terça-feira, 30 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Corrupção: o cancro incurável | José Sócrates e outros...
Vivemos atualmente em
Portugal, mais uma vez, momentos conturbados, muito agitados e comentados na
área da corrupção, potenciados pelo aparecimento em cena de José Sócrates. E
não só nesta área, lembra-se. A chama reacendeu e os ventos multidirecionais ampliam
o fenómeno. As turbas perfilam-se defendendo cada qual com os argumentos mais
'inteligentes' a parte do seu quintal. Apenas uma ou outra voz mais desalinhada
lá vai redirecionando o discurso para o lado da ética mais pura ou
desapaixonada.
Vou focar-me, por ora nesta, na corrupção, sintonizando-me com o bruaá que corre nos media, adiando mas não esquecendo as outras.
Vou focar-me, por ora nesta, na corrupção, sintonizando-me com o bruaá que corre nos media, adiando mas não esquecendo as outras.
Começo por dizer que o tema em
geral me provoca, sempre, urticária aguda mas particularmente virulenta quando
proveniente da classe política.
É suposto que os eleitos
sejam, eles próprios, sobretudo eles próprios, pessoas de bem, idóneas, probas;
diria 'imaculadas'. Deviam ser e ser vistas como exemplos de inquestionável
conduta moral, pessoal e social. Deveriam ser o que nos grandes palcos
altissonantemente apregoam pois isso dar-lhes-ia uma aura de inatacabilidade e
creditícia que levaria a que os cidadãos acatassem com réplica colaborante as
suas opiniões e conduziriam assim sob esse lastro mais almofadado, o timing e a
eficácia dos destinos das sociedades, tal como o bom e sábio pastor encaminha
seu rebanho para pastos mais fartos.
Sabemos, desde que o ser
humano começou a ficar gregário, que tem de haver alguém, eleito ou não, que o
organize e o faça funcionar em grupo, isto é, com regras. Pior que tudo são os
anárquicos ou os inorgânicos que, acéfalos, tresmalham-se com mais facilidade.
Qualquer que seja a forma de
organização, desde a ditatorial - mais à esquerda ou mais à direita - passando
por todas as outras, e incluindo a democrática, em todas elas, esta questão da
corrupção é transversal, sendo que, na democrática por ser a mais escrutinada
popularmente é a menos gravosa e a que menos perdura.
A sua existência e
persistência em todos os modelos foi, é e será sempre abjeta e nefanda.
Causa-me revolta visceral, todos os casos conhecidos e tenho para aqueles que a praticam o mesmo sentimento: de repúdio total, no mínimo, e isto para me abster da escolha de qualificativos que, se usados, seriam os mais populares; os de rua mesmo.
Causa-me revolta visceral, todos os casos conhecidos e tenho para aqueles que a praticam o mesmo sentimento: de repúdio total, no mínimo, e isto para me abster da escolha de qualificativos que, se usados, seriam os mais populares; os de rua mesmo.
E chegamos a José Sócrates!
Nota prévia:
Fui seu entusiasta, quase
indefectível defensor, enquanto primeiro-ministro.
Tinha qualidades raras indispensáveis à função.
Lutou tenazmente contra
poderes e privilégios instalados e tentou equalizar um pouco mais a sociedade
portuguesa. Criou com este seu denodo inimigos poderosos, alguns ferozes e de
vingança retardada. Os rastilhos outrora ateados parecem estar a detonar agora bombas por todo o lado...
Essa sua postura era para mim
virtuosa.
Cometeu erros? Concerteza e
alguns sérios.
Não sei o que lhe irá
acontecer judicialmente. Uma afirmação categórica pronuncio desde já: se é
culpado - corrupto - que seja severamente castigado. Se possível mais que os
outros mais 'normais'. Obviamente libertado se for essa a justiça a aplicar.
Não aceito, não pactuo com
gente - seja ela quem for, incluindo José Sócrates - que, a coberto de um pelo
alvo de cordeiro, usem as cadeiras públicas para o enriquecimento pessoal.
Abominável simplesmente.
Tinha satisfação que, se
culpado, fosse severa e exemplarmente castigado.
'No mercy', era o título do filme...
'No mercy', era o título do filme...
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Um ano, um mês, um dia memoráveis: 18nov2014 - Mãe fez 100 Anos!
...umas palavras dos Filhos.
1. De entre os vários espaços que pensamos para este
evento, este foi sempre o preferido e, graças à generosidade da Madre Superiora
e da Irmã Isabel, isso foi felizmente possível.
A esta Casa e a ambas o nosso obrigado.
Foi aqui que a nossa mãe trabalhou durante largos
anos, sendo aqui muito considerada e recordada como trabalhadora incansável e
exemplar, facto recordado e testemunhado ainda há dias por algumas irmãs desta
casa, tendo aqui feito grandes amizades ainda hoje reconhecidas e com alegria
lembradas.
Foi também aqui que há 20 anos festejou as suas bodas
de ouro com o nosso saudoso pai.
2. Em nome dela e nosso, queremos dizer que estamos
muito felizes por terem aceitado o convite e por terem destinado esta tarde das
vossas vidas ao fortalecimento da união das Famílias da Quelha e da Veiga. Ao
chegarem mais logo a vossas casas deem da parte da nossa mãe e de todos nós
abraços e carinhos aos que lá ficaram e a certeza de que os temos sempre no
coração.
3.100 Anos é um objetivo raro de se atingir e estas duas
Famílias foram contempladas, que se saiba pela primeira vez, com esta
maravilhosa e bonita idade de um dos seus elementos ao conseguir este invejável
feito. Estamos todos felizes e de parabéns. O acontecimento é grandioso e digno
de ser recordado e quisemos isso mesmo: torná-lo memorável estendendo-o, por
vosso intermédio, a ambas as famílias. Quisemos que fosse uma festa familiar,
simples e privada, para dar mais espaço ao fluir dos sentimentos familiares que
nos unem.
4. Mãe, foste ao
longo da tua vida um exemplo de Mãe, de Mulher e de Companheira. Fizeste
ao longo da tua vida uma família feliz. Queremos aproveitar este dia para te
agradecer tudo o que fizeste por nós e dizer-te quanto te amamos. Obrigados por
teres estado sempre ao nosso lado. Somos uns privilegiados em ser teus
filhos. Recebe agora de volta um pouquinho do imenso amor que ao longo
destes 100 anos graciosamente nos des-te e queremos que continues connosco pois
a tua presença é insubstituível.
A ela e a todos vocês, o nosso obrigado,
Francisco - Emilia - António – José - Fernando
...umas palavras dos Netos.
À
Nossa Avó Ana…
O teu
sorriso marcado pelos 100anos,
é
o testemunho que o tempo por ti passou,
o
teu olhar sereno e a paz nos teus desenganos,
é
a sabedoria que a vida te ensinou!
É
tão fácil gostar de ti, avó! Tão fácil admirar-te…
Os
teus 100 anos, levam-nos ao passado, às histórias que ouvíamos sobre ti, às
doces lembranças que temos tuas e que fizeram a tua história…
A
história da Ana da Quelha, a Ana da Garceira, de Atães, da Boucelha, do Viso e
a Ana de Gondomar…
A
Quelha foi o teu berço duro, onde nasceste e te fizeste mulher…
Na
Garceira encontraste o amor. Casaste com o nosso avô, o teu companheiro de 65
anos.
Em
Atães, as agruras da vida no campo, mas que com amor foram lapidadas pelos teus
frutos. Foste mãe e foi lá onde nasceram os nossos pais.
Na
Boucelha, foi posta à prova a tua resistência. Carregaste cântaros e fardos na
cabeça, estrada acima, estrada a baixo até Celorico. Kms que percorreste a pé,
ás vezes a troco de 10 mil réis. E com sabedoria, dor e fé de mãe, separaste-te
dos teus filhos ao entregá-los ao saber, para um dia serem alguém…
Na
Cidade, já no Viso, com 55 anos feitos, foi o começar juntos e de novo. Ganhavas
o pão no trabalho do campo, tinhas uma vaca, vendias o leite e encaminhaste
para a vida os nossos pais.
Aqui,
em Gondomar, o que sempre sonhaste… a casa da tua vida, o teu primeiro emprego!
Os teus frutos deram frutos e aqui estamos nós, os teus 8 netos! Sempre nos
trataste por igual. Aos oito abriste o teu coração e contigo aprendemos que
nunca deveremos desistir, porque o caminho é feito de dificuldades.
Lembramo-nos
de ti à janela no 1º andar, sempre à nossa espera; e, sem darmos conta, já
estavas no rés-do-chão com o portão aberto. Nunca houve um dia em que não
víssemos o teu sorriso e nos recebesses com aquele abraço e nos chamasses de
‘’meu filho’’.
Lembramo-nos
das tuas merendas… que boas que eram, a broa e os bolinhos de bacalhau são
inesquecíveis!
Inesquecíveis
também, eram os aniversários e as festas; a nota dobrada que nos metias na mão
e às escondidas.
Lembramo-nos
do Natal… a tua casa cheia. O enorme relógio na parede da sala, parecia que
parava nessa noite, tal era a ansiedade que sentíamos em ver o Pai Natal descer
pela chaminé!
Virávamos-te
a casa do avesso… ..mas era mágico o Natal em tua casa!
Avó
Ana, para ti, em 1º lugar e sempre, estavam os outros.
Mas
primeiro, e ainda antes dos outros, estavam os teus filhos, os teus netos, os
teus bisnetos e o teu Avelino.
Depois
sim, vinha o trabalho. Foi uma vida de sacrifício e sofrimento, mas com muito e
muito amor.
Avó
Ana, alguém disse que “a simplicidade é o último degrau da sabedoria”. Tu, és a
mulher mais pura e simples que conhecemos neste mundo. Foi esta honestidade e
simplicidade, que de uma forma tão própria tua e tão natural, nos transmitiste.
Este
são os valores mais sagrados que queremos preservar e é a maior herança que nos
podes deixar.
Avó
Ana,
Foste
a escolhida para nós,
E
colhida por nós.
É
tão fácil gostar de ti, avó!
Obrigada
por tudo e por hoje estares aqui!
Os
teus 8 netos – 18-11-2014
... umas palavras dos Bisnetos.
Pediram-me para escrever um pequeno texto sobre ser bisneta da grande senhora, que és...
Fixei o lápis e a folha branca e tanto que tinha para dizer. O lápis, esse, olhava-me intrigado e amedrontado com a responsabilidade e o medo de não estar à altura do desafio…
- É apenas um lápis, é igual a todos os lápis que vi na minha vida! Porque é que um lápis me olha assim?
E a resposta encontrei-a em ti, minha bisavó!
- Tudo depende da maneira como olhamos as coisas, e com a tua maneira de olhar para as coisas foi assim que construíste o teu castelo, com as pedras que guardaste pelo teu caminho.
Hoje estamos todos por ti, aqui reunidos, porque foi assim que traçaste, tal como o meu lápis traça estas palavras. Tu que nasceste na guerra, e não tiveste medo! Pensar nisso, fez-me perder este medo e comecei a escrever.
Há cinco qualidades que fizeram de ti uma pessoa em paz com o mundo.
- a tua primeira qualidade foi os teus grandes feitos de 1 século, sem nunca te esqueceres que existia uma mão que guiava os teus passos. Esta mão, que podemos chamar de Deus, conduziu-te em direção à sua vontade. Tu, querida bisavó, com a tua fé e oração, caminhaste sempre de mãos dadas com Ele! Contigo aprendi a ter fé.
- a tua segunda qualidade é, de vez em quando, precisaste de parar, tal como o meu lápis que pára o que está a escrever, e tem que ser afiado. Isso faz com que o lápis sofra um pouco e fez também que sofresses um pouco com cada paragem. Mas, no final, ele estará mais afiado, tal como tu! Portanto, soubeste suportar algumas dores, e assim aprendi que foram essas dores que fizeram de ti uma pessoa melhor.
- a tua terceira qualidade é, tal como o lápis é companheiro da borracha para apagar o que está errado, tu também tiveste muito para apagar! Apagaste o que não estava certo, e seguiste em frente e hoje estás aqui… Aprendi com isso que afinal corrigir uma coisa não é necessariamente algo mau...
- a tua quarta qualidade é, tal como no lápis, que o que realmente importa não é a madeira ou a sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. És velhinha, guardas no olhar e na pele as marcas de toda uma vida, nas mãos o trabalho duro e o sacrifício. Mas sempre cuidaste do teu interior, cultivaste amor, semeaste a paz e lutaste pela união da família. Aprendi que o mais importante é o que não é visível aos nossos olhos…
- a tua quinta qualidade é, o lápis sempre deixa uma marca... como tu bisavó, marcaste-nos para sempre! Tudo o que fizeste na vida, irá deixar traços... Por isso, com a consciência de cada ação, fizeste com que todos os teus desenhos fossem lindos!
Com o meu lápis que no início me olhava intrigado, agora no final aprendi que a minha vida é uma linha feita com um traço em que a ponta final és tu, bisavó!
E que a ponta do início é a minha ponta, a ponta da minha irmã e de todos os teus bisnetos…
Nós, bisnetos, temos que correr para pegá-la
Soltando a imaginação e os nossos medos
E um dia, tal como tu, vamos alcançá-la!
Para concluir o meu texto, achei que ficava bem o teu retrato e desenhei-te com o meu lápis.
sábado, 22 de novembro de 2014
... em nome de minha Mãe: 100 Anos (2)
Olá, a toda a Família da Quelha (FdQ) e Família da Veiga (FdV).
Como podem ver pela foto - a foto não mente -, acabei de fazer 100
Anos e digo-vos que estou muito contente por cá ter chegado e poder festejá-los.
Não sei se já está na altura de fazer um balanço mas, até agora,
gostei de percorrer os 36.500 dias com que fui agraciada pela natureza.
Aproveitei-os a todos, um a um.
Tenho tido uma vida bonita e feliz.
Meus filhos, netos e bisnetos estão aqui comigo e isso me basta:
tê-los à minha volta é a minha maior alegria. Fizeram-me uma festa muito
bonita, de que muito gostei, e espero que se repita.
Gostei muito que tivessem aceitado o convite pois rever alguns de
vocês foi um lindo brinde surpresa que não pensava mais vir a ser possível.
Juntarei vossos rostos e vossos mimos às minhas recordações diárias.
A eles e a vocês – a toda a FdQ e FdV – tenho no coração. São vocês
todos que preenchem e aquecem os espaços vazios do meu dia-a-dia. Felizmente
são muitos e tenho portanto em quem pensar sem me repetir muito, mas às vezes,
confesso, tenho de fazer ‘zapping’para os poder ver a todos. É que
passar por mais de 300 pessoas, e ainda por cima maravilhosas, todos os dias,
demora algum tempo e posso não o ter disponível…
Não vou alongar-me pois não quero que despendam mais tempo comigo
mas antes que o dediquem à vossa família, essa sim, é importante e vale a pena.
Espero continuar a vê-los por aqui no FB. Quando não puderem de
outra maneira, falem aqui uns com os outros e gostem-se.
Aproveitem e festejem a vida porque é muito bom viver.
Obrigada por me ouvirem.
Lembro hoje, aqui e agora, meus saudosos pais, Francisco e
Antónia da Conceição, meus queridos e amigos irmãos e cunhados e
seus filhos, netos e bisnetos: os do Manuel, do Inácio, do António, do José, da
Maria, do Gervásio, da Rosa, da Teresa e da Amélia. Não sei se a ordem é bem
esta, mas olhem, esta minha cabeça já não é o que era…
Lembro ainda meu saudoso e bom marido, Avelino, meus amados filhos,
meus lindos netos e adorados e traquinas bisnetos.
Para eles e para todos vocês vão os meus desejos de muita saúde,
paz e alegria .
terça-feira, 18 de novembro de 2014
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
terça-feira, 14 de outubro de 2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
... escrever um Livro!
"Ter um filho, plantar
uma árvore, escrever um livro"!
Há muitos anos que tropeçava nesta expressão: 'ter um filho, plantar
uma árvore, escrever um livro'. Quando a ouvia de alguém passava-me pela mente
o exagero, o pretensiosismo, o despropósito seguidos de algum desdém e
desrespeito por quem a emitia, mesmo se convictamente. Definitivamente não a
levava a sério; até risível e desprezível conseguia pensar do que então ouvia.
O certo porém é que no acontecer normal da vida o filho, no caso a
filha, apareceu. Em boa hora, diga-se.
Mais tarde, também, fruto um pouco do acaso, a árvore, aliás várias, foi
plantada.
O livro, faltava o livro.
Decorreram alguns anos e a carga negativa da expressão foi diminuindo
de intensidade. Com o tempo, o 'risível' foi-se paulatinamente esbatendo e
passou para a zona mais adormecida do cérebro.
Entretanto a vida continuava seu curso.
Outrora fui um leitor não direi compulsivo mas bastante amigo dos
livros. Conservei sempre essa proximidade embora com distâncias irregulares. A
leitura, a par de outras, sempre foi uma enorme porta aberta para o mundo, para
novas descobertas e para o conhecimento, no seu sentido mais lato.
Fiz todavia um interregno da leitura mais assídua dos livros, para
acompanhar com mais detalhe outra porta de entrada de informação e novidades:
os jornais, a televisão e mais recentemente a internet. Na internet, a sua
fonte inesgotável de informação levou-me, (e continua a levar) à subscrição de
inúmeras Newsletter noticiosas oriundas de muitos quadrantes e dos vários
cantos do mundo. E aí sim, esse acesso fácil e instantâneo a todas as notícias,
traduziu-se efetivamente num salto gigantesco a tudo e em toda a parte do
globo.
Foi já em 2010 quando mudei da casa, que me desfiz de uma boa parte dos
livros que cuidadosamente conservava e isto pela simples razão de que não havia
espaço disponível para os acomodar convenientemente na nova residência. Doei-os
então a uma junta de freguesia das redondezas. Fiquei apenas com uma coleção de
reserva (talvez uns 200) que, por ser coleção e serem todos do mesmo tamanho e
com o formato de 'pocket book',
facilitou e muito a sua arrumação e conservação.
Já na nova residência e tendo de deslocar-me todos os dias para o
emprego, de Metro, em que despendia uma hora por dia (meia, mais meia), começou
o tédio a acumular e a distorcer o lado lúdico da viagem. Olhar todos os dias
as mesmas sonolentas e silenciosas pessoas ou escutar o som eletrónico, desumanizado,
metálico, impessoal, frio, ensurcedor e rotineiro da menina do Metro
('Matosinhos Sul'; 'Matosinhos Sul' - 'Sentido, direction, Senhor de
Matosinhos'), estava a destabilizar-me um pouco. O reservatório da tolerância
estava a encher aceleradamente.
Que fazer?
Como resolver a questão?
Sem muita convicção ou mesmo vontade fui à estante e apanhei 'Cartas de
Guerra' de António Lobo Antunes.
Além de me deparar com uma escrita fácil, o tema do livro era-me
familiar: a guerra colonial portuguesa.
A leitura do livro reacendeu em mim recordações vívidas dos dois anos
que por lá passei. Entusiasmado pelo fervilhar das recordações, alinhavei
algumas perspetivas e vivências pessoais sobre o tema e coloquei-as lá, no
próprio livro, e posteriormente neste Blog.
A seguir a este, outros livros foram aparecendo (recorrendo também aos
da minha filha/genro) e durante as leituras a vontade de me pronunciar sobre os
temas neles tratados ou sobre outros que eles me inspiravam, foi-se impondo
naturalmente.
E aí nasceu o gosto de escrevinhar.
Já tinha experimentado textos e temas livres que inopitamente me iam
surgindo ou a vida suscitava, mas as leituras de livros provocavam-me e
convocavam-me quase irresistivelmente.
O Blog foi a solução
encontrada, mais amigável, para a execução deste impulso.
Encontrar a fórmula, o formato e o estilo da escrita passou por um
processo de aprendizagem e experimentação que levou algum tempo a definir-se
até ao ponto em que comecei a sentir-me confortável e confiante com o
resultado.
O processo criativo e a arrumação das ideias não sendo fácil e muito
menos automático é todavia, para além de exigente, estimulante e até, por
vezes, inebriante. Requer inclusive algumas cautelas para a salvaguarda do
excessivo ou do deslumbramento torpe.
Não foi fácil ou pacífica a sua exposição na 'net'. Durante bastante
tempo não tive a coragem suficiente para isso. Foi necessário vencer algumas
enraizadas resistências interiores.
Passado algum tempo, anos, verifiquei não ser especialmente importante
a sua exposição ao grande público internetiano.
Estimulante, sim, começou a ser o prazer sentido na sua criação. Mais relevante
que o número de leitores, quem lê, ou o que pensarão sobre o que eventualmente
leiam, é ver expressas em forma de letra, o que este ou aquele tema me inspira
ou sobre outros me apraz pronunciar. O que cada um pensa pertence ao seu
direito individual e intocável e não me apoquenta mais. Assim como me sinto
livre para pensar e escrevinhar, assim todos os outros o sentirão (ou não)
também; mas isso pertence ao foro íntimo de cada um e a ninguém é dado o direito
de o retirar.
Passei com alguma facilidade para o comentário / opinião político e
social, com bastante naturalidade e apetência. Comecei também a incluir um ou
outro pedaço de vida pessoal não só em texto próprio como inserto noutras
crónicas, adicionando evidências pessoais como complementos à minha opinião ou ao tema em tratamento.
Estou numa fase de maior confiança em que transponho para aqui o que em
cada momento me ocorre e sobre o qual acho oportuno dizer algo. As barreiras
estão bastante mais reduzidas e salto-as com algum à-vontade.
Tem sido uma experiência bem interessante, com motivações e conclusões
inesperadas.
Funciona muitas vezes como catarse para temas que pontualmente ou
sempre me acompanharam mas que ao passá-los para aqui provocam um alívio
apaziguador. Até parece que, ao alijar essa 'carga', fico mais leve, mais em
paz comigo mesmo ou, porque não, como que me desfaço dela entregando-a a
alguém.
Obviamente que ao pensar-se num tema e por uma questão de lealdade e
honestidade tenta-se ser o mais verdadeiro possível. Não se devendo lealdade a
terceiros fica apenas a verticalidade pessoal em causa e aí, pode-se não se ser
verdadeiro - embora se tente (errare
humanum esd) -, mas o que se escreve é honesto e sincero.
Também é verdade que, não raras vezes, se escreve pensando na pessoa A
ou pessoa B, funcionando um pouco ao contrário de quando nos posicionamos como leitores
ao sentirmo-nos incluídos neste ou naquele parágrafo de um qualquer texto.
Por outro lado, ao longo da vida, o nosso depósito de conhecimentos,
experiências, vivências e emoções, tendem a enchê-lo até ao vazamento, e dá
vontade a certa altura que esta emulsão laboratorial veja a luz do dia. Quanto mais
não seja para memória futura.
Tenho notado que fico refém do que escrevinho, isto é, á medida que
aqueles temas evoluem ou vão sendo repassados no tempo, vão sendo sempre
testados e validados no dia-a-dia; se continuam a fazer sentido. Logo, o mais
seguro é estar-se bastante certo com o que se escreve.
Obviamente que o discurso oral alicerça-se muito no que já foi ali pensado e escrito, sendo que o contrário também é verdadeiro. Quantas vezes uma conversa solta, um pensamento, uma frase aparecidos do nada, vão servir de mote para o tema que mais tarde se desenvolverá.
Obviamente que o discurso oral alicerça-se muito no que já foi ali pensado e escrito, sendo que o contrário também é verdadeiro. Quantas vezes uma conversa solta, um pensamento, uma frase aparecidos do nada, vão servir de mote para o tema que mais tarde se desenvolverá.
Obviamente, também, não reescrevinho nada. O que foi escrito, assim
fica.
Irei continuar a escrevinhar assim me acompanhe o gosto, alguma
inspiração, algum engenho e alguma arte.
Voltando ao início deste apontamento, dou por ultrapassadas as dúvidas e demais questões referidas e, digo mais, aconselho vivamente a qualquer um a simples tentativa ainda que em regime experimental. Estou certo que concluirão o mesmo que eu: vale bem a pena.
Voltando ao início deste apontamento, dou por ultrapassadas as dúvidas e demais questões referidas e, digo mais, aconselho vivamente a qualquer um a simples tentativa ainda que em regime experimental. Estou certo que concluirão o mesmo que eu: vale bem a pena.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Roménia e Bulgária, com a PLV
04 a 13 de Agosto '2014
I)
Antes da viagem
I)
Antes da viagem
Mais uma vez, como é meu hábito, não preparei esta viagem. A preguiça, por um
lado, e o gosto do fator surpresa, por outro, continuam a marcar pontos. A
opção por estes dois países insere-se na vontade de observar in loco a 'diferença' e conhecer
novos mundos e novas gentes e as suas histórias. Dos chamados países de leste, conheço apenas a
Rússia, mais concretamente São Petersburgo, Moscovo e arredores; ou seja
conheci a cabeça do Império Ksarino e Comunista, mas não ainda nenhum dos
países seus satélites. Exceção para a República Checa e Eslováquia, em 1989.
Limitei-me a consultar os Pibs Per Capita / ano de ambos
Limitei-me a consultar os Pibs Per Capita / ano de ambos
[Roménia: 8.000 USD e
Bulgária: 5.000 USD (Portugal: 20.000, Botswana: 16.000, Alemanha: 40.000, Sri
Lanka: 1.000) e a suas populações e áreas, 23.000.000 / 240.000 km2, para a Roménia
e 7.000.000 / 110.000 Km2, para a Bulgária],
e recordar o que a
história guardou de cada um deles.
Se da Roménia detenho pouca informação, da Bulgária bastante menos. Da Roménia, recordo a sua inclusão e a consequente subordinação ao Império Otomano (até 1879) e ao Austro-húngaro até finais da primeira guerra (1918), o seu envolvimento nas duas guerras mundiais e principalmente da era de dependência comunista terminada apenas em 1989. A sua história foi pródiga, 'colorida' e terrível durante os duros e pobres anos da governação do ditador comunista, cruel e sanguinário Nicolae Ceauşescu. A vida sumptuosa que levou contrastou com a da sua gente, a todos os títulos miserável, de alguma indigência mesmo. Exceção, naturalmente e sempre, para a entourage que o sustentou durante todo esse tempo.
Hoje, desde 2007, está na U. E. e tenta soerguer-se nomeadamente através do financiamento dos fundos comunitários. Por motivos políticos e sociais mas também financeiros, estão neste momento a alienar o abastado património de Nicolae Ceauşescu. Infelizmente, digo eu. Em alturas de muito aperto vence sempre a tese do 'vão-se os anéis mas fiquem-se os dedos'. Mate-se a fome às pessoas em primeiro lugar. Mas é pena que assim tenha de ser. Espero que os seus dirigentes estejam a fazer a coisa certa e inevitável. E digo que é pena pois este espólio poderia ser um bom atrativo e ativo a explorar em particular para o setor turístico. Oxalá consigam conservar, pelo menos parte, para esse fim.
Durante alguns anos mantive alguma 'proximidade' profissional com o país em resultado do Banco Millennium, que o Millenniumbcp, Portugal, lá teve e que acabou de vender. Mantive contactos funcionais diários com esses colegas de profissão mas daí, desses contatos, não resultou especial conhecimento do país ou das suas gentes. Apenas espicaçou a curiosidade e interesse. Vou ver, pois, agora, o que consigo captar.
As minhas expectativas são baixas, bastantes baixas. Estou à espera de um país em progressão, pobre, desorganizado e com a ainda era monumental comunista a dominar.
Levo uma antiga curiosidade que é a de ver como se insere a comunidade cigana - 2.000.000 - no todo nacional.
Uma nota a propósito dos ciganos: nunca nutri simpatia por eles nem pelas suas opções de vida errante, nómada e anti comunitária de que se orgulham. Gostam de viver fora do sistema, e usufruir dos seus benefícios mas não contribuir para a sua manutenção. Ou seja só querem a parte boa.
II)
Depois da viagem.
i)
Roménia: um país em desenvolvimento e desconcertante.
Ao longo dos 1.000 Kms percorridos, das 14 cidades visitadas e de 10 dias em excursão guiada, uma pergunta diariamente esquadrinhava em todos os cantos e recantos: como traduzir numa palavra ou expressão curta a impressão da visita turística a este país?
Tive de socorrer-me de duas: em desenvolvimento, numa visão benévola e desconcertante, numa perspetiva impressionista.
Conhecemos o seu percurso histórico e conhecemos também as vicissitudes e os entraves com que essa mesma história complicou a sua independência. Foi, como sabemos, pertença de alguém por tempo excessivo. Quando parecia, finalmente, ter chegado a sua hora, caiu-lhe violentamente o comunismo em cima submergindo-se por mais um longo período.
A seguir ao fim do
comunismo, 1989, as naturais convulsões sociais originadas pela experimentação
da liberdade, perturbaram a reorganização da sociedade. Apenas em 2007 com a
adesão à UE e por necessidade imperiosa de acesso aos fundos comunitários para
o financiamento da economia, começaram a aceitar a nova tutela e as suas
regras. Com o dinheiro a entrar as tensões sociais acalmaram.
Porém, os anos de estagnação comunista deixaram marcas de monta por todo o lado.
O país está compartimentado, coexistindo e convergindo em, pelo menos, 4 componentes:
Uma palaciana do tempo dos impérios e da curta monarquia;
Porém, os anos de estagnação comunista deixaram marcas de monta por todo o lado.
O país está compartimentado, coexistindo e convergindo em, pelo menos, 4 componentes:
Uma palaciana do tempo dos impérios e da curta monarquia;
uma segunda de influência
comunista cuja parte mais visível são os prédios de habitação populares e os
megalómanos dos membros do politburo e os dos seus suportes, sobretudo em
Bucareste;
uma terceira fortemente
agrícola e
uma quarta filha já dos
dinheiros da UE, em construção.
Cada uma delas é perfeitamente visível nos respetivos lugares. Destaco porém a agrícola e a megalómana construção comunista.
Ao percorrer o país, para além da imensa e dominante paisagem verde que nos é oferecida pelo cultivo dos campos e pelas serranias dos Cárpatos - o lado bucólico é muito matizado e francamente cativante -, ficamos apreensivos senão mesmo chocados com o estado depauperado das casas das pessoas. A sua deficiente manutenção influencia pesada e negativamente a impressão que deixam. Obviamente que se estão assim é em resultado de todo um passado de uma economia coletivizante e instável com raízes nos anos do comunismo (1947/1989). A coloração, repetidamente acastanhada, dos telhados feitos de chapa em estado avançado de ferrugem, envelhecem o país e dão dele uma imagem de algum abandono e triste, mas que cola com a realidade.
A URSS aproveitou-se da Roménia para dela explorar a produção de cereais - o seu principal celeiro abastecedor - não cuidando de estruturar o setor (típico de país explorador).
Cada uma delas é perfeitamente visível nos respetivos lugares. Destaco porém a agrícola e a megalómana construção comunista.
Ao percorrer o país, para além da imensa e dominante paisagem verde que nos é oferecida pelo cultivo dos campos e pelas serranias dos Cárpatos - o lado bucólico é muito matizado e francamente cativante -, ficamos apreensivos senão mesmo chocados com o estado depauperado das casas das pessoas. A sua deficiente manutenção influencia pesada e negativamente a impressão que deixam. Obviamente que se estão assim é em resultado de todo um passado de uma economia coletivizante e instável com raízes nos anos do comunismo (1947/1989). A coloração, repetidamente acastanhada, dos telhados feitos de chapa em estado avançado de ferrugem, envelhecem o país e dão dele uma imagem de algum abandono e triste, mas que cola com a realidade.
A URSS aproveitou-se da Roménia para dela explorar a produção de cereais - o seu principal celeiro abastecedor - não cuidando de estruturar o setor (típico de país explorador).
Não se vislumbra com
clareza o impacto dos dinheiros recentes chegados da UE. Não acompanhei as
negociações e desconheço o quadro com que a sobrevivência da agricultura foi
salvaguardada, se o foi. Desejo apenas que o tenha sido por ter ficado com a
ideia de que o país tem enormes potencialidades agrícolas e que seria um erro
para o país e para a própria UE se deliberadamente as ignorassem. Diria até que
seria um crime de lesa humanidade se não se aproveitasse este enorme recurso
natural. Oxalá que o seu estado atual, similar ao português dos anos 80 do
século XX, se converta rapidamente e incorpore as novas tecnologias,
posicionando-se assim como player importante no mercado mundial como grande
produtor de bens primários.
Perguntado agora, passado já algum tempo sobre o fim da viagem em que, por isso, alguma poeira daninha já se foi, sobre o que mais facilmente retenho da Roménia, a minha resposta começa a ficar clara: a agricultura, por estar presente e dominante a cada canto (e por definir o tipo de vida de uma quantidade significativa de pessoas), e a construção megalómana de Nicolae Ceauşescu.
Ao percorrer o país vamos construindo dele um quadro monocórdico, estagnado e sombrio, porém, ao chegarmos à capital somos surpreendidos por uma espécie de oásis formado pelas construções populares, pelas dos elementos do politburo e afins e principalmente pelo edifício onde funciona o atual parlamento (e não só).
Não vou aqui replicar a sua história ou detalhar a sua construção e constituição pois tudo isso está abundantemente documentado e espalhado pela internet. Direi apenas que, quer de longe quer de perto e por dentro, impressiona!
Impressiona a sua excessiva volumetria!
(Com 350.000 m² é o maior palácio do mundo e o segundo maior edifício, após o Pentágono)
Impressiona a conceção e
execução arquitetónicas!
Impressiona a seleção e
riqueza dos materiais utilizados!
Impressiona toda a sua sumptuosidade!
Impressiona o cuidado e requintes dos acabamentos!
Impressiona a fácil circularidade pelo seu interior!
Impressiona o prazer que empresta e com que deslumbra o visitante!
Impressiona como é que foi possível um país pobre, com qualidade de vida indigente, ter sido e durante tanto tempo, governado por um ditador desqualificado e ter permitido a construção de uma obra desta envergadura apenas para exibição e gáudio do seu mentor!
Impressiona!
Impressiona toda a sua sumptuosidade!
Impressiona o cuidado e requintes dos acabamentos!
Impressiona a fácil circularidade pelo seu interior!
Impressiona o prazer que empresta e com que deslumbra o visitante!
Impressiona como é que foi possível um país pobre, com qualidade de vida indigente, ter sido e durante tanto tempo, governado por um ditador desqualificado e ter permitido a construção de uma obra desta envergadura apenas para exibição e gáudio do seu mentor!
Impressiona!
( http://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_do_Parlamento )
Algumas notas avulsas:
Turismo
Visivelmente num crescendo. O trabalho de campo já foi feito e eleitos os principais ícones que alimentarão o setor. Lembro o Castelo de Bran (de Drácula) em Brasov, as montanhas dos Cárpatos, o Delta do Danúbio (património da Unesco), o centro histórico de Sighisoara, (património da Unesco), Mar Negro, os Mosteiros pintados, o Palácio da Caixa Económica, Sinaia (Castelo Peles), Bucareste.
Rede viária
Em pré-início de construção. Não há ainda autoestradas.
Paisagem natural
Composta por um mix alternado entre a planície e o planalto povoados e alegrados pelo pastoreio (muito diferentes das paisagens da Grã-Bretanha onde predomina a monótona e cansável verdura e os tão falados carneiros);
o serrano e a floresta
negra, mais parecendo esta um prolongamento da Alemã.
Conde Drácula
O Castelo de Bran (1212), casa de Vlad III, mais conhecido entre nós como o Castelo de Drácula - uma não história ou história virtual (de literatura) - projeta e promove o país além-fronteiras; por ventura o seu maior e mais famoso ex-libris internacional. O Conde Drácula está para a Roménia como o vinho do Porto para Portugal.
Não deixa de ser notável
a força e a dimensão que este fenómeno literário alcançou em todo o mundo.
Verifiquei com ingénuo
espanto que o país não aproveita capazmente esta publicidade já consagrada para
se promover no exterior. Achando estranho, fui investigar. Do que me foi dito,
fiquei com a ideia de que os romenos não apreciam particularmente a recreação
literária preferindo a verdadeira (já em fase de lenda); dessa, sim, gostam por
Vlad III, o Empalador, ser seu herói na conquista secular pela independência do
país.
Nicolae Ceauşescu /
Helena Ceauşescu
Sente-se uma animosidade
latente e uma sensibilidade especial do país em geral perante estes dois
personagens. Regista-se como maturidade democrática o normal acolhimento que é
dado há ainda existência de Valentin Ceauşescu, um dos 3 filhos do casal.
Vive sua vida de normal cidadão e não é incomodado pelo fato de não ter aderido
às loucuras dos pais ou dos dois outros irmãos, os primeiros mortos após
julgamento sumário e os segundos já desaparecidos, vítimas dos seus públicos
vícios: cirrose e cancro pulmão.
Se é verdade que
os Ceauşescus continuam a ser uma referência inesquecível, inultrapassável
e a abater e por razões justificadas - com as quais concordo por
inteiro -, também é verdade que serve outros propósitos. Os políticos de hoje e
dos próximos anos precisam dessas bandeiras que utilizam como cortinas para
ofuscar este ou aquele ato de gestão política mais difícil de fazer passar na
opinião pública.
Alexandru Vișinescu, antigo comandante de um campo de
trabalhos forçados, começou agora a ser julgado em Bucareste, por exemplo.
Manter viva e atiçada ocasionalmente esta chama revolucionária é útil e com
sucesso garantido. É um dos truques bem conhecido a que assistimos noutras
geografias, em muitas mesmo, apenas com outras bandeiras: Angola usa (e abusa) da
dos ex-colonizadores, nós os portugueses; Maduro, na Venezuela, usa Chaves;
Cuba e Coreia do Norte, a América e o Ocidente em geral; alguns países árabes,
o islão, etc.
Há poucas semanas
circulou no ocidente a notícia, - que lá não me confirmaram, pelo contrário,
negaram - de que estariam a vender o ouro dos Ceauşescus. Interpreto a notícia,
ou melhor não notícia, como intencional e enquadrada na exploração do fenómeno
Ceauşescu.
Ciganos
Mantendo o que disse no
último parágrafo do ponto I), acrescento agora alguns detalhes.
Sabemos que a sua
história, sua vida, sua procedência indiana e chegada à Europa no século XV,
está envolta em incertezas a que a sua existência ágrafa muita contribui para
alimentar especulações. O que se vai conhecendo é-nos transmitido por terceiros
que, apesar de sérios, deixam, todavia, que a dúvida do seu verdadeiro estilo
de vida e vida, permaneçam.
Posto isto, e voltando
concretamente aos ciganos romenos, ficamos com a ideia de que, por razões
atribuíveis a eles mesmo, estão acantonados, ou, melhor dito, distribuíram-se
por áreas conhecidas e não propriamente segregados; que continuam a viver como
sempre viveram: rejeitando a integração.
E isso tem consequências
que se podem traduzir pela dificuldade que o país tem em lidar com o assunto. O
país está na UE e esta, como grande centro difusor de influências, de cultura e
de poder, não abdica de ver alinhados e normalizados procedimentos e até maneiras de estar
em sociedade e de difundir uma certa ideia de cultura a que chamarei 'europeia
ou ocidental'.
Se é verdade que no
ocidente europeu se enraizou a ideia de 'personas non gratas' - e essa é também
a minha -, tal se deve à sua postura isolacionista e fechada à sociedade.
Corpos estranhos, por tendência, são naturalmente rejeitados.
Acabo este apontamento
dizendo que poderia ser outro o seu comportamento e a perceção que deles se tem
se a Roménia fosse um país próspero e rico. 'Casa onde não há pão ...'
Alimentação / Refeições
Alimentação / Refeições
Estrategicamente a PLV
programou praticamente todas as refeições em restaurantes de hotéis. Por norma
esta opção ocorre em países onde o setor não responde aos níveis tidos como
normais, estando em causa a qualidade da confeção culinária, o conforto dos
espaços e a segurança higiénico-alimentar.
A opção confirmou-se
correta. Mesmo servidos em hotéis a qualidade culinária era um pouco abaixo dos
padrões europeus, incluindo a falta de diversidade (sobretudo frango e porco).
Não usam sopa! e em sua
substituição servem salada de vegetais.
Não relevo as quantidades
servidas pois para mim isso não é importante.
Acrescento, porém, que,
sabemos, o resultado final também depende do que foi previamente comprado pelo
agente de viagens, que, no caso da PLV, nos habituou a bons padrões. Ou seja, adianto
que o que digo pode não corresponder exatamente à verdade.
ii)
Bulgária
Percorri apenas 300 km's
mas deu para perceber o que será o país.
Tem semelhanças com a Roménia mas também tem marcas próprias e bem distintas. As casas sendo igualmente de construção frágil e de manutenção minguada, parecem-se bastante mais com as europeias, a começar pela cobertura: telhados como os nossos. Parece um pormenor sem grande importância mas o que é fato é que este visual os aproxima, desde logo, muito mais de nós, dos nossos usos e costumes.
Tem semelhanças com a Roménia mas também tem marcas próprias e bem distintas. As casas sendo igualmente de construção frágil e de manutenção minguada, parecem-se bastante mais com as europeias, a começar pela cobertura: telhados como os nossos. Parece um pormenor sem grande importância mas o que é fato é que este visual os aproxima, desde logo, muito mais de nós, dos nossos usos e costumes.
Não fossem os grandes
blocos habitacionais da era comunista que ainda dominam e toldam o horizonte (e
em acelerada degradação), e até pareceria que não tinha sido um país comunista.
Alfabeto Búlgaro
O grupo económico a que aderiram em 2007, a UE, vai obrigar a grandes transformações e opções alinhados pelos centros de gravidade europeus. Os grandes atraem e sobrepõem-se aos mais pequenos obrigando mesmo à anulação de boa parte das suas culturas, mesmo as mais importantes como é o caso do alfabeto.
O melhor e maior exemplo disso será a adoção do alfabeto romano com a consequente descontinuação do original, o cirílico.
O grupo económico a que aderiram em 2007, a UE, vai obrigar a grandes transformações e opções alinhados pelos centros de gravidade europeus. Os grandes atraem e sobrepõem-se aos mais pequenos obrigando mesmo à anulação de boa parte das suas culturas, mesmo as mais importantes como é o caso do alfabeto.
O melhor e maior exemplo disso será a adoção do alfabeto romano com a consequente descontinuação do original, o cirílico.
Mulheres búlgaras
As mulheres búlgaras são elegante e provocadoramente bonitas pelo menos as mais vistas no centro da capital. Não consegui captar e ninguém conseguiu explicar do porquê e a que grupos sociais pertenciam mas, adivinhando, quiçá filhas privilegiadas da corrupção que, dizem, ser enorme, endémica e sistémica. Mas por ora isso não é relevante. O que ficou foi sua elegância - são altas em geral - seu look europeu, seu porte altivo e sabem, nota-se, que são bonitas.
Grande Hotel de Sofia
As mulheres búlgaras são elegante e provocadoramente bonitas pelo menos as mais vistas no centro da capital. Não consegui captar e ninguém conseguiu explicar do porquê e a que grupos sociais pertenciam mas, adivinhando, quiçá filhas privilegiadas da corrupção que, dizem, ser enorme, endémica e sistémica. Mas por ora isso não é relevante. O que ficou foi sua elegância - são altas em geral - seu look europeu, seu porte altivo e sabem, nota-se, que são bonitas.
Grande Hotel de Sofia
Refiro este hotel por ter
sido o melhor hotel onde estive até hoje. Um 5* construído no prolongamento de
um outro do antigo do regime, de que manteve o nome, mas com dimensões, espaços
interiores, composição e decoração dos quartos, bem fora e acima do normal. As
suites são soberbas: vários compartimentos, vários WC's e decoração cuidada e requintada.
III)
Custa a perceber como é que nos dias de hoje ainda há partidos políticos que defendem aqueles extintos modelos de organização da sociedade. É que apenas aproveitam o grupo dirigente paralisando a necessária dinâmica da economia. Está mais que provado de que o grande motor da modernização e evolução das sociedades passa pela estabilidade do direito à propriedade privada e à livre iniciativa económica para se produzir riqueza. Ora, aquele sistema não admite nenhum deles e as consequências são paralisantes.
IV)
III)
Custa a perceber como é que nos dias de hoje ainda há partidos políticos que defendem aqueles extintos modelos de organização da sociedade. É que apenas aproveitam o grupo dirigente paralisando a necessária dinâmica da economia. Está mais que provado de que o grande motor da modernização e evolução das sociedades passa pela estabilidade do direito à propriedade privada e à livre iniciativa económica para se produzir riqueza. Ora, aquele sistema não admite nenhum deles e as consequências são paralisantes.
IV)
Observações finais
As diferenças entre estes dois países são facilmente notadas e na aparência contradizem os seus PIBs.
Na Roménia, apesar do PIB ser ligeiramente mais elevado, o país rural com os tetos das casas característicos, de cor da ferrugem, a que se somam a inexistência da indústria e a agricultura numa fase pré-industrial, sem autoestradas, dá uma monótona ideia de um país envelhecido e de inevitavelmente lenta, muito lenta, recuperação económica.
As urbes confinam-se a Bucareste e não se pode dizer que tenha um ambiente cosmopolita. A segunda cidade, Brasov, está a anos-luz da Capital. Shausesco concentrou estrategicamente os dinheiros disponíveis na capital.
O palácio do povo é um absurdo nacional. 3 Biliões de USD enterrados num único espaço em claro detrimento ou dispersão pelo todo nacional. É um oásis no todo romeno. Enquanto monumento é de fato um ex-libris extraordinário a vários títulos e muitas dimensões. Além de ser o segundo monumento maior do mundo, logo a seguir ao Pentágono, oferece-nos uma riqueza exuberante dotado de salas ricamente trabalhadas e de dimensões inimagináveis.
Mas tudo isso reduz o país.
Bulgária, apesar de mais pobre, dá a ideia de melhor distribuída. A era comunista, não fora as tristes construções dos edifícios perfeitamente datadas, seria de mais fácil e rápida transformação.
As diferenças entre estes dois países são facilmente notadas e na aparência contradizem os seus PIBs.
Na Roménia, apesar do PIB ser ligeiramente mais elevado, o país rural com os tetos das casas característicos, de cor da ferrugem, a que se somam a inexistência da indústria e a agricultura numa fase pré-industrial, sem autoestradas, dá uma monótona ideia de um país envelhecido e de inevitavelmente lenta, muito lenta, recuperação económica.
As urbes confinam-se a Bucareste e não se pode dizer que tenha um ambiente cosmopolita. A segunda cidade, Brasov, está a anos-luz da Capital. Shausesco concentrou estrategicamente os dinheiros disponíveis na capital.
O palácio do povo é um absurdo nacional. 3 Biliões de USD enterrados num único espaço em claro detrimento ou dispersão pelo todo nacional. É um oásis no todo romeno. Enquanto monumento é de fato um ex-libris extraordinário a vários títulos e muitas dimensões. Além de ser o segundo monumento maior do mundo, logo a seguir ao Pentágono, oferece-nos uma riqueza exuberante dotado de salas ricamente trabalhadas e de dimensões inimagináveis.
Mas tudo isso reduz o país.
Bulgária, apesar de mais pobre, dá a ideia de melhor distribuída. A era comunista, não fora as tristes construções dos edifícios perfeitamente datadas, seria de mais fácil e rápida transformação.
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