domingo, 28 de agosto de 2011

Lágrimas de crocodilo..

Esta onda de solidariedade dos mais ricos (nascida nos EUA e instântaneamente chegada à Europa, mais conhecidamente à França, Espanha e também Portugal) perante a crescente pobreza geral, é curiosa e merece alguma atenção. Até agora, mesmo depois do crash de 2007/2008 em que, principalmente depois daí, muita pressão se fez sobre os políticos para que, aproveitando a oportunidade, promovessem grandes reformas e acabassem, por exemplo, com os off-shores, nenhum deles, individual ou colectivamente reunidos em grupos económicos - desde o G8 ao G20 -, ninguém, até agora, dizia, ousou beliscá-los. Agora, qual virgem ofendida, por ninguém lhes dar atenção, vêm, por iniciativa própria dizer aos quatro ventos, que também querem participar (é admirável ouvir Joe Berardo vertendo lágrimas de crocodilo…), que também são gente, que também vivem neste planeta, proclamam! Não querem, pois, serem esquecidos (como se alguém deles se esquecesse!). Expoente máximo do cinismo! É, contudo, uma jogada de mestre. Para além de estar pouco dinheiro em causa – fala-se num máximo de 1,8% -, o que custa prontificarem-se e tão generosamente contribuir com uns tostões, preservando contudo os biliões? Sim, porque assim são-lhes ractificados os biliões. A partir daqui, a opinião pública valida-lhes esses biliões e fica tudo bem nos dois reinos. Não há mais motivos para 'os ricos que paguem a crise'. Ficam assim finalmente irmanados ricos e pobres. Estão os segundos, mais uma vez, a dar tiros nos pés, a comprometer possíveis soluções políticas de fundo, retirando tema aos políticos e estes agradecem. Solucionam-lhes até um grande problema. Claro que, sabemos por experiência, que também eles não iam fazer coisa alguma…

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