terça-feira, 16 de abril de 2019

‘Sapiens’, by Yuval Noah Harari (2013)

Sapiens
    De Animais a Deuses
          História Breve da Humanidade
          by Yuval Noah Harari (2013)


Depois de milenar pelas páginas deste ‘Sapiens’, não me causa espanto e concordo  com entusiasmo ser, Yuval Noah Harari, justificadamente, um dos pensadores de topo mundial de momento (cool, como se diz por aí), dos mais lidos; até acrescento ser ‘obrigatório’ milenar com ele para não desperdiçar a oportunidade de conhecer suas teses.
Haverá a versão chip do livro?
Aceitaria de bom grado uma cadeira no fundo da sala para ouvir, calmamente,  por horas, na primeira pessoa, a extensão de mais asserções suas, opiniões tantas vezes próximas do  disruptivo.

Vista a evolução da humanidade - como é este o caso - pelo lado da paleontologia, antropologia, sociologia, biologia e arqueologia (estas duas últimas com evidências materiais), ou seja, através de uma grelha difusora mais ampla, a obra ganha uma dimensão calibrada e creditícia deveras significativa.

Neste ‘Sapiens’, Yuval Noah Harari, bandeja-nos com o resultado dos seus aturados estudos, suas ponderações, ilações e conclusões, e surpreende-nos a cada página com a sua pegada humana na sua rota ancestral.
De tão inesperadas mas óbvias (como é que nunca pensei nisto!?) deixa-nos de olhos arregalados e sorridentes. E satisfeitos com este ‘manual de sobrevivência’ que ganhou lugar na mesinha de cabeceira.

Seguir sua linha de raciocínio, que se deteta logo no início de abrangente e inteligente, proporciona uma agradável sensação de redescoberta da evolução do homem, do  mundo, de nós, e aplana - pelo menos temporariamente - algumas interrogações que nos assolam e inquietam desde sempre.
Ressenta-nos nos bancos escolares especados pelas primeiras novidades, quais teen ages curiosos, ávidos de coisas novas em gavetas velhas.
Ao ligar muitas pontas soltas dispersas no tempo, dá sentido a acontecimentos e eventos isolados que animaram a evolução das sociedades.
Ótimo livro a usar como muleta ou bordão para remexer as águas adormecidas pelos sound bits da nossa vida moderna.

Escrita eclética, fluida, com terminologia apropriada ao contexto, que classifico de literariamente superior, apenas por pudor do perfeito.
De uma clareza e limpidez que gera a embriaguez, o vício e a pressa de chegar à próxima linha ou capítulo.
A contrario
, optei pelo método longo, pausado, para dar tempo a que as peças novas deste seu  surpreendente puzzle driblassem com as do meu e disputassem o seu espaço.

Jared Mason Diamond caracterizou o livro como uma obra que "Ilumina as grandes questões da história e do mundo moderno".
Brilhante expressão.

Parabéns à Rita Carvalho e Guerra, a tradutora.

Obrigado Sara/Luís pelo livro.
Quero ler os outros livros dele que andam por aí.

* * * * *
… porque (todos) os nascimentos ‘Sapiens’ - nós - são precoces?, p. ex.
… qual a importância do sílex enquanto ferramenta humana?, p. ex.
… porque sobreviveu a espécie Homo Sapiens - nós - e não a Neandertal e outras?, p. ex.
(Abril 2019: acaba de ser descoberta mais uma, a Homo Luzonensis, nas Filipinas)
… porque que é que o tamanho do cérebro do ‘Sapiens’, o nosso, tende a reduzir-se?, p. ex.
… qual o impacto, a responsabilidade da pegada humana, versus, reação autónoma da natureza, nas variações alarmantes do clima que temos hoje?, p. ex.
… porque é que os agricultores de há 9.000 anos a.C. se deixaram prender à pedra da mó do seu moinho, ou seja, abandonaram a recoleção?, p. ex.
… por volta de 10.000 a.C existiam na terra, antes da agricultura, 5 a 8 milhões de caçadores-recolectores. No século I d.C, existiam 250 milhões de agricultores em todo o mundo. Em 1.500 d.C 500 milhões. Hoje: 7.000.000.000! Interessante ou alarmante!?
… o nosso modus vivendi, o do ‘Sapiens’, é mais feliz que o do caçador-recolector?, p. ex.
… como chegamos aos números, às letras, à escrita?, p.ex.
… 150: limite humano para a compreensão das idiossincrasias dos elementos de um grupo (o número de uma companhia militar!).
(se o fb sabe disto?)
… porque as máquinas de lavar, aspiradores, telefones, telemóveis, computadores, e-mail… não tornaram a nossa vida mais descansada?, p. ex.
… o porquê da necessidade imperiosa das sociedades gerarem e fixarem mitos (leis, dinheiro, deuses, nações…) e acreditarem neles?, p. ex.
… porque é difícil reconciliar a liberdade com a igualdade?, p. ex.
… importância da dissonância cognitiva na estabilização de grupos e evolução de culturas! (as tensões, conflitos e dilemas irresolúveis são o condimento de todas as culturas, diz ele), p. ex.
… como explicar que ‘o dinheiro é o mais universal e eficiente dos sistemas de confiança mútua alguma vez criados’!, p. ex.
… os impérios e a amálgama de muitas pequenas culturas transformadas ou reduzidas  a poucas grandes culturas?, p. ex.
… a religião tem sido o terceiro maior unificador da humanidade, ao lado do dinheiro e dos impérios!, p. ex.
… liberalismo, comunismo, capitalismo, nacionalismo e nazismo: as religiões modernas?, p.ex.
… os ‘Sapiens’ aportaram ao mundo moderno pelo comércio, pelos impérios e pelas religiões universais!, p. ex.
… uma regra imutável da história: um acontecimento entendido como inevitável, quando analisado em retrospetiva, estava longe de ser óbvio no momento em que sucedeu.
… ‘disponibilidade para a ignorância tornou a ciência mais dinâmica, flexível e inquisitiva’!, p.ex.
… porque ‘a revolução científica e o imperialismo moderno são inseparáveis?, e que é que James Cook tem a ver com isto?, p. ex.
… qual a importância dos espaços em branco nos mapa-múndi de 1.500?, p. ex.
… “a economia moderna tem crescido como um adolescente encharcado em hormonas”, dixit. Produção mundial per capita/ano: em 1.500, 550 usd; hoje, 8.800 usd!, p.ex.
… “o bolo económico mundial de 2013 é muito maior do que o de 1.500, nas está de tal maneira mal distribuído que os camponeses africanos e os trabalhadores indonésios regressam a casa [...] com menos comida do que os seus antepassados de há 500 anos”, dixit.
… Pax Atómica: “hoje, a humanidade quebrou a lei da selva. Existe [...] uma verdadeira paz e não apenas uma ausência de guerra”, dixit.
“As armas nucleares transformaram a guerra entre superpotências num suicídio coletivo e fizeram com que fosse impossível procurar o domínio do mundo pela força das armas.
Em segundo lugar, enquanto o preço da guerra subia, os seus lucros diminuíam”, dixit
“Esta é a primeira vez na história em que o mundo é dominado por uma elite que ama a paz”, dixit.
“Para satisfazer tanto os otimistas quanto os pessimistas, podemos concluir dizendo que estamos no limiar tanto do céu como do inferno, movendo-nos nervosamente entre o portão de um e a antecâmara do outro. A história ainda não decidiu onde iremos acabar e uma série de coincidências poderá lançar-nos em qualquer das direções”.

Que espécie se seguirá à do Homo Sapiens?

And so  on…

Para tudo isto e muito, muito mais, Yuval Noah Harari, tem respostas desconcertantes mas interessantes, de refutabilidade complicada.
* * * * *

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