda e peluda enquanto com a outra coçava as partes, trilhadas de uma tarde de imóvel sonolência, alternando com suaves, atenciosos e promissores beliscões na sua Maria, passaria seguramente e com distinção no teste de novo cidadão português e faria inveja a muitos, 'ditos', portugueses...)
Quase livro de bolso ou pequeno compêndio de consulta primária e muito acessível.
Não se trata de uma tese sobre a história de Portugal mas tão só de um repositório de lugares mais comuns, de fatos históricos mais relevantes e conhecidos, e que mais o terão sensibilizado.
Mais uma nota, também testemunho pessoal:
Já por duas vezes estive ausente de Portugal - dois anos numa primeira vez e quase um ano na segunda: em 1972/74 e 2000/01. Digo ausente apenas, pois a vontade de regressar esteve sempre sentimental e irremediavelmente presente. Apesar de saber que viver em Portugal é, muitas vezes, viver no fio da navalha, nunca tal porém foi motivo suficiente para abandonar de vez o torrão de origem.
Quando de regresso de ausência mais prolongada começamos a sobrevoar Lisboa, a ver os inconfundíveis telhados coloridos da capital - únicos - entrecortados pelo verde intenso das nossas árvores; a retilínea, imponente e quase majestática ponte sobre o Tejo; a acolhedora estátua de Cristo Rei que, como uma mãe, nos recebe com os seus longos braços abertos; o extenso prateado e suave lençol d'água a separar as duas margens; Almada; as colinas de Lisboa; a zona ribeirinha; Belém, com o seu emblemático monumento aos descobrimentos; a luz do dia portuguesa; o estádio do Benfica, fazendo o conjunto lembrar um vivo e perene presépio laboriosamente trabalhado..., os batimentos cardíacos aceleram de repente e o Home, Sweet Home invade e enche a nossa alma faminta. Uma paz serena toma então conta de nós. Repisar as plataformas do aeroporto é como entrar portas adentro da nossa própria casa com um resgatado e saudoso 'cheguei'.
É ser português, carago!
É ser português, carago!
terça-feira, 10 de julho de 2012
...do livro "Os Portugueses", from Barry Hatton
(...)Desiludidos de qualquer ideia de que uma longa amizade pudesse contrabalançar os interesses da Grã-Bretanha, os portugueses perceberam, a meio do caminho da Primeira Grande Guerra, que deveriam ignorar o pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico para que se mantivessem neutros. O governo português reconheceu que o resultado do conflito ditaria a arquitectura do poder do pós-guerra em, pelo menos, dois continentes. Percebeu, também, que, para manter qualquer esperança de conservar os seus territórios africanos, precisaria de ter assento na mesa das negociações do pós-guerra. E, para o conseguir, precisaria de ser um dos combatentes. Portugal provocou a Alemanha para que lhe declarasse guerra em 1916, ao apresar barcos alemães e austríacos que tinha impedido de sair, a pedido da Grã-Bretanha, do porto de Lisboa. Portugal enviou então duas divisões de infantaria, somando 55.000 homens mal armados, para as trincheiras da Frente Ocidental, em 1917. (...)
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Sub. Férias/Natal e o Tribunal Constitucional.
O Monstro |
Tenho para mim que o princípio da igualdade entre os cidadãos de um qualquer país é um bem em si mesmo por ser um elemento aglutinador e estabilizador da sã convivência entre os povos, que deve ser incrementado, cultivado e perseguido por todos, principalmente pela classe política e de sobremaneira pelos dirigentes em exercício.
É uma bandeira a hastear bem alto e motivo de orgulho para qualquer sociedade moderna.
Em Portugal e depois do 25 de Abril de '74, mercê de circunstâncias várias mas sobretudo pela dinâmica sindical de ambas as grandes associações, a CGTP e a UGT, houve um setor para quem os privilégios sociais e salariais se distanciaram: o setor público. Este setor alimentou as centrais sindicais e as centrais sindicais nele se ancoraram para se autojustificarem e sobreviverem.
Em resultado desta cúmplice convivência e dependência mútuas, o setor cresceu, engordou, também com o argumento político de que eram especiais e credores do respeito dos outros, dos privados. Eram especiais (Marcelo Rebelo de Sousa, in tv, dixit).
Conseguiram consagrar essa diferenciação consubstanciando-a em sucessivas e significativas regalias e nos salários contratuais das suas respectivas empresas (ver exemplos na TAP, TV, CP, GALP, CTT, EDP, PT, AdP, CGD, BdP ...).
No final de 2011 essa distância quantificava-se entre 10/15% a seu favor (Pedro Passos Coelho, ao JN, dixit).
A juntar a estes dois confortáveis e desmesurados privilégios soma-se um terceiro de décadas e não menos importante: não podem ser despedidos.
* Nesta data o setor privado tem 819.000 desempregado
* O setor público emprega 608.000 pessoas (não investiguei se neste número estão incluídas as das autarquias)
Também com base nesse argumento, ele (PPC) que vinha do setor privado, quando teve a oportunidade ou necessidade, ambicionou estoica e finalmente encurtar essa distância tirando-lhes os subsídios de férias e Natal.
... Com quem ele se foi meter!
Sabe-se que esses dois subsídios tinham um impacto de 14,3 % nos seus salários anuais.
Com o mesmo pau PPC matava três questões: reduzia a diferença salarial entre os dois sectores (igualdade relativa), resolvia a questão do deficit e semeava mais justiça na sociedade.
A FP é uma máquina (famosa máquina do estado, o monstro); os privados são a energia que a alimenta.
A FP é uma máquina (famosa máquina do estado, o monstro); os privados são a energia que a alimenta.
É também a maior das corporações, bem organizada, organizada tentacularmente, com fortes lóbis presentes em todo o lado.
Os Juízes do Tribunal Constitucional, também eles nomeados politicamente, também eles funcionários públicos (o resultado da votação teria sido bem diferente, estou certo, se na sua composição estivessem privados) quais chefes de fila, da grande fila dos funcionários públicos, numa proporção de nove para três, e com todo o seu definitivo poder, vieram sentenciar que a lei que permitia o corte de ambos os subsídios apenas à FP era inconstitucional, por não salvaguardar o princípio da equidade fiscal.
Anularam assim todo o trabalho que PPC tinha tentado.
Voltamos pois ao ponto de partida ao restabelecer-se a diferenciação negativa e os privilégios desse setor.
Obviamente que a etapa seguinte será a de incluir os privados nas medidas necessárias para cobrir o deficit, restando apenas conhecer-lhes as proporções.
Fica também e ainda uma bota para descalçar: a eliminação dos quatro feriados. Não esquecer que a sua eliminação era a medida compensatória e equivalente para os privados...
A ver vamos.
* Meu sogro, homem simples mas de abrangente e sólida cultura de vida, dizia, reforçando uma ideia generalizada:
"O estado é um grande patrão".
"O estado é um grande patrão".
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Cimeira da UE, 29JUN'2012
A avaliar pela primeira flor de sal colhida nas i)opiniões publicadas em geral na imprensa nacional e estrangeira no final da Cimeira da UE de hoje, juntando-lhe a ii)reação das praças de Wall Street e Ásia em alta, a iii)subida das principais commodities: petróleo/ouro/prata/cobre e ainda a iv)valorização do euro contra o dólar, poder-se-ia fácil e precipitadamente concluir que o resultado desta cimeira tinha sido um sucesso.
A curto-médio/prazo veremos que não.
A agenda para a reunião que tinha sido sucessivamente reescrita, foi completa e inopinadamente esquecida a favor de um único ponto: socorrer rapidamente a Itália e a Espanha.
Essa questão sim, pelo que se soube, foi decisivamente importante.
Monti e Rajoy, pressionadíssimos pela urgência de acalmar os mercados na reabertura de segunda-feira, tentando assim que eles não lhes fechassem as portas e a juros razoáveis, bloquearam a evolução da reunião até à chantagem, 'obrigando' os outros a votar o seu único ponto: mais dinheiro já.
Todos os outros, incluindo a Alemanha de Angela Merkel, cederam.
Foi então inventada uma nova fórmula de engenharia financeira para que os famosos mercados lhe fechassem os olhos e não a incorporassem como item de avaliação.
Neste sentido e no imediato ganharam a Itália e Espanha, e por simpatia os outros PiiGS e outros futuros previsíveis necessitados também. As teses alemãs foram abatidas por este KO de urgência, tornado exigência de última hora ou então adiadas sine die (?).
Hoje, excecionalmente, o centro de gravidade das decisões deixou de ter como epicentro a Alemanha e a França, e deslocou-se para os países do Sul.
Até parece que a democracia na UE está a funcionar...
É minha convicção que, e mais uma vez, vai jorrar dinheiro para cima dos problemas e, por via disso, é possível que durante algum tempo os mercados não ataquem (deixa-os poisar, numa versão mais vernácula), sem que, contudo, as questões estruturais, onde se poderia começar a erguer com alguma solidez o futuro da UE, sejam analisadas, submetidas a consenso e aprovadas.
Mais uma oportunidade desperdiçada, portanto.
Quanto a mim a agenda alemã fazia sentido e era plena de oportunidade. Poder-se-ia ter encontrado uma solução que fosse um mix de ambas, incorporando pois os pontos, alguns pelo menos, da agenda alemã. Não só para que Merkel não saísse humilhada como, principalmente, porque há questões que ela põe que são fundacionais de uma futura e desejável UE.
Quanto a mim a agenda alemã fazia sentido e era plena de oportunidade. Poder-se-ia ter encontrado uma solução que fosse um mix de ambas, incorporando pois os pontos, alguns pelo menos, da agenda alemã. Não só para que Merkel não saísse humilhada como, principalmente, porque há questões que ela põe que são fundacionais de uma futura e desejável UE.
A Alemanha embora jogando este 'jogo' de xadrez com o mesmo número de peças, fá-lo porém num tabuleiro muito maior, de gigantescas proporções. Não se sabe ao certo (e não sei se a própria Alemanha o saberá), que jogada fará a seguir?, quando a fará?, se terá trunfos escondidos?, que trunfos serão esses?, ou se estará a pensar em aplicar um xeque-mate? Sabemos sim que estamos a ver um jogo entre o FCP/Passarinhos da Ribeira, em que o FCP fatalmente vencerá sempre.
Convém ter presente, sempre, essa capacidade alemã.
(Claro que os Passarinhos da Ribeira gostam de jogar na liga primo-divisionária; só que para lá se aguentarem têm de ativar esforços sobre-humanos, calçarem as chuteiras todos os dias, e trabalhar muito, muito mesmo para compensar o delay que os separam dos grandes. O FCP vai lucrando com eles, vendendo-lhes algumas oportunidades, jogadores e logísticas; e os Passarinhos recebem algum dinheiro dos direitos televisivos e vão-se empenhando mais e mais para tentar manter a cabeça de fora)
Sabe-se agora (ver Blog 'comunidades' do JNeg) que no início da crise, em 2008, os gregos deviam à Alemanha à volta de 700 mm€. Sabe-se agora também que essa dívida alemã já está no BCE(!?). Já não é dívida só alemã(!).
Chegados aqui lembra-se, sugerindo-se, a leitura atenta da crónica de PSG do JNeg, 29Jun, em que especula(?) escrevendo: 'E se a Alemanha estiver a preparar a saída do euro?...'
quinta-feira, 28 de junho de 2012
A insustentável leveza do parecer!
Percebe-se os fundamentos da Alemanha na recusa intransigente dos Eurobonds. Angela Merkel tem sido implacável: não, não e não. Para já. Pretende primeiro, de diversas formas e em múltiplos setores, assegurar o controlo da situação, na perspetiva Alemã, claro; quer ver rigor orçamental nos diferentes países; quer ver convergência bancária com supervisão centralizada em Bruxelas (União Económica e Monetária)...
Depois de tudo isto afinado e a funcionar, aí sim, autorizará os tão desejados(?) Eurobonds. Não se trata pois de uma questão de princípio mas de estratégia. Excecionalmente poderá vir a ceder mais cedo na questão das garantias dos depósitos, mas parcialmente.
Do outro lado temos os mercados que não dão tréguas. Não querem saber dos timings da Sra. Merkel, nem de ninguém; estão lá para ganhar dinheiro, muito dinheiro, e até, de alguma maneira, agradecem esta confusão: tem engordado muito à sua custa. Quem lhes tem garantido altas rentabilidades? Justamente os PiiGS, os mais aflitos quando pagam taxas elevadas. Portanto quanto maior for a crise maior serão as taxas e consequentemente mais lucros. Não querem saber se são países pobres ou ricos, grandes ou pequenos ou qual a sua latitude. Querem dinheiro, ponto. Atuam muitas vezes através de fundos (muitos deles soberanos também) invisíveis, despersonalizados, desumanizados, geridos por imberbes e ricos yuppies habituados a ganhar dinheiro fácil.
Convém aqui lembrar que, não obstante, atuam na legalidade, dentro do sistema, o nosso, o capitalista. Não são pois extraterrestres que comandam os nossos destinos: são terráqueos como nós e que o nosso sistema permite.
A questão que se põe à UE, aos seus dirigentes, a todos nós, é a de saber se as difíceis (há que reconhecê-lo) decisões a tomar ainda vão a tempo de inverter o sentido da marcha dos acontecimentos? Se os nossos dirigentes europeus estão a controlar os tempos de reação dos ditos mercados?, mais implacáveis que Angel Merkel. Obviamente que eles (mercados) mandam e comandam, disso não há dúvida. Não se trata da corrida do gato e do rato, em que os ratos somos nós; trata-se de tentar inverter esses papéis. Devíamos ser nós os gatos, mas não está fácil. Deixamo-nos cair demasiado! Os nossos dirigentes têm tido um comportamento reativo, correndo sempre atrás do prejuízo, não tendo sido capazes, até agora, de pro-atividade, de antecipação.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
1Q84(2) - Haruki Murakami(HM)
Este segundo livro a que HM se propôs para continuar a ficcionar a história iniciada no primeiro volume, vem em tudo na mesma sequência e superior narrativa e decorre sem surpresas; perfeito. Não para de surpreender e entusiasmar o leitor.
Contém igualmente páginas de rara e soberba subtileza, apenas ao alcance de poucos escritores.
As cenas íntimas de Tengo/Fuka-Eri ou Aomane/Ayumi são hinos à sensibilidade.
Sublinha-se a capacidade fina e grandiloquente com que expõe estas facetas do comportamento humano.
Todavia, aqui e além, quando entra em terrenos metafísicos exagera um pouco na dose indo para além do aceitável. Aprecio a aptidão de alguém quando é capaz de nos transportar para essas viagens; gosto, de quando em vez, levitar um pouco e entrar em ambientes irracionais; o ponto aqui é a sua dose e justificação.
HM gosta de voar e principalmente planar, mas às vezes esquece-se e fica lá em cima tempo de mais. E o leitor à espera…
Por mais denso que seja o tema abordado, tal como os mosquitos que passam intatos pela chuva, também HM consegue passar por essas grossas gotas e, com destreza sagaz, leva-nos incólumes com ele. E nós vamos.
A palavra ao serviço das ideias.
Um bom passatempo.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Fracasso do euro seria desastre para economia alemã
Domingo, 24 de junho de 2012
A revista "Der Spiegel" revela hoje um documento do Governo alemão que calcula os possíveis efeitos a nível macroeconómico do desaparecimento do euro à luz da atual crise das dívidas soberanas.
"Os países que sofreriam maiores desequilíbrios seriam precisamente os que estão a ser mais afetados pela crise das dívidas soberanas: Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália"
"Comparando com esse cenário de rotura da zona euro, qualquer resgate parece um mal menor"
"As estimativas para a maior economia europeia indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) cairia quase 10% no primeiro ano com uma nova moeda nacional e o desemprego atingiria cinco milhões de pessoas"
"As estimativas para a economia espanhola apontam para uma taxa de desemprego de 26,7% e o PIB recuaria 11%"
Depois disto, digo eu, a Alemanha, para seu próprio bem, não pode mais continuar a tratar do problema Europeu com tanta hesitação. O tempo corre veloz e começa a escassear. A ampulheta está a ficar vazia. Se acha que para prosseguir o projeto europeu quer ver primeiro aceites e implementadas por todos os outros 26 (16) as medidas que julga indispensáveis, tem de se impor de forma determinante na próxima reunião de 29 de Junho. Não acredito muito nisso – embora considerando que há melhores condições geopolíticas para o fazer –.
Acho que chegou a hora das grandes decisões.
Amanhã pode ser tarde.
"Os países que sofreriam maiores desequilíbrios seriam precisamente os que estão a ser mais afetados pela crise das dívidas soberanas: Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália"
"Comparando com esse cenário de rotura da zona euro, qualquer resgate parece um mal menor"
"As estimativas para a maior economia europeia indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) cairia quase 10% no primeiro ano com uma nova moeda nacional e o desemprego atingiria cinco milhões de pessoas"
"As estimativas para a economia espanhola apontam para uma taxa de desemprego de 26,7% e o PIB recuaria 11%"
Depois disto, digo eu, a Alemanha, para seu próprio bem, não pode mais continuar a tratar do problema Europeu com tanta hesitação. O tempo corre veloz e começa a escassear. A ampulheta está a ficar vazia. Se acha que para prosseguir o projeto europeu quer ver primeiro aceites e implementadas por todos os outros 26 (16) as medidas que julga indispensáveis, tem de se impor de forma determinante na próxima reunião de 29 de Junho. Não acredito muito nisso – embora considerando que há melhores condições geopolíticas para o fazer –.
Acho que chegou a hora das grandes decisões.
Amanhã pode ser tarde.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Mini(?)-Cimeira de Roma
Uma cimeira entre os quatro grandes países que compõem a Eurozona (com a Grã-Bretanha ficaria perfeito), é em si mesma notícia e boa notícia. Quando no final se anunciam convergências de opiniões e decisões, ainda melhor. Até agora, toda a Eurozona estava incomodada por se sentir tutelada apenas pela França e Alemanha; era um motor de 27 cilindros a trabalhar apenas em dois. Com o agudizar da crise em Espanha e Itália, foram estes também (finalmente) chamados para o centro de decisões. Ainda bem. Assim as decisões começam a ser mais democráticas, mais representativas; de alguma forma sentimo-nos mais presentes. Evidentemente que a presença de todos os outros seria francamente mais democrático mas, não sejamos ingénuos, os grandes não os querem lá: só atrapalham, pensam; participarão sim quando as grandes diretrizes estiverem assumidas pelos grandes.
Com dinheiro dos privados e do resultante das restruturações dos orçamentos dos diversos países, ficou decidido injetarem 130 mil milhões de euros (1% do PIB da UE) nas economias da U.E. A pressão para a tomada desta ação, a começar em François Hollande, foi grande e não houve como escapar-lhe, incluindo a renitente Angela Merkel.
Aparentemente todos os países ficaram contentes.
De facto o problema social, as pessoas - a começar pelas dos PiiGS - já estavam a viver mal, muito mal. Havia pois que encontrar dinheiro para lhes minimizar as angústias e sofrimentos, fosse qual fosse o baú onde tivessem de o ir procurar. As pessoas em primeiro. Nisso a Europa é única.
Terá sido uma boa solução?, oportuna?, a melhor? Tenho sérias e fundamentadas razões para duvidar.
Quem, com são conhecimento ou poderes premonitórios, poderá responder?! Convém lembrar que o método foi o já usado no passado recente, de que todos nos lembramos, tendo produzido os resultados que sabemos. Deitar dinheiro para cima dos problemas apenas os esconde, não os resolve. Aí a Alemanha tinha e tem razão: arrumem-se primeiro as casas - restruturações, reformas - e só depois o dinheiro, os Eurobonds ou outros.
Ora as casas ainda não estão arranjadas, longe disso.
Nota:
As populações destes países, incluindo a Grã-Bretanha, somam 311 milhões de pessoas.
O total da U.E., rondará os 500 milhões.
Subscrever:
Mensagens (Atom)