“Homo Deus”
- ‘História Breve do Amanhã’
by Yuval Noah Harari
Trad.: Bruno Vieira Amaral
Faz tempo, algum, que não lia livros, incluindo audiobooks, em ritmo continuado.
A necessidade emergente de me sentir online com o nosso mundo, um mundo tão ebulitivo nestes últimos meses, fez-me optar, entre outros media, pela novidade crescente do mundo dos podcasts e relegar a leitura mais longa, mais estruturada, para depois. Aceder a multi informações e opiniões que me centrassem no problema tornou-se prioritário.
A pandemia - já sindemia em muitos pontos do globo - foi o novo ingrediente mistério(?) que, ao provocar uma total agitação no modus operandi ou status quo mundial, obrigou a uma interação geral - felizmente concertada em várias geografias. De repente, vindo do impensável, tudo entrou em alvoroço e, quase, - pasme-se - em sintonia. Urgia entrar nesse caldeirão fervente e, inevitavelmente, fazer parte dele.
E, para mim, os podcasts responderam bastante bem.
[Sobre os podcasts alguém profetizou já que destronariam a rádio! Nessa linha opinarei que, também os jornais, em papel e online, e tv's, estão a ensaiar esta plataforma como resposta às mutações dos tempos; mas sem se saber se a profecia se cumprirá ou se aparecerão alternativas. O certo é que o espectador, leitor - no caso ouvinte -, está mais errante, mais dinâmico, mais presente na net, nas redes sociais. E é lá que o modelo de negócio dos media encontrará, veremos, uma nova saída económica que os sustente. Estamos numa fase de transição com sobreposição em diversos meios de comunicação; ou seja, pode-se ter acesso ao que se quiser, como, quando, onde e quantas vezes se quiser, nesta plataforma também. Entre nós, o Expresso é, creio, o mais arrojado mas o Observador, o Público e demais também. Não investiguei o suficiente. Várias rubricas do Expresso estão em podcasts e com qualidade audível.
Nota: os podcasts têm a vantagem de serem mais diretos, menos editados e padecerem apenas da pressão do tempo e não da imagem.]
Fechado o parênteses reto, volto ao tema inicial: leitura.
Forcei-me a retomar a companhia dos livros por necessidade imperiosa, quase vital: reavivar léxicos que o dia-a-dia desusa mas enriquecedores na expressão pela fala e/ou pela escrita; e porque ficções de outros, por simpatia, despoletam as próprias mantendo aceso algum fervilhar mental, o que me agrada.
Sabe bem retomar e por vezes roubar conhecimentos e lógicas de terceiros.
Regresso assim ao meu estimado Yuval Noah Harari - o de ‘SAPIENS’ -, para embarcar na sua visão insuflada de optimismo sobre a evolução do homem e das sociedades; da humanidade.
Posto isto, vamos ao ‘Homo Deus’.
Depois da boa surpresa que foi o Homo Sapiens, em que Yuval Noah Harari alinha a evolução do homem e da humanidade e conclui pela sua supremacia sobre o resto dos seres, surge o inevitável Homo Deus. Este último é, de resto, como que o Tomo II, ou, por outra, a sequência lógica do primeiro: eleva (a evolução) o animal homem à divindade. Coloca-lhe a condução do mundo nas mãos, responsabilizando-o; dá-lhe alertas a ter em conta aquando das soluções que achar por bem dever tomar; deixa claro que não há espaço nem tempo para sebastianismos. Para o projetar a esse status tece pelo caminho raciocínios surpreendentes, originais e cruzados entre si que o põe a pensar e que vale a pena conhecer.
Nestes dois livros pelo menos, Yuval Noah Harari revela-se um corredor de fundo; não tem pressa de chegar (pratica Vipassana), ao invés, coloca-nos na pista obstáculos novos em que não tropeçamos - ou, sim, tropeçamos - pois chama a si a interrogação, a resposta, o contraditório e a réplica.
Através de uma escrita fluída, animada, bastas vezes com o nosso sorriso do 'como é que não tinha pensado nisto!?', disrupte o panfletário mundial de ideias tidas como certas e questiona, questiona, questiona. E responde, responde, responde.
É pouco comum ler alguém tão crente na evolução da humanidade e, quiça, tão assertivo. Onde tantos vêm problemas inultrapassáveis ou mesmo terminais ele vê saídas várias e tantas vezes de uma simplicidade desconcertante e hilariante.
Socorre-se de conhecimentos e saberes adquiridos de largo espetro e serve-no-los já em súmula.
Livro para ler com calma para dar tempo a que estas novas asserções chocalhem com as nossas.
DINÂMICO: ‘Sapiens’, by Yuval Noah Harari (2013) (dinamico-dinamico.blogspot.com)
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