segunda-feira, 30 de novembro de 2020

18 Anos! Parabéns, Carlota



18! Anos!

Se ainda os não tenho: gostava de os ter; se já os não tenho: óh, como gostava de tê-los.

… o que se diz por aí!


E tu chegaste a eles num lento caminhar, dirás tu; depressa demais, dirão outros. Mas chegaste bem. Muito bem mesmo. Até parece que até agora foste selecionando criteriosamente os melhores ADNs que encontraste para obter deles este resultado: uma Mulher linda, em posse de tudo o que se ambiciona ter aos 18.

Parabéns por isso.


Aos 18 não é tempo ainda de muito mais. É, sim, tempo de respirar a plenos pulmões o lado simples e poderoso que os dias oferecem.


Chegou a tua vez de ser Dona e Senhora dos tão sonhados 18. Senhora no sentido proprietária e autónoma e não tanto no sentido adulto. Mas estás uma Senhora, embora te assente melhor Senhorinha. Para mim, Menina. Sempre.


Chegaste à Idade Diamante, em que todas as faces reluzentes ofuscam de brilho tudo e todos. Não que dele precises mas já que o exibes deixa que ele brilhe em ti. Nós, ao teu redor, gostamos de te ver assim. Provavelmente, a idade que mais recordarás mais lá para a frente. Vive-a, então, no máximo que os bons ADNs permitem.


É a Idade certa, também, de despedir definitivamente as fadas - a da varinha mágica e a da vassoura voadora - melhor dito, de trajá-las com outras roupagens. As que até agora lhes vestiste são coloridas, reluzentes: uma beleza. E porque não alindá-las doravante com a mesma inspiração? E porque não manter, reeditados, os contos que elas contam?


Um dia destes, também quererás abandonar a janelinha protetora do palácio de onde sonhavas tudo à distância e atravessar corajosamente a ponte levadiça rumo ao novo mundo, ao autêntico. Vais ver que do outro lado há coisas giras, que te entusiasmarão muito mais.


Ao imberbe Príncipe Encantado, ao som de cujas melodias de trovador dedicado adormeceste tantas noites, começarão a crescer uns pelitos desgrenhados e se transformará em Perfeito, mas certamente continuará a melodiar-te e a encantar-te.


Este meu tio-avô é um lírico, dirás!

Talvez, mas este lado adoça e suaviza tudo e gostaria que os teus anos futuros viessem assim doseados e enfeitados: suaves e doces.


Parabéns, Carlota.

Vive intensamente este dia e faz dele o primeiro de muitos Felizes que hás-de viver.


Dá e recebe um abraço bem forte à tua Mamy e ao teu Papy, que te adoram;

Ao Ricardo, um Homem Especial e muito Amigo;

À tua maninha, tua maior fã e tua boneca de verdade;

Aos teus avós, para quem serás sempre sua menininha e te adoram;

Um Xi apertado de todos nós, os m&c, os que te viram nascer e crescer e que continuarão ao teu lado;

Aos Amigos, teus companheiros de sempre e para sempre.

Faltou alguém?


Be Happy, always.

Teu tio-avô


sábado, 17 de outubro de 2020

“Pelos caminhos de Portugal…” - Alentejo



Foi mais um banho de imersão razoável, rural e urbano, pelo sempre renovado e apaixonante Alentejo (Elvas, Vila Viçosa, Borba, Estremoz, Évora e Beja).


Gosto mesmo do Alentejo. Começou a impressionar-me nos idos anos ‘70 e continua um íman com atração crescente. Volta e meia e aí vou eu meter quilómetros nas suas longas retas ou serpentear pelos lugarejos mais incomuns. Desta vez disse ao GPS que não queria autoestradas. Consegui, assim, encontrar novos pontos de interesse. E as novidades, tantas, com a ajuda da vegetação desnudado e tonalidades outonais em pano de fundo, estavam lá como que à espera de se mostrarem.


É certo que este Alentejo me agrada mas é certo também que não me deslumbra; prefiro outro, sim, aquele que se fixou no meu imaginário.

Distantes vão os dias tórridos de verão que fogueiam quem lá vive ou quem por lá passa. Distantes as pacatas searas douradas revezantes com as de penteado ondulado pelas brisas escassas. Distante a imagem de trigais fartos e espigas a desbulhar. As sinfonias das cigarras, então tocadas em vivace, estão agora em pausa ou, talvez, a serem ensaiadas para a próxima temporada. Os decrépitos ninhos das omnipresentes cegonhas espreitam lá de cima a chegada de um novo ou conhecido dono que os refaça para receber a nova criação. Os campos, exangues pelo último esforço, repousam com a promessa de mais e melhor. Lá pelo meio, à espera de um olhar que a encontre, a minúscula casinha branca, realçada pelo azul e pelo ocre vistosos, perdida no espaço e no tempo, quebra a monotonia da paisagem ao avistador, satisfaz-lhe a curiosidade e perpetua a tradição secular. Os sobreiros, refúgio amigo dos animais, recortam a planura e suas sombras alongadas definem a estação. As colinas, numa morfologia regular, modulam o horizonte com um traço sinusoidal harmonioso. As lagoas sequiosas de tanto fartar sedentos aflitos, aguardam pacientes a nuvem escura crentes de que suas águas as saciarão mais uma vez. O pastoreio ovino e caprino, cabisbaixo, de chocalho feito instrumento musical, procuram os últimos tocos do feno que os bovinos enjeitaram. Os suínos deglutem apressadamente as bolotas que o céu lhes atirou e fuçam desperdícios à sorte.

Há vida por ali.


Há outra vida, muita vida, filha de outros tempos, os nossos, que engrandece o novo Alentejo.

(não vem ao caso, por ora, o lado da sustentabilidade)

É bem consolador observar a pujança bem evidente do setor agrícola. É grandioso vaguear, agora, por entre alternâncias de vinhedos, de olivais, de sobreirais, de searais, de lagoais, de animais... 

Está mais diversificado e rico este nosso Alentejo.

Os vinhedos, alinhados em parada militar, matizados de roupagem policromática, como que acabada de sair de uma qualquer tinturaria para alegrar estes dias, descansam hirtos e silenciosos. Extenuados, em fim de ciclo, deixam cair a folhagem num derradeiro adeus, não sem antes nos mimosear com bailados em suspensão e de imobilizante coreografia.

A oliveira, essa planta ancestral e bíblica e com pretensões dominantes em toda área, impõe-se às demais tal é a vastidão do seu plantio. Vergadas pela abundância e pelo peso do seu fruto em amadurecimento rápido, forçam o olhar do passante; impõem-lhe velocidade lenta para que valide sua vitalidade e antecipa, via pavloviana, o prazer de refeições bem gostosas condimentadas com o seu azeite dourado e virginal. A anteceder esse ainda lhe dá um outro: o da saborosa azeitona curtida.


Tivesse eu o engenho e arte de outros e não seria difícil fixar tudo isto em tela.


Se distante está o verão, mais distantes ainda se sente a ausência do tapete verde, macio, que a primavera lá trás por ali estendeu.


Ou seja, o Alentejo continua no seu lugar: sempre novo, sempre velho, sempre em transição. E é tudo isto e muito mais - em cada incursão seleciona-se uma variante - que o torna fascinante.


Encantou-me Vila Viçosa. Destaco o lugar por mérito próprio.

É a segunda vez que lá vou. Da primeira, há muitos anos, retive boa recordação embora os muitos anos tivessem apagado o pormenor que agora recuperei. Evidentemente, o Paço Ducal de Vila Viçosa dos Duques de Bragança desde o séc. XV e edifícios conexos com ele relacionados, dominam o sítio e continuam a ser o centro das atrações.

Merecidamente, acrescento.


Na linha da sucessão dos Bragança, D. João IV assume o reinado na revolução 1640. Séculos mais à frente, o Rei D. Carlos, também herdeiro dos Bragança, saiu daqui para Lisboa onde viria a ser morto em Fev/1908. Seu desaparecimento determinou o início da República em 1910. Aqui viveu a Dinastia de Bragança por quem passou muita da nossa história. E a Vila não desmerece esse legado. Provavelmente dos sítios alentejanos melhor conservados.


Pela famosa A2, a partir de Castro Verde, segui para  um banho Algarvio.

Mas isso seria outra história. Boa história.





quarta-feira, 30 de setembro de 2020

12 Anos! Parabéns, Ritinha, minha neta linda.





12 Anos!
     Parabéns, Ritinha,
         Minha linda e doce netinha
 
Doze anos de ti, estar (quase) sempre ao teu lado, à tua volta, andar contigo, ter-te por perto - do outro lado da rua -, ver-te e abraçar-te quando dá vontade, ver-te crescer a cada milímetro, são dos meus maiores acalantos.

Levar-te à escola, ao encontro do conhecimento;
Levar-te às tuas atividades onde, também aí, vais alargando a porta de entrada da diversidade de que o mundo é composto;
Conhecer o teu mini-mundo através das conversas com as tuas amigas no banco de trás;
Olhar a barafunda do teu quartinho ou subir as escadas onde lá em cima continuas a montar as peças-alicerces do teu amanhã;
Intervir nas picardias mais acesas com o mano;
Sentir a tua ausência quando vais de férias;
1.000 vezes nok nok na parede da cozinha à tua espera;
Ver-te a ‘sorver’ aquele arrozinho de peixe cremoso que a avó tão bem faz para ti… hoje sopa não!
As longas conversetas à mesa também com o mano;
Não ter necessidade de fantasiar tua ausência… embora o faça.
Não ter necessidade de acumular saudades tuas...

Tudo isto, não é tudo mas não é pouco, tonifica-me o dia-a-dia.  É um acelerador energético precioso que conservo. É um brinde doce que me sai felizmente muitas vezes.
Fico Feliz que seja assim.

12 Anos
    Parabéns, Ritinha.
        Minha Amacia-Coração

12 Bjnhs, em cada uma das tuas faces rosadas.
+ um abraço ‘hiper, super mega, ultra’ grande.

"El Chatito"
Que te adora.

Avô





segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Sardinhada/Espinho - MasterChef


A Branca era fã e eu por arrasto apreciava também aquele programa culinário australiano ‘MasterChef’, entretanto findo (o atual não acompanhamos). Havia pontualmente Chefs convidados de recorte internacional que melhor o projetavam para o mundo. Apresentavam pratos de sua autoria complexos, desafiantes que os concorrentes em prova deveriam reproduzir. Algumas dessas criações chegavam a ter 20, 30, 40 ingredientes obrigatórios. Ou seja, para atingirem um prato sublime, capaz de provocar todos os sentidos e levar as papilas dos clientes ao êxtase do prazer supremo; capaz de arrancar expressões silenciosas e não palavras titubeantes, foi necessário selecionar, juntar, misturar e confecionar todos aqueles elementos.

Pois bem, os (alguns) ingredientes que cada um de nós levou - e não me refiro aos comestíveis - somam muitos mais. Juntos e misturados resultaram num prato único e igualmente sublime. Apetece até congelá-lo para a ele recorrer em dias de ‘má cozinha’.

Degustá-lo
    antecipadamente
        alegremente
            sossegadamente

                parcimoniosamente

fez dilatar o tempo e assim melhor saborear os de cada um(a); e mais, deu também para resgatar saudades e introduzir turbo-aceleração para outros futuros.
Conclusão óbvia: temos de o confecionar mais vezes.

A propósito de ingredientes pessoais sugiro que apreciem as miniaturas que listei aqui (na altura escondia-as para mim):
 

Obrigado, Maria
Obrigado, Raquel

Sinto-me bem aí em casa: uma casa sem ferrolho nas portas onde se está e se respira como se em nossa fosse.
 
Dá muito trabalho - eu bem vi, Raquel - e espero terem guardado, pelo menos, boa recordação deste dia impéc.
Se for igual à minha fico satisfeito.

Abraço apertado a ambas
(gosto de abraços)
Abraço grande para tod@s.
A vossa companhia entusiasma.



segunda-feira, 27 de julho de 2020

27JUL2020: Parabéns, meu neto lindo



9 Anos!
Parabéns, Simão. 

Parabéns, meu… ia a dizer pequenote mas acho que vou deixar de tratar-te assim. Já não te assenta bem esse nick-name, mas vou manter um outro e esse, sim, para sempre: meu Encanto. Pode ser?
Parabéns, então, meu Encanto.

9 Anos!
Parabéns, Simão.

E como tens crescido!, também fisicamente.
Todos os dias chegas com um novo pormenor que vai acrescentando aos anteriores.
Sabes que dou comigo a olhar para ti como se fora, sempre, a primeira vez!? Fico até um pouco paralisado com o encanto que de ti sai. Estás um lindo menino, perdão, rapazinho. Me encantas sempre. Um abraço dos teus reduz o tamanho do mundo à insignificância. Vai mais um?

9 Anos!
Parabéns, Simão.

Estes últimos meses foram esquisitos!, também achas? Janela, janela, janela... já estava a ficar com um torcicolo de te ver cá de baixo da rua. Sim, vimo-nos na mesma mas sem touch e muitos Xi's Coração ficaram por dar. Estou bem mais contente por, lentamente, já estarmos a recuperar.
Vou propor-te, a propósito, considerarmos estes últimos dias como tendo sido um intervalo maior de um dos teus jogos de futebol. Que achas? Já fiz sinal ao árbitro para recomeçar o jogo mas ele não atende às minhas reclamações. Que se passa com ele? Pensará que anda por aí qualquer coisa invisível? Sei lá o que lhe vai na cabeça. Estou aqui a hesitar entre considerá-lo teimoso ou atento!?

9 Anos!
Parabéns, Simão.

Os avós têm a tentação, quase mania, de dizer muitas coisas aos seus Encantos e eu não sou exceção mas vou resistir-lhe pois prefiro que sejas tu a descobri-las pelo teu pé, ao teu jeito e ao teu ritmo que sei ser acelerado.

Vou poupar-te, então, a mais lengalengas pois sei que teus amigos estão à tua espera para a peladinha e isso, sim, é importante. Vai e diverte-te com eles.
Jogo à baliza?
Se for o árbitro ficam já a saber que será Non Stop. Até cansar. Chega de intervalos.

E depois ‘aquele’ lanchinho com todos.
Comigo também.

9 Anos!
Parabéns, Simão.

Um Xi bem apertado do
El Gordito
Que te adora

O meu Ferrari novinho.
Cinturão Novo: Azul
Hoje fiquei em 1º, mas com o meu avô não é fácil...



quarta-feira, 15 de julho de 2020

Sardinhas de Máscara, 18 JUL


Meus caros amig@s,

Venho aqui numa visita de contentamento, conforto e ânimo para vos dizer que está tudo a correr bem para a nossa sardinhada de 18.

E explico as razões do meu otimismo.

Aproveitando as tecnologias disponíveis, estou a monitorar o posicionamento das sardinhas a partir da minha cadeira privativa no Café TiTan.
Para o efeito instalei ali uma Estação de Recolha de Informação - RiE - (SiC, acrónimo em inglês) e, através de um drone, supervisiono tudo o que se passa no reino da sardinhada. Em resultado de tão aturado trabalho e recorrendo a um comando à distância de última geração (ainda não disponível no mercado), estou a encaminhar as melhores - leia-se também maiores e gordas - para o pesqueiro habitual, obrigando-as a uma passagem prévia pela malha tamanho XXL.

E anuncio-vos que a coisa está a correr bem. 
Está a ser bastante promissor observar enormes cardumes a dirigirem-se para o local de captura, em competição acirrada pela primazia da chegada.
Está também a ser um bonito espetáculo vê-las quase todas de máscara - modelos nunca antes vistos (desenho de um anzol com minhoca a espernear… quem diria!?) - bem originais e bonitas, aliás.

Como era de esperar, há uma ou outra que, por retinência, mau feitio ou simplesmente por querer evidenciar sua frescura e prateada beleza, vem tresmalhada, de cabeça erguida, desmascarada e até, pasme-se, com um nadar ondulante e barbatanas empinadas: um pouco Pró...
Mesmo com essas, sou implacável: PARA TRÁS, - ordeno-lhes: neste jantar não entrareis.

(Ainda estou a pensar na máscara com anzol!)

Não reparei se assim maltratadas e rejeitadas, não terão ido buscar à pressa uma qualquer máscara e se clandestinamente se reintegraram no cardume numa tentativa de fazerem parte do nosso banquete. No próprio dia verificaremos se há alguma com um fácies mais esbranquiçado e, se tal acontecer, decidiremos então o seu destino… que pode muito bem ser o de ‘marcharem’ também.

Como facilmente deduzem estamos perante um cardume único mas que pudemos considerar domado e um pouco esperto.

(… anzol na máscara! Bolas!?)

Confiante nessa inesperada esperteza e equipando-as, apesar disso, com um chip em que coloquei as coordenadas da Nau Quinhentista estacionada no rio mesmo em frente ao nosso restaurante, estou certo que na madrugado do dia D se dirigirão para lá sem necessidade de interferência alheia.
É que, assim acontecendo, até evito os perigos do mar alto e ficarei pacatamente à espera delas enquanto me refresco com um drink de ocasião.

(… anzol na máscara! Não deixo de pensar na inusitada escolha)

Vai ser hilariante vê-las ainda na água a olhar para cima, para nós, a abrir e a fechar a boca como que a pedir para serem serem escolhidas para o repasto. 
Perante esse difícil pedido só temos uma opção: OK.

Os pescadores da atualidade são muito diferentes dos de outros tempos!

Estão tod@s convidad@s para esta recepção.

(… anzol na máscara!!!, Oh My God!)

terça-feira, 23 de junho de 2020

‘Bolivar’, Netflix.


Acabei de ver na Netflix ‘Bolivar’
Três temporadas, 60 episódios de +/- 50 m.
Pré-aviso: um looongo seriado.

O tema é a biografia de Simón Bolívar, o grande protagonista da mudança ocorrida na América do Sul no início do século XIX, suas causas e consequências. Está bem presente a colonização, a descolonização, as independências bem assim como outras figuras de primeiro plano envolvidas no processo. É um bio-drama onde, obviamente, é abordado o período de vida de Bolívar e ele está no centro da ação. Personalidade multifacetada que viveu a vida intensamente, apaixonadamente. São aqui salientadas suas características de homem rebelde, impulsivo, destemido, obsessivo, arrebatado, resiliente, galã, sedutor, pioneiro, aventureiro, guerreiro, estratega e Presidente (de seis países).

Mais uma vez são tratados em cinema acontecimentos com relevo e amplitude mundial e civilizacional que mudaram o rumo da história do mundo e concretamente o daquele subcontinente.
E Portugal esteve na origem e no centro dessas mudanças. Foi o primeiro e também o último a entrar e a sair de cena e de permeio 500 anos acomodaram ziguezagues nacionais e internacionais.

Corre em pano de fundo deste ’Bolivar’, como legenda suplementar:
a) a divisão do mundo entre Portugal e Espanha - Tratado de Tordesilhas (1494) celebrado em Zamora (estive lá no ano passado);
b) a independência da América do Norte em 1776 (andei por lá em 2007);
c) as ideias revolucionárias da Revolução Francesa, 1789 (andei por lá em 1989, 1990, 1999);
d) a invasão da península ibérica por Napoleão. Quem não se lembra dos generais franceses Junot, Soult e Massena que nos ‘visitaram’ entre 1807 e 1813?;
e) o arrefecimento mundial do ímpeto colonial, formalmente terminado em 1999 com a entrega de Macau à China (andamos sempre a tropeçar com a China!). Quem não se lembra das últimas imagens do (i)último arriar da bandeira (está na Liga dos Combatentes desde 2016)?; da (ii)destruição do brasão de armas da fachada do edifício da Assembleia de Macacu?; da iii)postura ereta, comprometida e alinhada(?) de Portugal perante sua história e perante o mundo, protagonizada pelo general Rocha Vieira quando recolhe, abraça e guarda junto ao peito a bandeira (lembrado recentemente pelo próprio no dia do falecimento de Stanley Ho)?
f) o ambiente revolucionário vigente em alguns países especialmente na Venezuela e em Cuba (andei por lá em 2008), onde Bolivar é recorrentemente avocado.

Na minha abortada e adiada sine die viagem de abril deste ano àquela área - Argentina, Patagónia, Chile - tinha-a antevisto assim (para quem tenha teeeempo e a paciêêêência de Jó):

https://docs.google.com/document/d/1FXLiPxn2rcpABue6k-dyNnJ7XWv1HQVX1dRCW5aMquA/edit?usp=drivesdk

Voltando ao ‘Bolívar’ e ao filme.
(esta conversa está como a das cerejas: mais uma, mais uma...)
Uma surpresa!
Estamos perante uma opção nova, para mim, da Netflix. A narrativa é abordada no formato telenovela (a expressão é minha) ao estilo não brasileiro mas mexicano/colombiano.
Embora me tivesse impacientado e enfadado com a minúcia do relato e com o amadorismo da sua realização  em geral, resisti-lhes a favor do melhor conhecimento e incursão pelos detalhes da época. Esta circunstância abriu espaços que aproveitei para observar outras vertentes que normalmente uma realização mais densa não propicia.
Mas refiro que muitas vezes ultrapassou os meus limites, embora na parte final se tenha redimido um pouco ao evoluir para uma estética mais fina e dramatização mais trabalhada.
  • A captação de imagens exteriores tem uma luminosidade fantástica, repletas de vivacidade;
  • O colorido aberto, garrido do guarda-roupa remete-nos para o que sabemos serem as cores das vestes das gentes daquela área do globo e o da época ilustra-a bem;
  • A banda sonora não surpreende mas é interessante e adequada;
  • O lado bucólico, campesino e lento da época está bem retratado;
  • A direção de atores fica muito aquém da onda modernista a que estamos habituados: há gaps notórios dos atores fora do primeiro plano; e aos de cena falta-lhes intensidade, autenticidade e carisma, ou seja interpretação;
  • Há ambiente romântico - era do romantismo - e algum glamour ao jeito da, ainda distante, belle epoque;
  • O sript é um repositório light do que a história comum consagrou, ou seja, não conflita opiniões.
    • a Netflix tem de agradar a muitos espectadores…
Sendo que do somatório dos critérios eleitos ou possíveis, resulta um relaxado passatempo em noites de pandemia.

E Bolívar tem, por mérito próprio, lugar na História, goste-se ou não dele. Ainda hoje é um símbolo identitário de praticamente todo aquele subcontinente.

Fica a ‘dica’.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

‘Os Últimos Czares’ (Romanovs) - Netfilx


[Dica]

Acabei de ver na NetFlix ‘Os Últimos Czares’ (Romanovs)
Série/Documentário - docudrama -  estreada em Jul/2019: 1 temporada 6  episódios.
A série historia o fim da era Romanov com o seu último imperador, Nicolau, suas causas e consequências com a alteração do regime para outro império, o Soviético: URSS.
Por ter acontecido num tempo recente (há pessoas vivas), ter sido um acontecimento que virou a agulha da história da humanidade e ser um assunto muito estudado e publicado, o ‘script’ não aporta novidades: fixa  na película o que é mais comum saber-se. Ainda assim vale a pena o reencontro virtual com esta época marcante que de algum modo contamina os nossos dias.

Catarina, a Grande, tinha como lema que deixou como epitáfio esta sua máxima: “Rússia é grande demais para ser governada por duas pessoas”.
Putim seguramente que leu a frase...

O modelo da narrativa é tipicamente o do NetFlix, i.e., com recurso à captação de cenas de estúdio e interiores numa economia de custos e longe portanto das realizações épicas de outrora. Registo a opção mas não lhe retiro mérito. Cinema é a arte da ilusão.  A realização está de acordo com o nosso tempo, ou, se se quiser, faz o nosso tempo.
O guarda-roupa de época está a muito bom nível.

Tinha curiosidade em rever lugares conhecidos (andei por lá em ago/2005) mas por ser a reposição de uma época e ter sobre ela decorrido muitas alterações, filmaram-se  principalmente os edifícios datados e conservadas: Palácio de Catarina, PeterOf, atual Kremlin, cúpulas de igrejas…

Saliento a interpretação do ator que deu corpo ao impreparado e indeciso Czar;
Idem para a atriz que assumiu o papel da lunática, doméstica e mãe Czarina;
Idem para o ator que tão bem nos passou uma ideia possível do que terá sido essa figura de Rasputin: bon vivant, astuto, manipulador e dominador do ‘pedaço’...
Não revelo (para quem não o saiba) o fim da história sobre a verdadeira ou falsa identidade de Anastásia, uma das filhas herdeiras dos Romanov, falecida em 1984...

segunda-feira, 18 de maio de 2020

A propósito destes dias e dos próximos.



1.
Acho que está a dar para perceber que um género de vida ‘confinado’ como aquele que estamos a viver não tem interesse. Ele reduz excessivamente várias dimensões da vida, nomeadamente as daquelas a que há várias décadas estávamos habituados. ‘A contrario’, e em pulsões cada vez mais impositivas, ganha atratividade e tração um registo socialmente partilhado e, em consequência, diversificado. No mínimo idêntico ao anterior.

De tão normais, quase que íamos dando por adquirido, quantas vezes minimizado, a importância dos imputs externos tão imprescindíveis à nossa salutar convivência.

Os manuais de história defendem há séculos, melhor dito milénios, que o homem é um ser gregário, que agora nós próprios verificamos e ratificamos. Encaixo-me na camada daqueles que desde muito cedo começou por considerar-se um elemento de um todo e que dele necessita. Não nego que coloco o meu ser na frente desse todo mas tentando ao mesmo tempo não descolar dele ao agrupar-me nos mais diversos estratos que o compõem, incluindo correntes de opinião a nível global.

Os dias que estamos a viver mostrou à saciedade a postura e desempenho de cada indivíduo e das sociedades no seu país, no seu continente mas também no mundo visto como um todo intricadamente ligado, talvez agora mais evidente que nunca. De oriente a ocidente de norte a sul sentimos que respiramos o mesmo ar.
Talvez os ambientes gerados durante as II e I guerras a que se seguiu a gripe espanhola lhes seja comparável. Talvez nessas épocas tenha havido no mundo similar sintonia comportamental das partes e principalmente do todo.
À atual, e que se valoriza, acresce o fluxo informativo ubíquo e instantâneo mas decresce, a seu favor, o lado bélico de outrora.

Tem sido uma experiência nova, preocupante com certeza mas com uma boa dose de fascinante. Dar conta a cada minuto das reações próprias e de terceiros num palco maior, mundial, tem sido grandioso e eloquente quanto às reações do indivíduo e das sociedades em geral. As empatias e cumplicidades observadas são de dimensões ainda não experimentadas.

2.
Há uma curiosidade nascida de uma convicção e agora convertida em incredulidade que diz respeito à dificuldade revelada pela área científica quando atira para longe, numa gestão de expectativas esperançosas, o timing de uma vacina profilática. Talvez por iliteracia ou estultícia da minha parte ao aceitar inertemente o endeusamento das suas capacidades fermentadas em acumuladas conclusões errôneas ou perceções desfocadas. Talvez. Seguramente que os sobrevalorizei. Até porque a não-vacina atempada, comprovadamente, não é atribuível à falta de recursos financeiros mas aos de conhecimento. Verei se, quando descobrirem a solução para o problema de agora, não lhes retirarei a medalha de mérito que em tempos lhes tinha atribuído. Sem ela, sem a vacina, o mundo não avança muito menos pula ao ritmo solto como se admitia até aqui.
Se querem manter a medalha apresentam a vacina. Ponto.