sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

18! Parabéns, Bernardo. 18!


18! 18! 18!
Parabéns, Bernardo.
18! Ups. Quem os não quer!?

Conservo dos meus um tempo vívido e ebulitivo a que não me importaria de regressar… ora aqui está a piada do dia!
Nos meus dezoito, as energias masculinas eram muito concentradas e canalizadas depois para bem longe. Não obstante esse desígnio, carregado de cinzentos sombrios e contornos indefinidos, foi aceite como desafio. Com temor, naturalmente, mas de peito inchado, insuflado de coragem.
“A opção é avançar quando não dá para recuar”, - era o lema.

De lá para cá o mundo mudou e tu apareceste num outro, com pontos de contacto com os anteriores, sim, mas muito diferente e igualmente desafiante. Se não mais, ainda. Desafios que o teu periscópio foi detetando e o teu radar te ajudará, doravante, a optares pelas alternativas mais certeiras.
Aliás, sem desafios, isto é uma seca - como se diz.

O tempo de sofá esgotou-se em 2020. Já levantados e mais uma vez de peitos feitos, encorajamo-nos: venham lá esses novos desafios. Para ti e para todos.
(usei várias vezes a palavra ‘desafio’, eu sei)

18 Anos!
É certo que até agora estiveste a construir o teu mundo, pedra a pedra, para ficares melhor capacitado para entrares no de todos. E é com o que preferiste e amontoaste que o enfrentarás. É certo também que este mundo grande muda a cada segundo e o teu percurso, que está lá bem delineado mas escondido, terás de o descobrir sozinho na floresta das incertezas.

A chave da independência pessoal que te estava destinada é-te agora entregue. Recebe-a com galhardia e confiança. Sem deixar nada para trás, vai fixando lá longe os horizontes mutantes e ajustando o percurso sempre que necessário. Porém, se a chave emperrar - e pode acontecer -, sabes que tens nos m&c os artífices para a tentar desbloquear.
A força centrípeta dos m&c sempre te atrairá para o seu núcleo onde, de resto, sempre estás.

Lá está este meu tio-avô com ares de sabichão!, - rirás. E tens razão no desdém; mas é que os que vão mais à frente têm a ambição, mania talvez, de deixar as pedras bem postas no caminho para que aqueles de quem gostam encontrem, não o mesmo, mas o seu caminho mais facilitado e se magoem o menos possível. Enfim, presunções que relevarás, - te peço.

E chega de filosofias baratas, se é que tiveste pachorra para chegar até aqui.
Vai, pois, e diverte-te mais ainda. Sem diversão isto é pouco interessante. Fica mais esta dica, mas prometo ser a última.

Com certeza já recebeste um abraço mais que forte e apertado dos teus pais, que te amam como ninguém mais.
Recebe agora um abraço também forte e apertado dos teus avós, para quem continuarás a ser o seu menino.
Outro, igual, de todos nós, os m&c.
Dos teus amigos.
Falta alguém, digamos… especial?

Teu Tio-Avô,
que te tem sempre por perto,


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

42! Parabéns, Raquel. 42!


Gosto de dedilhar à volta dos nossos Encontros.

E começo pelo avant, sim, porque, como noutros, houve, também neste, um tempo de stand by feito de animação. Escolhemos para o efeito o ‘Reco’ que funcionou como mascote. Serviu o pobre coitado de ingrediente para agitar a imaginação e criar cenários divertidos.


Os ‘maduros’ entusiasmaram-se com a treta e os ‘menos maduros’ - concedo: jovens - também, mas mais conformes com suas ocupações.


Cada qual assumiu a sua tarefa de selecionar um sabor, de forma a incendiar os apetites e a garantir o prazer da mesa que, neste ínterim, íamos pondo à distância; e, por arrasto, duplicar o prazer da companhia a todos.


Chegado o dia, não só não faltou ninguém à chamada como trouxeram dos melhores petiscos das suas redondezas. Este popurri de paladares, regados com colheitas de boas safras, atearam o rastilho para uma noite que se adivinhava participada.


À chegada, a anfitriã, recém dona e senhora da propriedade, recebeu-nos com o seu habitual e sonoro Olá!, envolvido pelo seu sorriso alegre e franco que tão bem conhecemos. Franqueou-nos toda a casa, argumentando que, que, que… e recebendo, em troca, o elogio geral pela escolha. Acreditamos que aqui somará lindas memórias, desejando estar nelas incluídos.


Encaminhados para a mesa, aí distendemos os apetites, tão amordaçado pelos longos dias de espera.

E foi um regalo saltitar de iguaria em iguaria e agradável viajar pelas suas origens.

Qual o mais saboroso?

Cada um reterá o seu preferido. Quanto a mim, opto por todos. É que estou numa fase em que tenho dificuldade em rejeitar sabores. Treinei as papilas, não para a rejeição, mas para a degustação. Salvo raras excepções o estratagema está a resultar. Por outras palavras: “topo (quase) a tudo com’ós polícias”.


Terminamos com os Parabéns à nossa querida Raquel - como é possível haver alguém a fazer 42 anos!!?? - e com um Xi bem merecido e sentido.


De vez em quando sabe bem fechar as portas ao mundo exterior, esquecer, ainda que por pouco tempo, a agitação que o move, e abrir as do mundo daqueles a quem queremos bem.


Parabéns a Nós.



quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Em Dia de São Martinho!



Belo dia este:
Dia de São Martinho!
Até faz esquecer a água 
A quem gosta mais de vinho.

A chuva fez intervalo 
Para o Verão de São Martinho, 
Logo à pressa fui buscar
As assadas, as cozidas e o vinho.

As adegas já estão cheias do líquido 
Que faz mais bem que mal!
Bebendo-se um pouco mais que a conta,
Fica-se em vinha-d’alhos até ao Natal.

No dia de São Martinho 
Vai à adega e prova o vinho.
Toma nota que ‘provar’
É só beber um copinho.

São tão quentes e boas 
No fogareiro a estalar. 
Venha de lá um do tinto
Para melhor as saborear.
 
“São tão quentes e boas”,
Canta-se no refrão do velho fado.
Come, come glutão 
Até ficares saciado
 
Ao passar à tua janela 
Pedi-te uma castanha assada
Distraída com a treta, brincaste: 
Já está estragada!

Desconsolado com o sucedido
Ali permaneci de pé
Aguardando pelo menos 
Um copito de água-pé.

Por não querer ‘ficar a seco’
Pedi-te então um queijinho
De olhar maroto e a sorrir
Atiraste-me um beijinho.
 
São Martinho, meu bom santo,
Atira-me a tua capa; 
E mantém este Sol bonito,
A ver se da chuva a gente escapa.

Para quem trabalha, São Martinho, 
Tem especial consideração; 
Não lhes negues o que te peço
E dá-lhes um belo dia de Verão.

E para os demais também,
Sê amigo e satisfaz-lhes o desejo.
Para não ficarem em casa
E preferirem o arejo.

Para os meus amigos te peço hoje:
Sol, água-pé, castanhas e vinho;
Não me obrigues a pedir segunda vez,
Pois não te peço, nem baixinho.
 
Ai de ti se não me atenderes?
Não venho mais ao engano!  
Ficas virado para a parede, 
De castigo até ao ano.



domingo, 10 de outubro de 2021

“Chamada para o Morto”, by John Le Carré


“Chamada para o Morto”
by John Le Carré

trad.: J. Teixeira de Aguilar

Tema: Espionagem, crime, mistério.


Por oferta de mão amiga cheguei finalmente a John Le Carré. Em boa hora pois assim ainda posso ler o livro à sombra do seu autor, falecido recentemente 20/dez.

Sucede-lhe o tamanho do seu nome que chegou a muito mundo, ocidental sobretudo, e ao meu também. A oportunidade de o ler é que só chegou agora.


Sendo, embora, seu primeiro livro, 1961, é um livro agradável de se ler. Não tanto pela trama ou pela história algo datadas (oportunidade revivalista), mas pelo rigor literário e minúcia narrativa, às quais dou particular valor.

Acresce uma boa tradução, não sei se perfeita, que nos envolve bem no ambiente em que decorre a ação, nomeadamente usos e costumes da época, recorrendo para o efeito à nossa terminologia e expressões conhecidas.


Prendi-me, entusiasmado, à sua prolifera imaginação, tão bem desenhada nas entrelinhas da sua escrita. A aparente simplicidade na forma prende, ab  inicio, o leitor. Utiliza uma linguagem singela, escorreita mas que vai logo ao ponto.

Um léxico não muito elaborado - o que o obriga ao uso de mais palavras -, mas bem escolhidas, alinhadas e seguidas com entusiasmo.




quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Parabéns, Ritinha, Minha Neta Linda


13 Anos!
Parabéns, Ritinha.
Parabéns, Minha Neta Linda.

Todas as idades são bonitas - a minha, 70+, também - mas a idade ‘teen’ (13/19) em que agora estás, é das mais-mais:
mais livre, mais solta, mais espontânea, mais criativa, mais inconsequente, mais arriscável logo, mais intensa, mais inebriante, mais marcante.
Mais feliz.
Daquelas em que as novidades acontecem a bom ritmo, empolgam e se guardam.
Para sempre.
Eternizam-se.

Minha Doce Neta, Menina que em meus olhos habitas, o que mais quero é que agarres este tempo com vontade e alegria, e que nele vivas, por querer teu, muitas experiências, experiências essas que informarão, sementarão e cimentarão teus próximos anos.

Os adultos são uns tontos. Vê lá tu que até aqui queria ver-te sempre pequenina, sempre ao alcance de um braço e de um abraço, mas agora, ao olhar-te assim como estás, contenta-me bem mais ver-te crescer e a olhar de frente, confiante, tudo o que acontece.
Não te vejo mais como uma menininha, mas como uma menina adolescente que aos poucos toma conta de si.

Uma Menina,
Que com uma mão afaga as bonecas e com outra folheia um livro;
Que com uma mão constrói bonitos castelos e com outra refaz outros;
Que com uma mão  comanda e com outra executa;
Que com um pé tateia caminhos novos, com outro corre lesta e confiante;
Que com um olhar compõe um arco-íris, com outro perscruta horizontes;
Que se olha no espelho e sorri satisfeita com o que vê;
Que com um ouvido sussurra os primeiros(?) segredos e com outro atenta em tudo o que a rodeia;
Que brinca com os tachos de faz-de-conta e condimenta nos da cozinha a sério;
Que com a porta do quarto fechada se isola do exterior e com a da casa  semiaberta espreita o mundo;
Que cresce amparada à mãe e ao pai mas desafia-se contra eles;
Que xinga com a ‘peste’ do ‘baixinho’ mas sabe que ele será sempre seu incondicional amigo;
Que abraça as avós e adora seus mimos e carinhos;
Que dá um Xi ao de leve ao avô e a pensar noutra coisa…
Que se entusiasma com os m&m e m&c e quer estar no meio deles;
Que se esgueira com as amigas e se diverte com elas;
Que com um sorriso naquela cara linda encanta e com uma cara fechada contraria.
Em suma,
que experimenta e vive seu tempo-adolescente.

E são todas essas Ritinhas que me encantam, sempre, e se apresentam ao amanhã.

Adoro-te, minha Princesa.
Avô


sexta-feira, 30 de julho de 2021

"O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEM", by Francis Fukuyama




Lugar à filosofia.
Para quem, como eu, não é especialmente versado no tema e menos ainda na dimensão e profundidade como aqui é tratado, a leitura deste livro revela-se de assimilação lenta e pedregosa. Lê-lo mais não é se não um exercício de curiosidade e intrometimento em assunto destinado a eruditos. Várias vezes forcei-me a uma pausa para ampliar meus conhecimentos, comparativamente rudimentares (recorrendo ao dr. Google), e rever conceitos para melhor acompanhar o pensamento do autor.

Surfar pelo tema - filosofia social - cavalgando ideias de outras mentes, mentes esclarecidas, é de per se estimulante.
E valeu a pena.

A quem quiser fluir pelas ideias aqui expostas, é exigido um background específico e amplo, sem o qual a leitura será árdua.

O tema - Organização das Sociedades /ou/ Regimes Políticos - é revisto e analisado numa perspetiva histórica, i.é., de grande fôlego, abrangente, recorrendo a pensadores clássicos, menos clássicos e contemporâneos, e numa tentativa de projeção ou alerta futurista: por que modelo ou modelos de governance as sociedades optarão ou se encaminharão.

Aporta tese própria, já calibrado com a de pensadores que considera e respeita.
Lembra os diversos regimes conhecidos - incluindo a democracia mais ou menos liberal -, postulando que todos são finitos. Recorda, para não recuar à democracia grega antiga, que a ocidental começou a desenhar-se há apenas 225 anos, alavancada pela independência dos EUA (1776) e logo a seguir pela revolução francesa (1789).

E todos sabemos as voltas e reviravoltas que o mundo deu, em todas as geografias, impulsionadas por essas frentes dinâmicas; dinâmicas essas que originaram fragilidades, decadências e fim de impérios coloniais - América do Sul (1800), por exemplo -, mas também avanços importantes em muitas outras.

O mundo em geral foi aspergido e contaminado por essas ideias e conceitos novos. As gentes de então tomaram conta das ruas em muitas latitudes até hoje. Várias soluções de governação foram aparecendo e experimentadas, e outras caindo por substituição, com perfis de execução variáveis de país para país.

Não sei se certo, mas Francis Fukuyama, o autor, pensa bem, articula bem e passa bem a mensagem.
No final assume como inevitável, como fazendo parte do caminhar normal das sociedades, que a democracia liberal, como a conhecemos, não será o último dos regimes, mesmo assumindo que é o mais avançado e que melhor responde ao bem-estar do coletivo humano do século XXI.

Qual virá a seguir, então?
O futuro defini-lo-á.

Numa continuidade temática inclui e interpreta o homem enquanto agente principal das sociedades; as forças que o animam para o estatismo ou para as mudanças. Percorre todo(?) o labirinto anímico e comportamental do ser humano, não deixando certezas, antes interrogações.


sábado, 10 de julho de 2021

Sardinhada Viets_Vila do Conde


Sem surpresas, sem alaridos, como se nos tivéssemos despedido ontem, assim foi o nosso reencontro.
Apanhamos com facilidade os fios da nossa meada no ponto em que os tínhamos deixado, e continuamos a enrolá-los na dobadoira que adquirimos em terras longínquas. Desfiamos, com o gosto de sempre, os fios do prazer dos encontros, da alegria conjunta, do riso síncrono, da gargalhada espontânea e contagiante.
Estar debaixo da mesma campânula, conversar solto, sem pressão de freios incómodos, produz efeitos distendidos, relaxantes, prazerosos. E estimulantes.
Entrar no dia-a-dia da vida das pessoas a quem se quer bem, completa-nos; fecha interrogações geradas nas ausências.

É bem gostoso sentir que, por um tempo, o relógio perdeu os ponteiros;
que o tempo, afinal, é elástico;
que o tempo, afinal, é intemporal;
que nele cabe, afinal, o que lá quisermos colocar.

À volta de uma simples sardinha, perante quem a invejosa lagosta prestou vassalagem e nem apareceu, - obrigado Jorge pela excelente pescaria -, coisas simples e agradáveis aconteceram: saboreamos, mais uma vez, o gosto de bem viver.

Fiquei saciado.
Utilizando uma expressão bem prosaica de satisfação (desculpem): “ainda ‘arroto’ a sardinha”.
Satisfazemos o palato e os insaciáveis estômagos;
deambulamos errantes pelas ruas ao ritmo lento da respiração (e de algum vento fresco!);
Sintonizamo-nos na pandemia; 
Desconfinamos da hibernação mental em curso;
Arriscamos um abraço.
Já lhes disse que gosto de abraços?

E isto é pouco?
Não, não é: é (quase) tudo.

* obrigado, again, pela solidariedade e proximidade pessoal nestes últimos meses.

@Viet-Raquel
@Viet_Jorge
@Eduarda Silva
@Madalena (Viet)
@Viet-Grace
@Viet-Carla Rodrigues
@Viet-Carla Guedes
@Viet-Carla Silva
e
@a_Branca(Esposa)





sexta-feira, 7 de maio de 2021

70! É Bom Ter 70. | A Idade é uma Circunstância

70!    É bom ter    70.
Está a valer bem a pena
A idade é uma circunstância

De há tempos, quando confrontado com a idade, tateava uma resposta: vou fazer 70!, a que juntava uma expressão remoçada de 60, 65 no máximo, à espera do ‘não parece!’ do outro lado. Ou seja, num processo de aproximação lenta, irrigado gota a gota, a mente, sábia, como que de pertença alheia, foi gerindo e postergando habilmente o processo natural diluindo-o impercetivelmente pelos dias. O embaraço tonto que o ‘não parece’ ocasionava foi dando lugar à cedência serena. Devagarinho, pois, calçando pantufas e percorrendo o labirinto sinuoso da mente, os 70 foram aterrando suavemente sem azedumes ou queixas. Instalaram-se confortavelmente no seu lugar com promessas epifânicas.
E com um propósito claro: manter todas as portas do mundo próximo e longínquo escancaradas a fim de que pitada alguma do que por aí ocorra se perca e, acima de tudo, tudo seja vivido, sentido e degustado com prazer intenso e na medida certa.

A mente continua atenta e igualmente sábia quando alija tralha supérflua e se refina no essencial: empatia com as pessoas, principalmente com quem a seu lado caminhou e caminha mas, sobretudo, com os seus, mais e menos próximos. E com o mundo em geral, obviamente.

Porque terá deixado alguma energia ao longo das estradas mais íngremes, o hospedeiro de uma tal mente terá de fazer um esforço extra - incluindo estimulação cognitiva e física - para se manter colado ao pelotão da frente.
A mente humana é prodigiosa!

A idade é uma (geo)circunstância. Gosto desta expressão que para mim quer dizer que cada idade, qualquer idade, é um status, sim, mas também um estadium. Em resultado de diversas camadas de vivências sobrepostas, chega-se a qualquer delas apreciando-as com o esmero dos temperos que foram sendo preferidos. Em consequência, nenhuma idade é igual e, digo eu, ainda bem. A desigualdade e a aleatoriedade daí resultantes favorecem a novidade e a transitoriedade em cada uma. E ao desigualá-las, justifica e estimula-as. Apetece dizer que estas metamorfoses se adaptam aos quesitos de cada etapa.

A vida é um laboratório em atividade onde cada ser aparta os reagentes com os quais quer fazer a experiência de viver.

Olhando um pouco para trás, mas sem desperdiçar muito tempo - até porque o que inebria os sentidos está sempre para a frente -, dou conta de assim ter acontecido. Utilizei os elementos disponíveis em cada fase de acordo com os meus recursos pessoais.

Claro que nem sempre resultou à primeira - isso é que era doce… como sói dizer-se -, mas o espírito experimentalista e animista prevaleceram e propulsaram uma segunda e terceira tentativas.

E tem sido uma vida rica em pluralidade e emoções. E aqui não me refiro a feitos heróicos ou realizações transcendentes - que não os houve ou há, sublinho -, mas ao grau de importância que lhes dediquei e dedico.

Domina-me um sentimento de contentamento e muitas vezes de felicidade que praticamente neutralizam os menos conseguidos. Tenho, inclusive, por gosto e opção sobrevalorizar os bons, reconverter e até mitificar os outros. Ficam mais interessantes assim.

Os carrosséis onde viajo - ora nos rápidos/lentos, ora nos suaves/turbulentos, ora nos prazerosos/agitados, ora na montanha russa - aceleram o ritmo cardíaco, rodopiam emoções, oxigenam o cérebro, tonificam momentos, a tudo dando inspiração e grandeza.

Há dias, em alongada tertúlia com compagnons de route, recuperamos eventos e sentimentos comuns, ruminamos risonhos sobre eles para rematar: temos sido uns afortunados! E fomos passando em revista, em ecrã panorâmico, inúmeros acontecimentos presenciais ou distantes que vivemos até agora, os mais marcantes a nível pessoal, local, nacional e global.

Concordamos que, neste nosso tempo - anos '50 para cá -, o mundo teve uma progressão acelerada; que ciclicamente aumentou e diminuiu de tamanho. Aumentou porque assumimos dominar melhor o seu todo, e simultaneamente também diminuiu no sentido em que praticamente todo ele nos ficou geograficamente mais acessível por mar, terra, ar e conhecimento; que vivemos dentro de todo ele um tempo rico em dimensão e imprevisibilidade tão diversas que vão do primeiro contacto do homem com a lua à paternidade, passando pelo aparecimento da internet e agora a pandemia.
Chegamos a Marte.

E repescamos ao acaso e ao ocaso mais alguns numa transe calma de contentamento aos quais acrescento a esmo, agora, outros mais:

Anos 50
Apanhamos as sequelas da II guerra;
Sub valorizamos as dificuldades sentidas ao tempo por pais e avós;
Comemos, sem refilar, um terço de uma sardinha a pingar em muito pão caseiro;
Íamos à 'Loja' comprar mistura de café, açúcar e petróleo para a candeia;
Roubamos uma lasca ao bacalhau;
Compramos um 'trigo' às escondidas à padeira do giro;
Corremos descalços e sozinhos para a escola;
Aprendemos nas escolas de Salazar;
Memorizamos as fotografias de Craveiro Lopes e Américo Tomás a olhar-nos fixamente das paredes;
Apanhamos reguadas nas mãos pequeninas e frias;
Cantamos o Hino Nacional no começo da aula;
Decoramos os nomes dos rios, das estações da CP, das províncias...
Sabíamos de cor a música da tabuada;
Não percebemos o crucifixo na parede;
Catequizamos nas sacristias das igrejas;
Rezamos o terço à noite;
Não sabíamos o que dizer ao padre na confissão;
Deitamos o pião, corremos atrás do arco e fintamos com a bola de trapos;
Roubamos fruta das árvores dos vizinhos;
Brincamos no terreiro e na calçada até cansar;
Alongamos o dia estival noite adentro para ver as alegres desfolhadas e malhadas;
Esgueiramos e foliamos pelas festas e romarias até às tantas;
Salivamos ao ver os doces expostos nas tendas;
Construímos brinquedos e engenhocas;
Corremos desabridos, livres e soltos pelas aldeias, de calças rotas no cu, ao sol, à chuva e ao vento;
Apressamos para o Café para ver as primeiras imagens da tv, a p&b;
Ignoramos o que se passava em Cuba de Fidel;
Escutamos de olhos arregalados as histórias da carochinha contadas e repetidas à lareira;
Esperamos pela biblioteca ambulante da Gulbenkian;
Líamos as histórias de encantar;
Tomamos banho nus nos rios limpos;

Anos 60
Entretínhamos a ver o 'Dói Dói, a Pincelada e gato Renato’, de Júlio Isidro;
Escutamos as histórias de Solnado nos transístores a pilhas;
Aceleramos com JM Fangio;
Patinamos com o hockey de Livramento;
Celebramos, quase, a conquista do mundial de futebol de Eusébio em '66;
Despertamos e soltamos o romantismo com as canções francesas e italianas;
Lemos as aventuras dos ‘Cinco’ e dos ‘Sete’;
Imitamos Piaf, Mireille Mathieu, Gigliola Cinquetti, Joselito, Sinatra, Redding, Dylan, Elton John, Ton John, Simon & Garfunkel...
Horrorizamos com a Guerra do Vietnam;
Segredamos sobre Gulak de Estaline;
Distanciamos da China de Mao;
Admiramos Nelson Mandela;
Chacoalhamos nas nossas as ideias de J. Orwell;
Animamos com a vitória de John Kennedy;
Trajamos como os hippies;
Choramos e vimos chorar pelos nossos soldados na Invasão de Goa/Damão/Diu;
(como chorava e gritava a Sra. Teresa do Pomar de Cima pelo seu filho Manel)
Suspendemos a respiração com os mísseis de Cuba;
Olhamos, subimos e aplaudimos a minissaia;
Demos as boas vindas à camisinha;
Percorremos todas as curvas de Marilyn Monroe e BB;
Estonteamos com a beleza de Raquel Welch;
Mexemos o capacete com o Rock'n'roll de Elvis;
Criamos Conjuntos Musicais;
"Cantamos o fado" às gajas e trovas às donzelas;
Empurramos Salazar da cadeira;
Desiludimos com Marcelo Caetano;
Corremos para o 'make love not war' de Woodstock;
Cantamos, saltamos e dançamos com os Beatles, Stones, Joplin, Freddie Mercury, e tantos outros;
Preparamos o futuro nas escolas técnicas, nos liceus, nas universidades, nas profissões tradições;
Empinamos o nariz para a lua para ver Neil Armstrong a poisar lá o pé;
Surrupiámos revistas da Playboy;
Enchemos de otimismo com Martin Luther King;
Seguimos, assustados, a Guerra dos Sete Dias;
Vimos Música no Coração, Dez Mandamentos, Zorro, Mascarilha e muitas CowBoyadas;
Saltamos de galho em galho com a destreza de Tarzan atrás da Jane;
Rimos a bom rir com o Bucha&Estica;
Treinamos novo jeito de andar com Charlot;
Embalamos com a valsa da meia-noite nos bailes da paróquia;
Sacamos um ’roço’ nos bailaricos das festas populares;

Anos 70
Voamos do torrão natal;
Despedimo-nos dos nossos emigrantes ‘a salto’ para o mundo;
Desejamos que terminasse a Guerra Fria;
Passeamos em calças boca de sino;
Deixamos crescer bigodes farfalhudos, barbas e cabelos;
Especulamos com o Watergate;
Amedrontamos com a Guerra em Angola, Moçambique e Guiné;
Participamos na guerra colonial, esse destino fatal;
(um destino que ninguém queria mas que ninguém o apaga do seu curriculum)
Exibimos o quico de ‘Che’;
Acreditamos no ‘Portugal e o Futuro’ de Spínola;
Lá longe, juntamos nossa bravura e saudade às lágrimas das esposas, dos pais e dos irmãos;
Dissemos adeus às armas;
Desejamos e fomentamos a Revolução dos Cravos;
Aprendemos a democracia em Abril de 74;
Engrossamos o coro popular com a Grândola Vila Morena e Gaivota;
Escaldamos com o Verão quente de 75;
Celebramos a liberdade e reivindicamos direitos pelas ruas apinhadas;
Engrossamos as filas em busca dos caramelos espanhóis;
Dormimos ao relento nos parques de campismo;
Gargalhamos com o Pátio das Cantigas, Leão da Estrela, Aldeia da Roupa Branca…
Cancelamos tudo para ver ‘Gabriela Cravo e Canela' e o Coronel Ramiro Bastos;
Disputamos bilhetes para ver ‘O último tango em Paris’;
Cantamos com Madonna o ‘Don’t cry for me Argentina ;
Peregrinamos para as praias algarvias;
Pernoitamos nas camionetas a caminho de Benidorm e Salou;
Execramos Pol Pot;
Mal-dizemos Pinochet;
Iniciamos vida profissional;
Transplantamos corações com Christiaan Barnard;
Aguentamos duas bancas rotas nacionais seguidas, ‘77, '83 e terceira em 2011;
Sobrevivemos a inflações e juros de 30%;
Casamos;
Vieram os filhos, a nossa maior façanha e motivação;
Afinamos o ouvido para a música com o génio de Beethoven;
Valsamos com o Danúbio de Strauss;
Silenciamos com os violinos de Vivaldi;
Escalamos às nuvens com a elegância e delicadeza de Mozart;
Ironizamos com Archie Bunker;
Rimos com Allô Allô;
Ligamos o rádio para ouvir o Sala e a Olga;
Esperávamos ansiosos pelo Festival da Canção;

Anos 80
Invadimos a Europa por terra e ar e depois o mundo;
Tememos a Sida;
Explodimos com o calcanhar de Madjer;
Pulamos e saltamos exaustos de discoteca em discoteca;
Corremos atrás do Ouro Olímpico de Carlos Lopes, de Rosa Mota, Mamede e Castros;
Despedimos as máquinas de escrever;
Resistimos aos primeiros computadores;
Falávamos da chegada da Internet;
Invejamos os Yuppies;
Ovacionamos a queda do muro de Berlim;
Aliviamos com o fim da Guerra Fria;
Não compreendemos a reação da China em Tiananmen;
Entramos na velocidade da União Europeia;
Alegramos com a entrada de Portugal na UE;
Jejuamos dos bifes das Vacas Loucas;
Tememos pela vida de João Paulo II no atentado;
Não assassinaríamos John Lennon;
Aderimos ao Concerto Live Aid;
Inquietamos com o desastre Chernobyl;
Desejamos que terminasse a Guerra Irão/Iraque;
Muito falamos sobre a Guerra do Afeganistão/URSS;
Opinamos com a Invasão das Malvinas;
Imitamos os ABBA;

Anos 90
Não colapsamos com a URSS;
Experimentamos os primeiros clicks em www;
Compramos PC´s;
Reunificamos as Alemanhas;
Duvidamos do Fim do Apartheid;
Demos vivas ao Presidente Mandela;
Hesitamos em apoiar a Guerra do Golfo;
Demos o último adeus a Freddie Mercury;
Entristecemos com a fatalidade da Princesa Diana;
Anedotamos com Bill Clinton e Monica Lewinsky;
Retiramos do último território ultramarino: Macau;
Orgulhamos com o Nobel a Saramago;
Prosperamos a par do mundo;
Apoiamos as democracias nas ex-nações soviéticos e todos as outras;
Tememos o Bug na mudança das datas 1999/2000;
Clonamos a Ovelha Dolly;
Envergonhamos ao usar o Telemóvel na rua;
Víamos as Spice Girls;

Anos 00
Viramos o século XX;
Saudamos o XXI;
Trocamos o velho Escudo$ pelo Euro€;
Contentamos com o Euro Grupo;
Quisemos segurar, atónitos e horrorizados as Twin Towers;
Ligamos as Tv’s para Timor (Massacre Stª Cruz);
Descremos da Guerra do Iraque;
Condoemos com o Tsunami de Sumatra;
‘Quase’ ganhamos o Euro 2004;
Conectamos com o mundo através do FaceBook/Twitter...
Estupidificamos com o facebook/twitter;
Algoritamos com as redes sociais;
Ficamos mais atentos às mudanças climáticas com o Furacão Katrina;
Massificamos com a Internet;
Viciamos no Smartphone;
Enternecemos com o desaparecimento de João Paulo II;
Amarguramos com o Crash de ‘08;
Despediu-se Michael Jackson;
Confinamos e teletrabalhámos na Gripe das Aves;
Alegramos com a chegada de Barack Obama;
Fomo-nos despedindo, com dor, da geração anterior;
Hipnotizamos com a chegada dos Netos, esses Príncipes Perfeitos;

Anos '10
Acompanhamos a captura de Bin Laden;
Barafustamos com a Troika;
Maldizemos o governo;
Apertamos o cinto com as restrições;
Acenamos pela última vez a Mandela;
Espreitamos as Reformas;
Discutimos sobre os migrantes no mediterrâneo;
Discordamos do Brexit;
Foi-se Fidel Castro;
Surpreendemos com a eleição de Trump;
Incendiamos com Pedrógão;
Festejamos a conquista do Europeu de Futebol;

Anos ‘20
Caiu-nos em cima o CoronaVírus e a pandemia;
Silenciamos com a paragem das rodas dentadas da máquina do mundo;
Unimo-nos a ele (mundo) na preocupação;
Seguimos enclausurados a evolução;
Congelamos os abraços;
Recorremos à internet, quase, para tudo;
Contentamos com os esforços globais para as vacinas;
Mascarámo-nos com esse objeto estranho e difícil;
Aprendemos novos modos de viver;
Respiramos de alívio com Biden;
Perseveramos com 'Perseverança' a aterrar em Marte;
Acreditamos no amanhã;

E sempre:
  Zelamos pelas amizades
    Enfeitamos os laços sociais
       Cultivamos interações familiares

Que virá a seguir?
Pois que venha. O que vier será bem-vindo.

Avivo e reformulo diariamente a ambição em alta, mantendo o foco no amanhã.





terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Bom Feriado Carnaval/Viets

Bom Carnaval 'a tutti' e vejam se não foliem em excesso.

Por aqui, por Matosinhos, está tudo a gozar ao máximo este tão esperado quanto merecido feriado de carnaval.
Até São Pedro está a colaborar abrindo-nos um sol bonito e quente.
Finalmente um feriadito para podermos estar sossegados e descansar em casa.
Que saudades que eu tinha da minha casinha.
É que tanta agitação e euforia como a que temos vivido ultimamente, também desgasta, também cansa…
Ninguém pára um instante!

E, agora, nesta tarde que espero longa, vou assistir aos desfiles carnavalescos; mas confesso que ainda não decidi se pelo de Ovar, Torres Novas, Rio Janeiro ou Veneza; ou, quiçá, de Espinho, Porto, Maia/Penafiel, Famalicão, Stº Tirso.
Em Matosinhos, sim, porque aqui pelas ruas e marginal, vai uma animação que só visto.
Um conselho de amigo: não se entusiasmem. Não venham afoitos por aí abaixo que já não há bilhetes.
Meu coração balança com tantas opções.

Estou aqui um bocado atrapalhado pois me faltam as palavras certas para lhes transmitir a alegria, a diversão, o entusiasmo que observo nos foliões! e em mim próprio!, e com isso tentar superar a da vossa terra. O que, sei, não será tarefa fácil.
Que ousadia a minha!

Talvez me possam ajudar descrevendo a que vai nas vossas ‘terrinhas’. Sim, ´terrinhas’ porque como aqui, de tão grandiosas, é impossível ultrapassarem-nos.
Mas noto, muito surpreendido!, que as máscaras são, no geral, muito iguais! E não estou a entender bem porquê!? Que se passa!?
Alguém me pode explicar tão inusitada preferência?
Muito obrigado.

Pouco satisfeito com esta ‘mascarada’, admito, embora como longínqua hipótese, ficar na cratera do meu sofá a ver toda a animação que vai por aí... pela tv.
Qualquer dia contar-lhes-ei a história da cratera no sofá, uma cratera que fiz com todo o carinho e teeeempo. Através dela consigo já ver a Ópera de Sidney e cangurus saltitantes… 
Gostariam de uma cratera assim? Posso enviar as instruções.

Então, divirtam-me. 
“Não deixes para amanhã o que podes gozar hoje”

Abraços ‘a tutti quanti’
E saudades, claro.

PS - Day After

Depois da crónica sobre o Carnaval pelas ruas e calçadão de Matosinhos e para não pensarem que foi bluff, junto fotografias do evento. O repórter estava lá e tudo registou ao pormenor mas, de momento, apenas estão disponíveis estas duas.


Sim, é verdade, as fotos refletem o pós-desfile, e já depois de tudo convenientemente limpo e arrumado.

Falta apenas retirar estas grades delimitadoras dos acessos, o que será feito brevemente - mal o mau tempo dê uma oportunidade. Suspeita-se que continuem por ali por mais uns tempos, segundo informações colhidas junto da edilidade local.


Também nos foi dito que, em princípio, para o ano haverá mais carnaval


Beijinhos e Abraços ‘a tutti quanti’


Nota: espera-se idêntica concordância da Madalena, pessoa insuspeita no caso.