“Olha a bela sardinha vivinha”, Ó freguês.
- ecoava o pregão pelas redondezas!
- ecoava o pregão pelas redondezas!
De tão alegre e convidativa, a pregoeira leva atrás de si de imediato todos os glutões que logo logo ajustam seus afazeres e respondem com um siiiiim entusiasmado: vamos a elas.
Cedo começa a vislumbrar-se o carvão a crepitar e a estrelejar no fogareiro anunciando como foguetes festivos que o dia 31 se aproximava.
O cheirinho da sardinha na brasa não se fez esperar: subia, subia, subia. O ar enchia-se dos seus bons odores e, levados por ventos amigos, saltitam de casa em casa fazendo as vezes de aperitivo.
O cheirinho da sardinha na brasa não se fez esperar: subia, subia, subia. O ar enchia-se dos seus bons odores e, levados por ventos amigos, saltitam de casa em casa fazendo as vezes de aperitivo.
Ainda a uma boa e desesperante distância do dia D, a mesa começa a ganhar forma e o menu clareza.
- Uf, estava a ver que nunca mais se chegava a esta parte?
- surdinavam algumas vozes.
- surdinavam algumas vozes.
As tarefas foram rapidamente assumidas sem tréguas para ninguém:
01. Carla Rodrigues - bola carne e doce;
02. Grace - paté de atum, tostas, azeitonas;
03. Carla Guedes - mousse de chocolate e pudim;
04. Carla Silva - fruta;
05. Branca - sardinhas, tomate e pimento;
06. António - idem;
07. Madalena - mousse de manga e salgados;
08. Jorge - vinho verde tinto, branco e broa;
09. Eduarda - idem;
10. Envergonhado(a) - idem;
11. Maria - casa e logistica;
12. Raquel - boa vontade.
* numa disputa acesa - já o homem do gong levantava o braço - a corrida pelo caldo verde foi ganha pela dupla Grace/Jorge em que o Jorge se comprometeu em levar o chouriço.
Nota
Lamenta-se que a Eduarda, o(a) Envergonhado(a) e o António tenham sido tão sobrecarregados e logo com o mais difícil de se conseguir.
… é que não foi nada fácil encontrar o tal de ‘idem’!
02. Grace - paté de atum, tostas, azeitonas;
03. Carla Guedes - mousse de chocolate e pudim;
04. Carla Silva - fruta;
05. Branca - sardinhas, tomate e pimento;
06. António - idem;
07. Madalena - mousse de manga e salgados;
08. Jorge - vinho verde tinto, branco e broa;
09. Eduarda - idem;
10. Envergonhado(a) - idem;
11. Maria - casa e logistica;
12. Raquel - boa vontade.
* numa disputa acesa - já o homem do gong levantava o braço - a corrida pelo caldo verde foi ganha pela dupla Grace/Jorge em que o Jorge se comprometeu em levar o chouriço.
Nota
Lamenta-se que a Eduarda, o(a) Envergonhado(a) e o António tenham sido tão sobrecarregados e logo com o mais difícil de se conseguir.
… é que não foi nada fácil encontrar o tal de ‘idem’!
- Assim sim, assim está melhor e já se começa a ver qualquer coisa ainda que longe.
- Demasiado longe, aliás!
- Demasiado longe, aliás!
- barafustam, de mãos nos bolsos, os mais afoitos.
Entrementes, continuavam a ouvir-se os pingos fumegantes das sardinhas a sumir abafados na cinza quente e o cheiro das assadas a colar-se aos convivas, mantendo incandescentes os olfatos e alvoroçados os apetites.
… e os dias iam-se arrastando penosamente, com os recipientes XL a aparar os excessos salivares.
- nunca mais é sexta!?
- ouvem-se vozes em crescentes decibéis já próximas do desespero (e mãos nos bolsos).
- ouvem-se vozes em crescentes decibéis já próximas do desespero (e mãos nos bolsos).
Depois de longa espera, muita saliva desperdiçada, menus feitos e refeitos e acertos de última hora (viva o WhatsApp), eis chegado o grande dia.
Finalmente!
Finalmente!
Uma correria desenfreada acelera os disputados UBER para o vernissage que as anfitriãs amigas em boa hora dispensam. Sem grandes delongas ou conversas fúteis, apressam-se para a mesa a fim de resgatar apetites já descontrolados, sim, porque o almoço fora estrategicamente frugal.
Olhares de águia, quiçá de abutre, inspecionam as iguarias expostas e, confrontados com tamanho requinte e qualidade, paralisam na indecisão: começo por onde?
- hesitam, depois de um curto ah! de incredulidade (e mãos a sair dos bolsos).
A dúvida, porém, rapidamente se dissipa e a mão tremelicante alcança sorrateiramente a primeira prova, seguida de um ah! de descompressão.
Os profissionais da grelha, com indumentária desmerecedora do ofício, tomam conta do seu posto e de lá, com um olho na grelha e outro na mesa, imitando a sentinela (deixemos o cigano em paz), vigiam o movimento das tropas… não vá alguém, explorando distrações alheias, adiantar-se na conversa, sim, porque os acepipes tentavam e estavam ali mesmo à mão de semear.
Todo o cuidado é pouco
- como soi dizer-se.
Todo o cuidado é pouco
- como soi dizer-se.
- Sai-te, melga!
- esconjura-se.
- esconjura-se.
Inesperada e vindo diretamente do IEFP aparece o Miguel, ainda sem carteira profissional, para aprender com os mestres este difícil ofício de Assador. Todavia, as lições recebidas foram tão superiormente ministradas que recebeu logo ali o diploma e o aplauso do júri.
Júri que, de copo numa mão firme e outra a gesticular para disfarçar o pedaço surrupiado, atentava no fogareiro e no aprendiz. E, ao ritmo do abanador, abanavam-se dicas científicas sobre a ‘arte de bem assar sardinhas’:
… o abanador?
… o carvão está a morrer.
… está muito forte!
… cinza, onde está a cinza?
… mais carvão.
… aquela está a queimar!
… alecrim.
… estão a ficar no ponto.
… dicas aproveitadas para um popurri de divertida cavaqueira.
Júri que, de copo numa mão firme e outra a gesticular para disfarçar o pedaço surrupiado, atentava no fogareiro e no aprendiz. E, ao ritmo do abanador, abanavam-se dicas científicas sobre a ‘arte de bem assar sardinhas’:
… o abanador?
… o carvão está a morrer.
… está muito forte!
… cinza, onde está a cinza?
… mais carvão.
… aquela está a queimar!
… alecrim.
… estão a ficar no ponto.
… dicas aproveitadas para um popurri de divertida cavaqueira.
As sardinhas colaboram e apressam-se em dar por terminado o assamento… não vá dar o chilique a alguém!?
Ouve-se a curta distância:
- Saia uma ali para o canto!
- Mais outra para a ponta!
- A dali, sai ou não sai, carago?
- Saia uma ali para o canto!
- Mais outra para a ponta!
- A dali, sai ou não sai, carago?
- Uf, até que enfim!
- Sardinhas para a mesa (ó mãos para que vos quero?).
E o ataque às ditas começa, cada qual competindo como melhor sabia. Uns preferiram vê-la pingar na broa e lambuzar os dedos, outros empunham faca e garfo, não se sabe ao certo se para comer mais, se para manter em sentido um ou outro atrevido!... (a sentinela continuava em estado de alerta).
Os copos rodam e tilintam à passagem, e o verde fresquinho cumpria sua nobre função de temperar os mais acalorados.
Nota:
Dizia um velho receituário popular, entretanto desaparecido - um dia o Borda d'Água (1929) far-lhe-à menção! -, que 'não se deve beber água, tão-pouco chá, coca ou sumos nestas ocasiões', por não ser boa companhia para as sardinhas. Fartas de água andam elas!
- Diz-se por aí à boca cheia que o povo tem sempre razão!!!...
Como que por magia, instalou-se de repente um prolongado silêncio gustativo…
- Jorge, diz qualquer coisa!?
- interrompeu o desmancha-prazeres.
- Jorge, diz qualquer coisa!?
- interrompeu o desmancha-prazeres.
One by one, sardinha sim conversa não, ficou o mar mais desfalcado... e estas foram-se porque estavam, como dizer, de estalo.
Ah, e os glutões saciados, pois claro.
Ah, e os glutões saciados, pois claro.
Mais uma Nota
melhor dito, três, para referenciar o i)tamanho e qualidade dos tomates do António por ii)contraponto com as minudências mas bonitos dos do seu neto e iii)pela surpresa do chouriço do caldo verde: afinal o Jorge não trouxe o dele por, alegadamente, não estar própria para consumo. Desculpas?
melhor dito, três, para referenciar o i)tamanho e qualidade dos tomates do António por ii)contraponto com as minudências mas bonitos dos do seu neto e iii)pela surpresa do chouriço do caldo verde: afinal o Jorge não trouxe o dele por, alegadamente, não estar própria para consumo. Desculpas?
Era chegada a hora de escalar o patamar da degustação. Atiram-se com a gulodice inicial para os doces prazeres e frutas altera-paladar, já antes marcados pelo olhar de águia… ou abutre, conforme o caso.
- 'Alto e pára o baile': quais foram as mãos de fada que prepararam estes pitéus?
- Beijamos essas mãos, Senhoras.
- ouve-se em coro afinado.
- Beijamos essas mãos, Senhoras.
- ouve-se em coro afinado.
Foi um 'vê se te avias'. Pouco resta ou não fossem estes comensais afamados bons garfos com provas dadas por ‘terras do fim do mundo’, - esse mesmo o de Preste João.
O cafezinho reanima e leva a conversa para locais distantes e quem sabe se por lá não se encontrarão.
Um tchim tchim tardio selou o dia com um sorriso colectivo e projectos no ar, oxalá que para breve (Novembro).
Aconselhados por outras estrelas que lá em cima já cintilavam, recolheram-se estas ao seu espaço habitual de onde continuarão a brilhar.
Bjnhs à Maria Inez e à Raquel pelo trato principesco e pelo prazer proporcionado nesta linda tarde de verão.
Abraço para todos nós que elegemos a alegria como condimento certeiro e indispensável de Bem Saber Viver.
Abraço para todos nós que elegemos a alegria como condimento certeiro e indispensável de Bem Saber Viver.
Um forte Viva aos 'Viets e Associadas' - v&a
Sem comentários:
Enviar um comentário