Para quem, como eu, não é especialmente versado no tema e menos ainda na dimensão e profundidade como aqui é tratado, a leitura deste livro revela-se de assimilação lenta e pedregosa. Lê-lo mais não é se não um exercício de curiosidade e intrometimento em assunto destinado a eruditos. Várias vezes forcei-me a uma pausa para ampliar meus conhecimentos, comparativamente rudimentares (recorrendo ao dr. Google), e rever conceitos para melhor acompanhar o pensamento do autor.
Surfar pelo tema - filosofia social - cavalgando ideias de outras mentes, mentes esclarecidas, é de per se estimulante.
E valeu a pena.
A quem quiser fluir pelas ideias aqui expostas, é exigido um background específico e amplo, sem o qual a leitura será árdua.
O tema - Organização das Sociedades /ou/ Regimes Políticos - é revisto e analisado numa perspetiva histórica, i.é., de grande fôlego, abrangente, recorrendo a pensadores clássicos, menos clássicos e contemporâneos, e numa tentativa de projeção ou alerta futurista: por que modelo ou modelos de governance as sociedades optarão ou se encaminharão.
Aporta tese própria, já calibrado com a de pensadores que considera e respeita.
Lembra os diversos regimes conhecidos - incluindo a democracia mais ou menos liberal -, postulando que todos são finitos. Recorda, para não recuar à democracia grega antiga, que a ocidental começou a desenhar-se há apenas 225 anos, alavancada pela independência dos EUA (1776) e logo a seguir pela revolução francesa (1789).
E todos sabemos as voltas e reviravoltas que o mundo deu, em todas as geografias, impulsionadas por essas frentes dinâmicas; dinâmicas essas que originaram fragilidades, decadências e fim de impérios coloniais - América do Sul (1800), por exemplo -, mas também avanços importantes em muitas outras.
O mundo em geral foi aspergido e contaminado por essas ideias e conceitos novos. As gentes de então tomaram conta das ruas em muitas latitudes até hoje. Várias soluções de governação foram aparecendo e experimentadas, e outras caindo por substituição, com perfis de execução variáveis de país para país.
Não sei se certo, mas Francis Fukuyama, o autor, pensa bem, articula bem e passa bem a mensagem.
No final assume como inevitável, como fazendo parte do caminhar normal das sociedades, que a democracia liberal, como a conhecemos, não será o último dos regimes, mesmo assumindo que é o mais avançado e que melhor responde ao bem-estar do coletivo humano do século XXI.
Qual virá a seguir, então?
O futuro defini-lo-á.
Numa continuidade temática inclui e interpreta o homem enquanto agente principal das sociedades; as forças que o animam para o estatismo ou para as mudanças. Percorre todo(?) o labirinto anímico e comportamental do ser humano, não deixando certezas, antes interrogações.
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