Antevisão da viagem
22 a 27mai2016
Está a Polónia naquele número de países que entraram no meu radar quotidiano para observar e acompanhar.
22 a 27mai2016
Está a Polónia naquele número de países que entraram no meu radar quotidiano para observar e acompanhar.
E há vários motivos para isso:
i) Razões históricas:
Sobretudo com a segunda guerra (que aqui começou, aliás) e a partir daí com a tomada do poder pelo partido comunista e mais tarde com a sua abolição;
ii) Razões mais recentes:
Principalmente as protagonizadas pelos seus dois ilustres representantes: Lech Walesa e Papa João Paulo II. Um e outro, em campos diferentes, proporcionaram visibilidade mundial ao país e honraram-no com o seu exemplo e coragem;
e mais uma razão: a sua entrada na UE em 2004.
iii) Razões de circunstância:
Pelo fato de profissionalmente lhe ter estado ligado através da empresa onde trabalhei, que lá detém um banco com peso expressivo no funcionamento da sua economia, o https://www.bankmillennium.pl; também por causa da enorme relevância que a presença do super mercado retalhista ‘Biedronka’ do Pingo Doce desempenha no país e que ambos são, amiúde, motivo para notícias no nosso país.
Mas, sem dúvida, o que mais me ligou, sempre, àquele país, foi Auschwitz: o local de matança de pessoas a mando de Hitler; o cemitério da humanidade. O local de excelência da nossa memória coletiva do que foram os horrores da 2ª guerra mundial. A sinalização para memória futura de todos do que é possível acontecer quando a distração ou cegueira ofusca o óbvio, como então foi o caso.
É este o grande motivo para a realização desta viagem: ver in loco o que fizeram e como fizeram, como foram praticadas as atrocidades que a história relatou e continua a mostrar e a denunciar, lembrando ao mundo em muitos momentos o que lá ocorreu; que tipo de crimes inumanos Hitler foi capaz de praticar a troco de uma inexplicável gratuitidade ou loucura. Vou tirar a máscara social que marca o olhar dos nossos dias para ver melhor o que há para ver naquelas outras marcas gravadas para sempre nas paredes daquelas casas de horrores.
Acompanho com um interesse muito especial o que se escreveu e escreve sobre as duas guerras mundiais, em particular a segunda: porque foi mais mortífera e horrenda; porque há mais documentação publicada e porque me é mais próxima. É verdade que, pela idade (havia terminado há 6 anos quando nasci), não tive noção, então, do que fora nem dos seus efeitos: eram para mim normais; a geração antes de mim, sim, apanhou as duras consequências.
Tenho na mesinha de cabeceira duas espantosas e honrosas biografias póstumas de Winston Churchill que vou lendo e relendo e em que este tema está permanentemente a ser objeto de reanálises. Por ter sido uns dos principais atores do teatro de operações - se não o maior deles - e por um dos seus filhos ser um dos biógrafos, dá-nos uma leitura bastante credível e próxima dos acontecimentos, acrescentando-lhe indiscutível interesse.
Primeira nota:
O que está a passar-se por estes dias na Alemanha e não só com a primeira edição nos nossos tempos do ‘Mein Kamfp’ (fala-se em sucesso | também editado em Portugal em finais de 2015), é assunto que acompanharei com interesse. Veremos quem se mexe, quantos se mexem, como se agrupam e até onde conseguem chegar os seguidores de Hitler na sua imitação.
Acompanho com um interesse muito especial o que se escreveu e escreve sobre as duas guerras mundiais, em particular a segunda: porque foi mais mortífera e horrenda; porque há mais documentação publicada e porque me é mais próxima. É verdade que, pela idade (havia terminado há 6 anos quando nasci), não tive noção, então, do que fora nem dos seus efeitos: eram para mim normais; a geração antes de mim, sim, apanhou as duras consequências.
Tenho na mesinha de cabeceira duas espantosas e honrosas biografias póstumas de Winston Churchill que vou lendo e relendo e em que este tema está permanentemente a ser objeto de reanálises. Por ter sido uns dos principais atores do teatro de operações - se não o maior deles - e por um dos seus filhos ser um dos biógrafos, dá-nos uma leitura bastante credível e próxima dos acontecimentos, acrescentando-lhe indiscutível interesse.
Primeira nota:
O que está a passar-se por estes dias na Alemanha e não só com a primeira edição nos nossos tempos do ‘Mein Kamfp’ (fala-se em sucesso | também editado em Portugal em finais de 2015), é assunto que acompanharei com interesse. Veremos quem se mexe, quantos se mexem, como se agrupam e até onde conseguem chegar os seguidores de Hitler na sua imitação.
Alguns dados informativos sobre o país:
Superfície: 312.683 km²,
68º Maior país do mundo
População: 38,5 milhões de habitantes residentes + 17 milhões emigrados
Membro da UE, NATO, OCDE e OMC
9º Maior da Europa.
34º País mais populoso do mundo
6º Membro mais populoso da U.E.
Estado pós-comunista mais populoso da U.E.
Ord. Mínimo: 325€ / Mês
PiB per capita: 21.118 USD (49º)
Superfície: 312.683 km²,
68º Maior país do mundo
População: 38,5 milhões de habitantes residentes + 17 milhões emigrados
Membro da UE, NATO, OCDE e OMC
9º Maior da Europa.
34º País mais populoso do mundo
6º Membro mais populoso da U.E.
Estado pós-comunista mais populoso da U.E.
Ord. Mínimo: 325€ / Mês
PiB per capita: 21.118 USD (49º)
A Viagem
Tentar meter numa pequena crónica um país desta dimensão é uma pretensão sem sentido e a que me subtraio sem cerimónia ou preconceito, porque seria sempre parcial ou omissa. Também porque a parte e quantidade do território visitadas, apesar de serem as mais importantes, foram pequenas e não retratarão capazmente o país. Limitar-me-ei, por isso, às partes contempladas pela viagem e a um ou outro apontamento de carácter mais geral e mais impressivo. Deixo uma opinião mais calibrada para outra altura ficando desde já em estado de alerta para um melhor acompanhamento que doravante darei ao país que, em resultado desta proximidade e renovado conhecimento, será naturalmente maior.
Depois de sobrevoar terras alemãs na aproximação ao aeroporto de Frankfurt, já mais próximo do solo, é bem notório o rigor alemão no alinhamento das suas terras e aldeias: tudo elaborado a régua e esquadro nos gabinetes centrais; assim parece.
Idêntico olhar em terras Polacas mostra, numa primeira impressão, uma maior desplanificação e subsequente desalinhamento.
À medida que ía avançando pela Polónia adentro, esta ideia inicial de desalinho desvaneceu-se bastante, em alguns casos anulada e em muitos outros superada para melhor.
Polónia, situada no centro da Europa, com salários baixos, um custo de vida baixo, muito populosa e vizinha da todo-poderosa Alemanha, tornou-se o seu país fronteiriço eleito para a extensão dos seus investimentos económicos. Com certeza um dos seus parceiros favoritos e ali mesmo à mão. A circularidade entre ambos é intensa e facilmente observável nos transportes rodoviários de mercadorias: as estradas andam pejadas de camiões num vai-e-vem frenético, qual incansável formigueiro sem estação de descanso.
De qualquer ponto de vista que se olhe para o país - com um olhar mais ocidental, mais de leste, misto ou neutral, uma coisa é certa: estamos perante um grande e belo país.
Todo o seu passado recente foi ultrapassado ou em rápida aceleração. As sequelas da II guerra e as feridas profundas que então lhe foram infligidas estão praticamente saradas; a época comunista enterrada e o país segue seu rumo na direção europeia, a bom ritmo e, aparentemente, de forma sustentada.
Uma nação a funcionar como tal com as suas gentes em paz com elas mesmas e com a sua história. Um pouco diferente de outros europeus, não aparentam pressa nem stress em chegar antes do tempo certo. A cadência do seu dia-a-dia é mais lenta que o normal a que estamos habituados e suas gentes são calmas, apreciando e usufruindo desse ritmo.
As esplanadas abundam e estão cheias. Os turistas são muitos, mesmo para além dos locais emblemáticos.
O dinheiro oriundo da UE está a produzir os seus efeitos e repartido de forma bastante homogênea pelo território.
Tem naturalmente a sua (respeitável) história - velha de séculos, início em 966 d.C. - com altos e baixos similar a tantos outras, mas não merecedores de relevo especial, nomeadamente para nós estrangeiros.
A segunda metade do século XX, porque mais próxima e trágica já nos obriga a alguma atenção.
Em 1947, ao entrar na órbita da União Soviética perdeu a oportunidade de acesso aos dinheiros do Plano Marshall e isso foi uma condicionante de peso para a reconstrução do país; até porque a URSS, para além das suas próprias debilidades financeiras era apenas ‘inspiradora’ e não financiadora dos países seus aliados; fornecia ‘apoio psicológico’ e o resto apenas na medida do planificado e do retorno desejado.
A Polónia foi nessa altura o país eleito para produção da batata e sedeação de estaleiros: os de Gdansk (Roménia: cereais; ChecoEslováquia: Eléctricos; Hungria: autocarros…).
Depois de sobrevoar terras alemãs na aproximação ao aeroporto de Frankfurt, já mais próximo do solo, é bem notório o rigor alemão no alinhamento das suas terras e aldeias: tudo elaborado a régua e esquadro nos gabinetes centrais; assim parece.
Idêntico olhar em terras Polacas mostra, numa primeira impressão, uma maior desplanificação e subsequente desalinhamento.
À medida que ía avançando pela Polónia adentro, esta ideia inicial de desalinho desvaneceu-se bastante, em alguns casos anulada e em muitos outros superada para melhor.
Polónia, situada no centro da Europa, com salários baixos, um custo de vida baixo, muito populosa e vizinha da todo-poderosa Alemanha, tornou-se o seu país fronteiriço eleito para a extensão dos seus investimentos económicos. Com certeza um dos seus parceiros favoritos e ali mesmo à mão. A circularidade entre ambos é intensa e facilmente observável nos transportes rodoviários de mercadorias: as estradas andam pejadas de camiões num vai-e-vem frenético, qual incansável formigueiro sem estação de descanso.
De qualquer ponto de vista que se olhe para o país - com um olhar mais ocidental, mais de leste, misto ou neutral, uma coisa é certa: estamos perante um grande e belo país.
Todo o seu passado recente foi ultrapassado ou em rápida aceleração. As sequelas da II guerra e as feridas profundas que então lhe foram infligidas estão praticamente saradas; a época comunista enterrada e o país segue seu rumo na direção europeia, a bom ritmo e, aparentemente, de forma sustentada.
Uma nação a funcionar como tal com as suas gentes em paz com elas mesmas e com a sua história. Um pouco diferente de outros europeus, não aparentam pressa nem stress em chegar antes do tempo certo. A cadência do seu dia-a-dia é mais lenta que o normal a que estamos habituados e suas gentes são calmas, apreciando e usufruindo desse ritmo.
As esplanadas abundam e estão cheias. Os turistas são muitos, mesmo para além dos locais emblemáticos.
O dinheiro oriundo da UE está a produzir os seus efeitos e repartido de forma bastante homogênea pelo território.
Tem naturalmente a sua (respeitável) história - velha de séculos, início em 966 d.C. - com altos e baixos similar a tantos outras, mas não merecedores de relevo especial, nomeadamente para nós estrangeiros.
A segunda metade do século XX, porque mais próxima e trágica já nos obriga a alguma atenção.
Em 1947, ao entrar na órbita da União Soviética perdeu a oportunidade de acesso aos dinheiros do Plano Marshall e isso foi uma condicionante de peso para a reconstrução do país; até porque a URSS, para além das suas próprias debilidades financeiras era apenas ‘inspiradora’ e não financiadora dos países seus aliados; fornecia ‘apoio psicológico’ e o resto apenas na medida do planificado e do retorno desejado.
A Polónia foi nessa altura o país eleito para produção da batata e sedeação de estaleiros: os de Gdansk (Roménia: cereais; ChecoEslováquia: Eléctricos; Hungria: autocarros…).
À medida que se vai visitando a cidade, até parece uma cidade recente e ter começado apenas depois da II guerra. Não sendo verdade, obviamente, é contudo explicável. A cidade sofreu uma destruição quase total na ordem dos 85% (casco antigo: 95%) depois dos bombardeamentos alemães aí terem iniciado a guerra. A quantidade de judeus que aí viviam (3.000.000) justificou a preferência. Arrasaram tudo à força massiva de bombas, incluindo o morticínio de 800.000 dos seus habitantes.
‘Não ficou pedra sobre pedra’.
(Foram mortos 6.000.000 de polacos incluindo 3.000.000 de judeus)
Espaço em branco para reflecção…
Como a Fénix - e aqui a imagem é de plena aplicação - começou a renascer, literalmente, a partir das cinzas e dos escombros.
Não havia tempo a perder. O passado foi relegado para outros níveis de importância e houve que meter as mãos à obra da reconstrução. O futuro estava ali mesmo pela frente e havia que antecipá-lo rapidamente.
O futuro era urgente.
Foi entregue a replanificação da cidade a um gabinete de arquitetos que produziu o que hoje se observa: uma ‘casco antigo’ acantonado e bem cuidado para documentação histórica futura das suas gentes e do mundo (UNESCO) e abertas largas e compridas avenidas que redefiniram as veias centrais por onde os seus habitantes circulam animando a vida da cidade e as suas próprias.
(Pela semelhança de projeto, ocorreu-me o que em 1755 foi feito na reconstrução da nossa Lisboa Pombalina…)
A cidade (Varsóvia) é pois uma cidade completamente nova, bem delineada e agradável de se ver e visitar.
As suas grandes avenidas dificultam um pouco o acesso pedestre às várias centralidades e não é fácil de percecionar o conjunto.
Porém, felizmente houve a oportunidade de subir ao 30º andar do Palácio da Cultura (antigo e único ícone da era soviética). Uma visão de 360º, deu-nos o look da cidade atual e global. Aí, sim, apareceu uma cidade gigantesca no seu maior esplendor: a funcionalidade das suas avenidas rasgando horizontes, os quarteirões e prédios da época da reconstrução e a parte mais recente com edifícios altos envidraçados como qualquer outra grande cidade moderna. Os bons transportes públicos característicos - num sistema de vasos comunicantes - a ligar tudo eficaz e harmoniosamente.
Vista daqui do alto do 30º andar, faz lembrar Barcelona vista do Museu Nacional d’Arte da Catalunha, lá perto da Praça de Espanha; Havana, vista do enorme e alto hotel da era colonial lá bem no centro da cidade e, porque não, Paris, vista da Torre Eiffel. O look, àquela distância e altura, é comparável.
Não está perfeita e os prédios mais datados sofrem de algum tipo de falta de conservação mas isso não retira o respeito e até admiração para com este povo que, sem ajudas de terceiros, recorrendo apenas a si próprio, conseguiu reerguer-se a este nível.
Uma nota especial para o parque dedicado a Frederic Chopin: pelas suas dimensões (80 hectares / o do nosso Porto 83), pelos acabamentos, pelo trato, pela diversidade arbórea e animal e pelo prazer que oferece a quem nele se passeia.
Castelo e Torre reconstruidos |
Vida hoje no Centro cidade Varsóvia |
Vista cidade 30º andar |
Frederic Chopin |
Edifícon -ícon - era soviérica |
Memorial ao Judeus, Varsóvia |
Cracóvia, antiga capital
Cidade grande, bonita e histórica (Unesco). Capital do país entre os séculos XIV e XVI, mantém bem conservadas as múltiplas arquiteturas que a linha do tempo produziu, remontando à sua criação no séc. VII.
Os nazis, que a usaram para apoio administrativo, pouparam-na à destruição das suas bombas.
Teve sorte sua gente, o país e o mundo.
Em resultado, a preservação foi possível. O seu acervo monumental é rico e conta-nos histórias seculares.
Um número anormalmente elevado de grandes e vistosas igrejas católicas (95% da população é católica) dão-nos uma ideia do grau de religiosidade deste povo. A exímia conservação dos seus templos e a adesão em massa aos multi-horários do culto impressionam pela novidade.
No seu centro, uma enorme praça, a Praça do Mercado, faz jus à fama mundial com que é apresentada. De dimensões singulares e quase únicas - 40.000 m2 - (200x200), acolhe a quem a ela chega de braços bem abertos, oferecendo espaço, luz e paz. A dinâmica de vida dos seus habitantes na labuta do dia-a-dia, providencia aos incontáveis turistas que a procura as novidades e prazeres que os lá levaram. As enfeitadas e floridas esplanadas ajudam a colorir esta paisagem urbana e proporcionam bem-estar ao cansado visitante ou transeunte. A fantástica igreja da Santa Maria e a sua torre sineira fazem movimentar a massa humana que por lá se passeia quando, de hora a hora, um clarim assome à mais alta das suas janelas fazendo sair dos pulmões do executante a marcação horária. Ao terminar com o gesto do adeus, os braços e o alarido de quem cá de baixo o observa e escuta altera a paisagem humana, saudando-o também com uma resposta coletiva, síncrona e harmoniosa.
O núcleo universitário (Universidade Jaguelónica / das mais antigas da Europa e do mundo), os castelos e os inumeráveis e bonitos parques dão ao conjunto da cidade aquela atração irresistível.
Ficaria incompleto este apontamento sobre Cracóvia se deixasse de fora o rio Vistola; está para a cidade como o Sena para Paris ou, num plano mais plano, como o nosso Douro para Porto/Gaia ou mesmo o Hudson para N.Y. (noutra esala): ameniza o bulício citadino dando-lhe natureza, grandeza, profundidade e oportunidade.
Ficaria ainda mais incompleto se não referisse um original do maior génio de todos os tempos: “ A Dama com Arminho” de Leonardo da Vinci.
Causa-me sempre alguma estupefação e frisson a visão de obras deste calibre. Valorizo e rejubilo sempre com estas oportunidades.
Nota:
Fiquei surpreendido com algum descuido no seu resguardo. Esperava, à semelhança da Mona Lisa no Louvre, que o acesso ao vandalismo fosse mais protegido, nomeadamente com um vidro anti-vândalos. É claro que estão lá guardas (suponho que especializados) que ‘tudo vêm’ mas…
Praça do Mercado, Cracóvia |
Igreja Stº Maria, Cracóvia |
Igreja Stº Maria, Cracóvia |
Igreja Stº Maria, Cracóvia |
Rio Vistola |
Czestochowa:
Local de peregrinação e culto.
Para quem conhece Fátima da Cova da Iria - e quantos de nós portugueses a desconhecerão? -, este, também, Santuário Mariano, da Virgem Negra, assim conhecido, não se surpreenderá, incluindo a dimensão do recinto exterior.
Apenas a nossa Fátima tem 100 anos de vida e Jasna Góra mais de 500. Acrescentarei ao número de anos uma maior religiosidade do povo polaco e um somatório de pequenos gestos ao longo dos séculos que transformaram a Igreja e o Mosteiro naquilo que hoje é, e não é pouco: esplendorosos.
A riqueza dos seus interiores é magnífica e deslumbrante. Vale a pena pois ajuda a compreender a idiossincrasia religiosa deste povo tão dedicado ao sobrenatural.
Local de peregrinação e culto.
Para quem conhece Fátima da Cova da Iria - e quantos de nós portugueses a desconhecerão? -, este, também, Santuário Mariano, da Virgem Negra, assim conhecido, não se surpreenderá, incluindo a dimensão do recinto exterior.
Apenas a nossa Fátima tem 100 anos de vida e Jasna Góra mais de 500. Acrescentarei ao número de anos uma maior religiosidade do povo polaco e um somatório de pequenos gestos ao longo dos séculos que transformaram a Igreja e o Mosteiro naquilo que hoje é, e não é pouco: esplendorosos.
A riqueza dos seus interiores é magnífica e deslumbrante. Vale a pena pois ajuda a compreender a idiossincrasia religiosa deste povo tão dedicado ao sobrenatural.
Mosteiro Virgem Negra |
Interior Igreja Virgem Negra |
Auschwitz
(no photos)
Outros, muitos, introspetivos e tocantes memoriais espalhados (felizmente) pelo mundo lembram a calamidade, mas este, o de Auschwitz (até a singularidade do som o torna impronunciável) é o único memorial ‘vivo’ desta dimensão e simbolismo. Mais que simbólico: ‘O Original’.
Muitos milhões de pessoas já passaram por aqui e levaram consigo um pedaço vivo e chocante desta nossa história contemporânea; e hoje foi a minha vez. Levo comigo o meu triste quinhão que juntarei aos que já possuo. Cedo agora o lugar aos vindouros na certeza (e recomendação) de que esta visita faz bem à alma. Não nos reconcilia com esse passado tenebroso, antes pelo contrário, multiplica-lhe e aviva-lhe as cores que a dinâmica do nosso tempo insiste em amarelecer.
Ao longo dos anos as imagens sinistras das casernas e do arame farpado e eletrificado que cercavam o campo, flagelaram as mentes.
As linhas do caminho-de-ferro e das carruagens degradantes que para aqui deportaram as pessoas oriundas de todo o lado, petrificaram os movimentos. As imagens inumanas do interior das camaratas e os ‘esqueletos’ dos ocupantes enregelaram os sentidos; o desrespeito e a degradação do ser humano atingiram níveis impensáveis; a banalização da morte tornou-se efetiva e refém de uns tantos…
Ver e tocar tudo isto, que o imaginário adensou, no local onde tudo aconteceu, emudece a alma. O coração fica pequenino e as lágrimas já lá não cabem.
Ver os óculos amontoados a um canto e atrás de cada par um olhar impotente e de socorro de alguém;
Ver aquela montanha de cabelos violentamente tosquiados a seres humanos como nós;
Ver todo o tipo de próteses ali paralisadas e em cada uma, uma (exterminável / descartável) necessitada pessoa;
Ver aquela enorme resma de sapatos sujos, rotos e gastos que já não poupavam ninguém ao frio e à neve;
Ver os mais íntimos pertences pessoais, ali, ao abandono total;
Não ver do que se alimentavam ou, pior, saber que não se alimentavam;
Ver suas ‘roupas’ simples e esfarrapadas e o rigor do inverno a enregelarem-lhes os ossos;
Ver as enxergas ou simples palha seca e pútrida onde as pessoas eram esquecidas;
Ver os imundos wc coletivos ou os simples baldes fétidos também imundos e coletivos;
Ver um buraco com 1 m2 de área onde tinham de caber e pernoitar de pé e sem ar , 4 ‘desobedientes’;
Ver mais uma montanha de pequenos recipientes que transportaram os grãos químicos para a produção do gás experimental e fatal;
Ver as câmaras de gás e os dispersores no teto de onde sairia a morte de centenas de pessoas;
Ver os fornos crematórios onde as pessoas eram eliminadas sem deixar rasto de si;
Ver (algumas) fotos nas paredes olhando fixamente para nós e perguntando: why me and not you?
… pausa para respirar um pouco.
Auschwitz: 1.500.000 Mortos
Treblinka: 800.000 Mortos
Belzec: 600.000 Mortos
10 Campos Concentração (só na Polónia) e 4.000.000 de pessoas aí Mortas
6.000.000 Mortos Polacos (3.000.000 judeus)
Nota:
Desconheço se propositadamente ou não mas achei o Campo e as casernas cuidados de mais: demasiado limpas e despojadas.
Paralelismos e considerações a propósito.
Apreciar o mausoléu de Ataturk (que acabou com o período otomano - responsável pelo genocídio armênio: 1,5 M mortos, entre outros crimes), ou o de Lenine (do império soviético cuja evolução por Estaline deu o que sabemos), não é a mesma coisa.
Ambos feitos no melhor mármore polido, em locais amplos, nobres e exclusivos, remetem-nos desde logo para a vontade premeditada de um registo de relevo (sobranceria) histórico, mas falta-lhe autenticidade. Deslumbram pela imponência, pelo esmero mas recalcitram na premeditação e no exagero à exaltação do líder.
Gostaria de ter na minha lista o de Mao Tse Tung e o Norte-Coreano, ao que sei similar aos citados. Quem sabe um dia...
Custa-me entender que depois de 70 anos de paz nesta nossa querida e por todos invejada Europa haja setores que a não defendam e outros que dela queiram sair ou a ataquem.
Não direi que seja fácil mantê-la próspera e unida, mas o esforço acho que vale a pena.
Quem, como eu, a conheceu parcelada, com fronteiras, com múltiplas divisas e circulação restrita de pessoas, mercadorias e outros bens, sabe bem quão diferente, para melhor, é a situação atual.
É incompreensível e de lesa futuro dos nossos filhos e netos perder todas estas facilidades, esta Europa.
Incluo a minha estupefação e desacordo com o Brexit.
Todos conhecemos o valor da GB no contexto europeu e mundial; a sua inclusão na Europa soma valor económico e estratégico a si própria, à Europa e ao mundo. Porquê sair!?
Ainda a propósito da II guerra e do Brexit, lembro o quão decisivo foi para a Europa ter um vizinho forte e amigo que foi capaz de ser contrapoder à Alemanha.
Se não esquecermos e não nos desviarmos dos ensinamentos da história, o futuro, sempre imprevisível, será mais garantido.
Minas Sal de Wieliczka
Começo por dizer que não fiquei fã destas minas. Para além do mais e desde logo, é bem visível um claro (abusivo e único) aproveitamento comercial e financeiro. Fiz lá mesmo umas contas por alto e, depois de obtidas algumas respostas, cheguei rapidamente a esta conclusão:
1.000.000 Visitantes ano x 18 € do ticket (média) = 18.000.000 € / Ano de receita.
Ou seja, são mais rentáveis hoje do que outrora… 'o ouro branco do país' da atualidade.
Por outro lado, e no que à visita diz respeito, encontrei tudo bem preparado, excessivamente bem preparado: para turista ver.
Falta, por exemplo, o contacto com uma frente de exploração saleira para podermos ver exatamente como era essa exploração em termos técnicos e humanos. Refiro-me às condições concretas da exploração e extração até à superfície do produto. E isso não vi. Inclusive os túneis de acesso estão excessivamente entaipados, quase que escondendo do visitante as agruras do trabalho e das suas condições, que se adivinham difíceis. Bem difíceis.
Não ignoro a importância que teve para o país e para a Europa o início da sua exploração no século XIII (ou talvez antes, no séc. XI) e não ignoro também todo o trabalho dos mineiros que lá ganharam o seu pão. Valorizo os do trabalho mineiro, propriamente dito, mas também o daqueles que com os seus dotes artísticos nos deixaram um legado impressionante através dos inúmeros túneis, lagos, capelas e esculturas em sal. Ao todo e durante séculos, perfuraram centenas de kilómetros (+ de 300 kms, diz-se) de túneis em busca, não do 'precioso metal amarelo', mas do 'precioso sal' para a alimentação.
Não ignoro também que os processos de exploração foram-se alterando com o passar dos séculos e isso dá-nos a evolução da história da humanidade (Unesco).
Mas choca-me a sua bem patente exploração comercial atual.
Teriam o mesmo impacto se em vez do sal fosse extraído o ‘metal amarelo’?
Porque não, então, explorar comercial e turisticamente outras minas?
Nota:
Mas estou certo que aplaudiria a exploração comercial deste ou de outros bens desde que rentáveis.
Contradições...
Começo por dizer que não fiquei fã destas minas. Para além do mais e desde logo, é bem visível um claro (abusivo e único) aproveitamento comercial e financeiro. Fiz lá mesmo umas contas por alto e, depois de obtidas algumas respostas, cheguei rapidamente a esta conclusão:
1.000.000 Visitantes ano x 18 € do ticket (média) = 18.000.000 € / Ano de receita.
Ou seja, são mais rentáveis hoje do que outrora… 'o ouro branco do país' da atualidade.
Por outro lado, e no que à visita diz respeito, encontrei tudo bem preparado, excessivamente bem preparado: para turista ver.
Falta, por exemplo, o contacto com uma frente de exploração saleira para podermos ver exatamente como era essa exploração em termos técnicos e humanos. Refiro-me às condições concretas da exploração e extração até à superfície do produto. E isso não vi. Inclusive os túneis de acesso estão excessivamente entaipados, quase que escondendo do visitante as agruras do trabalho e das suas condições, que se adivinham difíceis. Bem difíceis.
Não ignoro a importância que teve para o país e para a Europa o início da sua exploração no século XIII (ou talvez antes, no séc. XI) e não ignoro também todo o trabalho dos mineiros que lá ganharam o seu pão. Valorizo os do trabalho mineiro, propriamente dito, mas também o daqueles que com os seus dotes artísticos nos deixaram um legado impressionante através dos inúmeros túneis, lagos, capelas e esculturas em sal. Ao todo e durante séculos, perfuraram centenas de kilómetros (+ de 300 kms, diz-se) de túneis em busca, não do 'precioso metal amarelo', mas do 'precioso sal' para a alimentação.
Não ignoro também que os processos de exploração foram-se alterando com o passar dos séculos e isso dá-nos a evolução da história da humanidade (Unesco).
Mas choca-me a sua bem patente exploração comercial atual.
Teriam o mesmo impacto se em vez do sal fosse extraído o ‘metal amarelo’?
Porque não, então, explorar comercial e turisticamente outras minas?
Nota:
Mas estou certo que aplaudiria a exploração comercial deste ou de outros bens desde que rentáveis.
Contradições...
Entrada Minas de Sal |
Ingreja interior Minas Sal |
WadoWice
Terra Natal João Paulo II (1º Papa não italiano).
João Paulo II foi, no seu tempo, um Papa marcante para a Igreja Católica; foi-o para o mundo e, de sobremaneira, para o seu país natal. Percebe-se (e aceita-se) que os seus concidadãos, seguidores e políticos, o elejam como ícone nacional, não só por razões de substância religiosa mas também por razões de aproveitamento da sua imagem para promoção do país pelo mundo. Qual o país que não o faria?
O que na sua terra natal fizeram para o glorificar e lhe dar honrarias nacionais e transnacionais é compreensível.
A Basílica que lhe é dedicada, o museu construído a partir do local e casa onde viveu, a praça em frente à Basílica com uma lage no chão com a inscrição do nome de todos os 129 países visitados, incluindo Portugal / 4 vezes, são registos interessantes que têm cativado o turismo.
Mas, tanto a Basílica como o Museu ficam aquém do esperado.
Basílica João Paulo II |
Algumas personalidades polacas célebres e que melhor conheci e acompanhei:
Fryderyk Chopin (Músico / Séc. XIX)
Nicolaus Copernicus (Astrónomo e Matemático / Séc. XV)
Marie Curie (Física e Química Nuclear Séc. XIX)
Lech Walesa (Político, Séc. XX)
Menachem Begin (Político, Séc. XX - 1º Ministro Israel)
Catarina II, A Grande (Política / Kzar Russa, Séc. XVIII)
Gabriel Fahrenheit (Físico, Séc. XVII)
Karol Józef Wojtyła | John Paul II (Papa, Séc. XX)
Roman Polanski (Filmes, Séc. XX)
Zbigniew Boniek (Futebol, Séc. XX))
André Jordan (Empresário / Vila Moura, Quinta do Lago, Séc. XX)
Andrzej Golota (Boxer, Séc. XX)
Fryderyk Chopin (Músico / Séc. XIX)
Nicolaus Copernicus (Astrónomo e Matemático / Séc. XV)
Marie Curie (Física e Química Nuclear Séc. XIX)
Lech Walesa (Político, Séc. XX)
Menachem Begin (Político, Séc. XX - 1º Ministro Israel)
Catarina II, A Grande (Política / Kzar Russa, Séc. XVIII)
Gabriel Fahrenheit (Físico, Séc. XVII)
Karol Józef Wojtyła | John Paul II (Papa, Séc. XX)
Roman Polanski (Filmes, Séc. XX)
Zbigniew Boniek (Futebol, Séc. XX))
André Jordan (Empresário / Vila Moura, Quinta do Lago, Séc. XX)
Andrzej Golota (Boxer, Séc. XX)
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