sexta-feira, 30 de julho de 2021

"O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEM", by Francis Fukuyama




Lugar à filosofia.
Para quem, como eu, não é especialmente versado no tema e menos ainda na dimensão e profundidade como aqui é tratado, a leitura deste livro revela-se de assimilação lenta e pedregosa. Lê-lo mais não é se não um exercício de curiosidade e intrometimento em assunto destinado a eruditos. Várias vezes forcei-me a uma pausa para ampliar meus conhecimentos, comparativamente rudimentares (recorrendo ao dr. Google), e rever conceitos para melhor acompanhar o pensamento do autor.

Surfar pelo tema - filosofia social - cavalgando ideias de outras mentes, mentes esclarecidas, é de per se estimulante.
E valeu a pena.

A quem quiser fluir pelas ideias aqui expostas, é exigido um background específico e amplo, sem o qual a leitura será árdua.

O tema - Organização das Sociedades /ou/ Regimes Políticos - é revisto e analisado numa perspetiva histórica, i.é., de grande fôlego, abrangente, recorrendo a pensadores clássicos, menos clássicos e contemporâneos, e numa tentativa de projeção ou alerta futurista: por que modelo ou modelos de governance as sociedades optarão ou se encaminharão.

Aporta tese própria, já calibrado com a de pensadores que considera e respeita.
Lembra os diversos regimes conhecidos - incluindo a democracia mais ou menos liberal -, postulando que todos são finitos. Recorda, para não recuar à democracia grega antiga, que a ocidental começou a desenhar-se há apenas 225 anos, alavancada pela independência dos EUA (1776) e logo a seguir pela revolução francesa (1789).

E todos sabemos as voltas e reviravoltas que o mundo deu, em todas as geografias, impulsionadas por essas frentes dinâmicas; dinâmicas essas que originaram fragilidades, decadências e fim de impérios coloniais - América do Sul (1800), por exemplo -, mas também avanços importantes em muitas outras.

O mundo em geral foi aspergido e contaminado por essas ideias e conceitos novos. As gentes de então tomaram conta das ruas em muitas latitudes até hoje. Várias soluções de governação foram aparecendo e experimentadas, e outras caindo por substituição, com perfis de execução variáveis de país para país.

Não sei se certo, mas Francis Fukuyama, o autor, pensa bem, articula bem e passa bem a mensagem.
No final assume como inevitável, como fazendo parte do caminhar normal das sociedades, que a democracia liberal, como a conhecemos, não será o último dos regimes, mesmo assumindo que é o mais avançado e que melhor responde ao bem-estar do coletivo humano do século XXI.

Qual virá a seguir, então?
O futuro defini-lo-á.

Numa continuidade temática inclui e interpreta o homem enquanto agente principal das sociedades; as forças que o animam para o estatismo ou para as mudanças. Percorre todo(?) o labirinto anímico e comportamental do ser humano, não deixando certezas, antes interrogações.


sábado, 10 de julho de 2021

Sardinhada Viets_Vila do Conde


Sem surpresas, sem alaridos, como se nos tivéssemos despedido ontem, assim foi o nosso reencontro.
Apanhamos com facilidade os fios da nossa meada no ponto em que os tínhamos deixado, e continuamos a enrolá-los na dobadoira que adquirimos em terras longínquas. Desfiamos, com o gosto de sempre, os fios do prazer dos encontros, da alegria conjunta, do riso síncrono, da gargalhada espontânea e contagiante.
Estar debaixo da mesma campânula, conversar solto, sem pressão de freios incómodos, produz efeitos distendidos, relaxantes, prazerosos. E estimulantes.
Entrar no dia-a-dia da vida das pessoas a quem se quer bem, completa-nos; fecha interrogações geradas nas ausências.

É bem gostoso sentir que, por um tempo, o relógio perdeu os ponteiros;
que o tempo, afinal, é elástico;
que o tempo, afinal, é intemporal;
que nele cabe, afinal, o que lá quisermos colocar.

À volta de uma simples sardinha, perante quem a invejosa lagosta prestou vassalagem e nem apareceu, - obrigado Jorge pela excelente pescaria -, coisas simples e agradáveis aconteceram: saboreamos, mais uma vez, o gosto de bem viver.

Fiquei saciado.
Utilizando uma expressão bem prosaica de satisfação (desculpem): “ainda ‘arroto’ a sardinha”.
Satisfazemos o palato e os insaciáveis estômagos;
deambulamos errantes pelas ruas ao ritmo lento da respiração (e de algum vento fresco!);
Sintonizamo-nos na pandemia; 
Desconfinamos da hibernação mental em curso;
Arriscamos um abraço.
Já lhes disse que gosto de abraços?

E isto é pouco?
Não, não é: é (quase) tudo.

* obrigado, again, pela solidariedade e proximidade pessoal nestes últimos meses.

@Viet-Raquel
@Viet_Jorge
@Eduarda Silva
@Madalena (Viet)
@Viet-Grace
@Viet-Carla Rodrigues
@Viet-Carla Guedes
@Viet-Carla Silva
e
@a_Branca(Esposa)