quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Um ano, um mês, um dia memoráveis: 18nov2014 - Mãe fez 100 Anos!


...umas palavras dos Filhos.
1. De entre os vários espaços que pensamos para este evento, este foi sempre o preferido e, graças à generosidade da Madre Superiora e da Irmã Isabel, isso foi felizmente possível.
A esta Casa e a ambas o nosso obrigado.
Foi aqui que a nossa mãe trabalhou durante largos anos, sendo aqui muito considerada e recordada como trabalhadora incansável e exemplar, facto recordado e testemunhado ainda há dias por algumas irmãs desta casa, tendo aqui feito grandes amizades ainda hoje reconhecidas e com alegria lembradas.
Foi também aqui que há 20 anos festejou as suas bodas de ouro com o nosso saudoso pai.
2. Em nome dela e nosso, queremos dizer que estamos muito felizes por terem aceitado o convite e por terem destinado esta tarde das vossas vidas ao fortalecimento da união das Famílias da Quelha e da Veiga. Ao chegarem mais logo a vossas casas deem da parte da nossa mãe e de todos nós abraços e carinhos aos que lá ficaram e a certeza de que os temos sempre no coração.
3.100 Anos é um objetivo raro de se atingir e estas duas Famílias foram contempladas, que se saiba pela primeira vez, com esta maravilhosa e bonita idade de um dos seus elementos ao conseguir este invejável feito. Estamos todos felizes e de parabéns. O acontecimento é grandioso e digno de ser recordado e quisemos isso mesmo: torná-lo memorável estendendo-o, por vosso intermédio, a ambas as famílias. Quisemos que fosse uma festa familiar, simples e privada, para dar mais espaço ao fluir dos sentimentos familiares que nos unem.
4. Mãe, foste ao  longo da tua vida um exemplo de Mãe, de Mulher e de Companheira. Fizeste ao longo da tua vida uma família feliz. Queremos aproveitar este dia para te agradecer tudo o que fizeste por nós e dizer-te quanto te amamos. Obrigados por teres estado sempre ao nosso lado. Somos uns privilegiados em ser teus filhos. Recebe agora de volta um pouquinho do imenso amor que ao longo destes 100 anos graciosamente nos des-te e queremos que continues connosco pois a tua presença é insubstituível.
A ela e a todos vocês, o nosso obrigado,
Francisco - Emilia - António – José - Fernando

...umas palavras dos Netos.

À Nossa Avó Ana…
O  teu sorriso marcado pelos 100anos,
é o testemunho que o tempo por ti passou,
o teu olhar sereno e a paz nos teus desenganos,
é a sabedoria que a vida te ensinou!

É tão fácil gostar de ti, avó! Tão fácil admirar-te…

Os teus 100 anos, levam-nos ao passado, às histórias que ouvíamos sobre ti, às doces lembranças que temos tuas e que fizeram a tua história…
 A história da Ana da Quelha, a Ana da Garceira, de Atães, da Boucelha, do Viso e a Ana de Gondomar…

A Quelha foi o teu berço duro, onde nasceste e te fizeste mulher…
Na Garceira encontraste o amor. Casaste com o nosso avô, o teu companheiro de 65 anos.
Em Atães, as agruras da vida no campo, mas que com amor foram lapidadas pelos teus frutos. Foste mãe e foi lá onde nasceram os nossos pais.
Na Boucelha, foi posta à prova a tua resistência. Carregaste cântaros e fardos na cabeça, estrada acima, estrada a baixo até Celorico. Kms que percorreste a pé, ás vezes a troco de 10 mil réis. E com sabedoria, dor e fé de mãe, separaste-te dos teus filhos ao entregá-los ao saber, para um dia serem alguém…
Na Cidade, já no Viso, com 55 anos feitos, foi o começar juntos e de novo. Ganhavas o pão no trabalho do campo, tinhas uma vaca, vendias o leite e encaminhaste para a vida os nossos pais.
Aqui, em Gondomar, o que sempre sonhaste… a casa da tua vida, o teu primeiro emprego! Os teus frutos deram frutos e aqui estamos nós, os teus 8 netos! Sempre nos trataste por igual. Aos oito abriste o teu coração e contigo aprendemos que nunca deveremos desistir, porque o caminho é feito de dificuldades.
Lembramo-nos de ti à janela no 1º andar, sempre à nossa espera; e, sem darmos conta, já estavas no rés-do-chão com o portão aberto. Nunca houve um dia em que não víssemos o teu sorriso e nos recebesses com aquele abraço e nos chamasses de ‘’meu filho’’.
Lembramo-nos das tuas merendas… que boas que eram, a broa e os bolinhos de bacalhau são inesquecíveis!
Inesquecíveis também, eram os aniversários e as festas; a nota dobrada que nos metias na mão e às escondidas.
Lembramo-nos do Natal… a tua casa cheia. O enorme relógio na parede da sala, parecia que parava nessa noite, tal era a ansiedade que sentíamos em ver o Pai Natal descer pela chaminé!
Virávamos-te a casa do avesso… ..mas era mágico o Natal em tua casa!
Avó Ana, para ti, em 1º lugar e sempre, estavam os outros.
Mas primeiro, e ainda antes dos outros, estavam os teus filhos, os teus netos, os teus bisnetos e o teu Avelino.
Depois sim, vinha o trabalho. Foi uma vida de sacrifício e sofrimento, mas com muito e muito amor.

Avó Ana, alguém disse que “a simplicidade é o último degrau da sabedoria”. Tu, és a mulher mais pura e simples que conhecemos neste mundo. Foi esta honestidade e simplicidade, que de uma forma tão própria tua e tão natural, nos transmitiste.
Este são os valores mais sagrados que queremos preservar e é a maior herança que nos podes deixar.

Avó Ana,
Foste a escolhida para nós,
E colhida por nós.

É tão fácil gostar de ti, avó!

Obrigada por tudo e por hoje estares aqui!

Os teus 8 netos – 18-11-2014

... umas palavras dos Bisnetos.

Bisavó Ana, que bonita que hoje estás e tão vaidosa estou por te ter aqui…
Pediram-me para escrever um pequeno texto sobre ser bisneta da grande senhora, que és... 
Fixei o lápis e a folha branca e tanto que tinha para dizer. O lápis, esse, olhava-me intrigado e amedrontado com a responsabilidade e o medo de não estar à altura do desafio… 
 - É apenas um lápis, é igual a todos os lápis que vi na minha vida! Porque é que um lápis me olha assim?
E a resposta encontrei-a em ti, minha bisavó!
- Tudo depende da maneira como olhamos as coisas, e com a tua maneira de olhar para as coisas foi assim que construíste o teu castelo, com as pedras que guardaste pelo teu caminho.
Hoje estamos todos por ti, aqui reunidos, porque foi assim que traçaste, tal como o meu lápis traça estas palavras. Tu que nasceste na guerra, e não tiveste medo! Pensar nisso, fez-me perder este medo e comecei a escrever.

Há cinco qualidades que fizeram de ti uma pessoa em paz com o mundo. 
- a tua primeira qualidade foi os teus grandes feitos de 1 século, sem nunca te esqueceres que existia uma mão que guiava os teus passos. Esta mão, que podemos chamar de Deus, conduziu-te em direção à sua vontade. Tu, querida bisavó, com a tua fé e oração, caminhaste sempre de mãos dadas com Ele! Contigo aprendi a ter fé.

- a tua segunda qualidade é, de vez em quando, precisaste de parar, tal como o meu lápis que pára o que está a escrever, e tem que ser afiado. Isso faz com que o lápis sofra um pouco e fez também que sofresses um pouco com cada paragem. Mas, no final, ele estará mais afiado, tal como tu! Portanto, soubeste suportar algumas dores, e assim aprendi que foram essas dores que fizeram de ti uma pessoa melhor. 

- a tua terceira qualidade é, tal como o lápis é companheiro da borracha para apagar o que está errado, tu também tiveste muito para apagar! Apagaste o que não estava certo, e seguiste em frente e hoje estás aqui… Aprendi com isso que afinal corrigir uma coisa não é necessariamente algo mau... 

- a tua quarta qualidade é, tal como no lápis, que o que realmente importa não é a madeira ou a sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. És velhinha, guardas no olhar e na pele as marcas de toda uma vida, nas mãos o trabalho duro e o sacrifício. Mas sempre cuidaste do teu interior, cultivaste amor, semeaste a paz e lutaste pela união da família. Aprendi que o mais importante é o que não é visível aos nossos olhos…

- a tua quinta qualidade é, o lápis sempre deixa uma marca... como tu bisavó, marcaste-nos para sempre! Tudo o que fizeste na vida, irá deixar traços... Por isso, com a consciência de cada ação, fizeste com que todos os teus desenhos fossem lindos! 

Com o meu lápis que no início me olhava intrigado, agora no final aprendi que a minha vida é uma linha feita com um traço em que a ponta final és tu, bisavó!
E que a ponta do início é a minha ponta, a ponta da minha irmã e de todos os teus bisnetos…
Nós, bisnetos, temos que correr para pegá-la
Soltando a imaginação e os nossos medos
E um dia, tal como tu, vamos alcançá-la!

Para concluir o meu texto, achei que ficava bem o teu retrato e desenhei-te com o meu lápis.

És a estrela mais bonita, que eu já vi, bisavó!


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