sábado, 2 de janeiro de 2021

POR AQUI e por ALI" - From Bill Bryson


"POR AQUI e por ALI".

Edição Portuguesa da Bertrand, 2015

Tradução de Miguel Conde

A Walk in the Woods, 1997

From Bill Bryson

Filme de 2015 com o mesmo nome

(Robert Redford, Nick Nolte and Emma Thompson)


É um belo livro, de leitura animada, inclusive para aliviar da clausura em tempos de pandemia. Sim, porque o espaço para leituras mais longas ou mais sérias(?) têm escasseado por estes dias. E era crescente a vontade de encontrar uma fuga para escapar de alguma letargia instalada. Percorrer o mundo, via livros, é uma possibilidade sempre à mão.


Surgiu este na hora certa (obrigado Luís) trazendo no desfolhar das suas páginas sensibilidades para o lado da ecologia, da sustentabilidade do planeta como um todo. Repassa, reflete e critica o incongruente e frenético estilo de vida americano, a erosão que o 'faz e desfaz' imparável provoca na estabilidade do sistema, a alimentação desregrada - hambúrgueres e coca-cola -, a obesidade crónica, a sofreguidão destemperada e bem visível em cada canto no sprint pelo dólar (este aspeto senti-o em choque em NY e nos outros estados por onde andei, Massachusetts (Boston) e Connecticut. Muito diferente do europeu, principalmente, mas também de muitos outros países - do vizinho Canadá, p. ex., de onde viajava - e de vários outros países e continentes onde o apreciei).


Para além da boa informação que Bill Bryson cuidadosamente preparou e carreou para aqui, sublinho e congratulo-me com o humor que coloca, quase, em cada página. Quero crer que o usou como isco e/ou estabilizador para prender o leitor e levá-lo mais confortavelmente ao ponto que perseguia.

Não será alheia à opção o facto de, dos seus atuais 69 anos de idade, ter vivido (continua a viver depois de uma estada temporária nos EU) 40 deles em Inglaterra. Atrevo-me a pensar que se deixou empolgar pelo conhecido humor british, ao ponto de o usar como estratégia - pelo menos neste livro -, obliterando para o efeito suas origens americanas. Dei comigo a sorrir bastas vezes com apontamentos simples mas plenos de humor tão pouco comum entre nós lusos. Parece um mágico que em vez de coelhos tira piadas da cartola a um ritmo notável. Na linha, de resto, da inesquecível série 'Yes, Prime Minister' (anos '80) - acabei de ver um pequeno excerto premonitório no YouTube sobre o Brexit - ou 'Allo, Allo!' ('80/'90).


Só por este lado bem disposto e com efeitos contagiantes, vale a pena a leitura sendo que o resto não é despiciendo. E numa sequência narrativa cadenciada, como se tivesse sido escrita de uma penada, pese embora tenha inserido peças complementares diversas para melhor servir os seus propósitos.


Há tempos um amigo meu, o Odracir (inventei o nome), admirava-se por eu me admirar com situações novas, essas num quadro perfeitamente inóspito. O que que deixou admirado! Essa faceta é, reconheço, um dos meus lados de que gosto e preservo. Deixo-me fascinar quando capto novidades, ângulos novos na observação das pessoas, coisas ou circunstâncias, ou na pacata leitura de um livro. Why not? São oportunidades que não enjeito - até persigo - porque entusiasmam momentos e induzem apego a coisas novas.


Vem esse episódio com o meu amigo Odracir a propósito deste livro, “POR AQUI e por ALIi”. 

Para além do que mais atrás referi, foi desta forma que fiquei a conhecer a antiquérrima Cordilheira dos Apalaches, os espantosos TA (Trilho dos Apalaches) e suas envolventes, com algum pormenor, dito de forma agradável e aparente simplicidade. E no decorrer da leitura o encanto pela forma e pelo conteúdo saltou facilmente. Agora resta ir lá para confirmar! Quem sabe!?

Aqui esbocei um esgar incrédulo.


Não conheço o texto original nem seria capaz de o traduzir; isto para dizer que gostei do texto em português, identificando algumas expressões nossas, cuja versão não desmerecerá a ideia do autor.


Daria à obra (A Walk in the Woods) outro título em português para além do eleito: "TA: 3.500 km de mochila".


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