domingo, 25 de junho de 2017
Noitada de S. João, 2017
sábado, 24 de junho de 2017
Plano Marshall Português: ‘o eterno mito’.
Toda a gente sabe o que foi o PIano Marshall e o que significou esta ajuda financeira americana para uma Europa destruída, exangue e sem capitais próprios para soerguer-se após o descalabro da segunda guerra. A começar pela própria Alemanha, UK, França, Itália e tantos outros, ficaram de rastos; em ruínas.
Os EUA, detentores, então, de quase 50% do PIB mundial e com um plano geoestratégico bem definido e maduro para impulsionar - just in time - uma nova ordem económica global, o capitalismo, em que seriam o seu centro orientador e dinamizador, combatendo simultaneamente o outro, o comunista, em considerável expansão a partir da URSS, emprestaram dinheiro a ‘rodos’ a 18 países europeus, incluindo a Portugal, embora a este um pouco mais tarde (2 anos): 54.000.000 USD.
- obviamente os países do perímetro comunista não se candidataram à oferta.
O que mais me surpreende é o facto dessa ajuda a Portugal ser praticamente desconhecida de ‘toda’ a gente, incluindo pessoas com responsabilidades na matéria.
Uma cortina de silêncio escondeu-o deliberadamente.
Eu próprio, contrariando o que neste blog num ou noutro texto fui dizendo, também desprezei esta informação histórica.
Obviamente fui consultar os books (net) e confirma-se: os 54 milhões USD entraram mesmo nos cofres portugueses e foram a alavanca financeira que faltava a Salazar para dinamizar a economia portuguesa, incluindo a consolidação do vetor ultramarino.
Central Térmica de Lourenço Marques (Cahora Bassa), Porto da Beira, pesquisas geológicas e mineira (petróleo/diamantes) em Angola e Moçambique, começaram com esse dinheiro e o conhecimento e controlo da meteorologia, fundamental para o uso do espaço aéreo e criação de aeroportos que viriam a permitir a aviação para aquelas terras longínquas, foi também com esse mesmo dinheiro.
Aqui, no início, aqueles recursos foram utilizados para comprar medicamentos, alimentos, fertilizantes e rações. Logo depois, foram adquiridos matérias-primas, produtos semi-industrializados, combustíveis, veículos e máquinas; industrialização, vias de comunicação (CP e Sorefame); fizeram-se barragens, indústria têxtil, conserveira, irrigação, bacia do Douro...
Sumariamente e em resultado, a implementação do plano e sobretudo o seu sucesso, ergueu o país e ajudou Portugal a posicionar-se ao nível dos seus parceiros internacionais entrando finalmente nas grandes organizações, objetivo há muito perseguido.
- Aproximadamente, 70% dos bens eram de procedência norte-americana.
Na ‘net’ existe muita literatura a propósito, mas selecionei o link abaixo de Maria Fernanda Rollo por me parecer detalhar bastante bem das razões envolventes, hesitantes, com avanços e recuos do governo de então, chefiado por Salazar.
Portugal, como não alinhado, foi beneficiado durante todo o tempo que durou a guerra - 1939/1945 - pela procura externa dos produtos que estava em condições singulares e privilegiadas de satisfazer, nomeadamente pelos da indústria necessários à manutenção da guerra - o famoso volfrâmio para o fabrico de projéteis penetrantes - e pela alimentar, em particular a indústria conserveira.
As exportações, nesse período, engordaram os cofres do estado e o ouro proveniente dos refugiados de guerra, incluindo o do judeus e não só, amontoou-se no BdP. Esta ‘fartura’ deu a ‘ilusão’ de auto-suficiência nacional e levou Salazar à irracionalidade política, enveredando por uma política de isolamento mundial e à rejeição, num primeiro tempo, dos dinheiros provenientes do Plano Marshall.
Também é verdade que Salazar não gostava deste dinamismo americano, por achar que, aceitando essa ajuda envenenada, viria a ficar dependente deles e porque receava também um previsível açambarcamento dos territórios ultramarinos.
Acontece que, com o esforço de guerra, o seu principal devedor - UK - faliu, assim como os outros principais compradores europeus e, consequentemente, as até então saudáveis finanças portuguesas - cofres cheios -, foram-se delapidando rapidamente até ao colapso total.
Ainda tentou, sem sucesso, a via dos impostos…
Sem dinheiro, sem alternativas, entalado em várias frentes, e depois de muito litigar com os americanos - tendo, inclusive, tentado vender-lhes a dívida do UK - sucumbiu, recorrendo in extremis, ao Plano Marshall, nas condições exigidas pelos americanos.
Em bom rigor, deveria - nos modelos de hoje -, chamar-se a isso ‘pedido de resgate ao FMI’, uma vez que o dinheiro do Plano Marshall era destinado aos países participantes e Aliados na guerra.
Retomando a questão:
Porque o país, os meios políticos e académicas sempre esconderam esta parte da nossa história a começar pelo próprio Salazar?
Porque não constaram na altura e não são historiados ainda hoje nos manuais escolares?
À luz da política ditatorial, não democrática e escondida de então, ainda lhe encontro alguma lógica por obedecer à matriz que a informava. Era assim.
Mas depois dessa fase ultrapassada, já em plena democracia, no século XXI, continuar o assunto naquela zona obscura, apagada mesmo, é incompreensível. Os nossos académicos e os políticos em geral têm obrigações perante o país e não as estão a cumprir: a verdade.
Podcast interessante sobre o tema: ‘Conversas à Quinta’ de 22jun2017.
José Manuel Fernandes
Jaime Gama
Jaime Nogueira Pinto
sexta-feira, 23 de junho de 2017
Simão Finalista
Ser Finalista é fixe, não é, Simão?
Olha, já fui Finalista várias vezes em várias metas - tal como tu estás a ser agora pela primeira vez - e gostei sempre de as ultrapassar pois, para além da alegria de ter conseguido, também fiquei mais forte para outras. E as novas são sempre melhores.
Correr para uma meta ou atrás de uma bola é quase a mesma coisa: vale a pena a transpiração só para ver a bola a beijar a rede. Como costumamos gritar: está lá dentro!
Fica aqui já marcado novo desafio no Parque da Cidade; e ficas desde já avisado de que estou em boa forma e vou dar luta.
Vamos lá ver quem ganha.
Um abraço igual ao que tu sempre me dás: longo, ternurento e moldante.Total.
Avô Tó Maria
terça-feira, 20 de junho de 2017
A Tragédia de Pedrógão Grande - 17JUN'2017
NICOLAU SANTOS, 20JUN'2017
“Não me lembro de uma escuridão tão escura”
« Foi há 48 horas mas ainda guardamos nas retinas as imagens dos carros carbonizados, esventrados, portas e capôs abertos, enfaixados uns nos outros ou contra os rails, virados nas bermas, como animais de ferro desesperados que tentaram fugir à morte pelo fogo - e mesmo sem termos estado lá imaginamos o pânico, o desespero, as dores, os gritos. Este não foi um fogo que ardeu sem se ver. Era o diabo e veio do inferno, conta quem lhe sobreviveu.
Como é morrer queimado? Como é sentir que caímos numa armadilha de fogo e de repente, por entre o pânico, o medo, o desespero, percebermos que não vamos conseguir escapar? Como é sentir o fogo a envolver-nos por baixo, por cima, pelos lados, nos cabelos, no corpo, o calor insuportável? Como é possível morrer queimado dentro dos nossos espaços íntimos, aqueles onde nos sentimos mais seguros, as nossas casas, os nossos carros? Como é possível que uma tão grande tragédia tenha caído sobre todos nós?
Sim, acontece em todo o lado. Ainda há duas semanas aconteceu num prédio de 24 andares, com 120 apartamentos, em Londres. Fogo, de novo. 79 mortos. E agora Pedrógão Grande. 500 metros na Estrada Nacional 236. Sessenta e quatro mortos, 135 feridos, sete em estado grave. Acontece, mas não devia acontecer. Não podia acontecer. Estamos no século XXI. Temos robôs, drones, uma enorme parafernália eletrónica para melhorar a qualidade de vida das pessoas, a segurança, a vigilância. E depois morre-se pelo fogo como na Idade Média.
[...]
“Não me lembro de uma escuridão tão escura”, diz Zilda Simões, 87 anos. “Bastaram alguns segundos e tudo ficou reduzido a cinzas. Num momento as chamas estavam a quilómetros, noutro já estavam em cima de nós”, acrescenta Henrique Carmo, morador na Adega, pequena aldeia do concelho de Pedrógão Grande. “O lume era tanto, o vento era tão forte. Onde não havia lume, aparecia. Eram remoinhos, foi uma coisa fora do normal. Nunca na minha vida vi tal coisa”, explica António Dinis, de Vila Ficaia “Estas ruas, estas casas... era só lume. Foram oliveiras, videiras, casas. Não há explicação, foi uma coisa de repente que passou e que parecia o diabo”, descreve um amigo, Joaquim Costa. E depois há o olhar dos fotógrafos. “Aqui há sobretudo imagens e quase nenhuma palavra. E é duro e triste e comovente à mesma”.
[...]
E depois temos o Presidente da República. [...] Confortou os que perderam familiares e bens, elogiou os bombeiros, “heróis nacionais”, falou com os presidentes das três câmaras envolvidas na tragédia. Levou palavras de “ânimo, confiança e conforto”. [...] É nos momentos de crise que os comandantes devem mostrar que estão com o seu povo. [...] »O Futuro acabou aqui |
segunda-feira, 19 de junho de 2017
'O Alienista' de Machado de Assis
Escrito em 1882, por Joaquim Maria Machado de Assis, um ilustre, consagrado e versátil escritor brasileiro - senão o maior deles - leva-nos com este pequeno romance para o mundo da pseudo-ciência (cientificismo), da loucura, do poder, da manipulação das massas…
Usa, ainda, embora não seja importante para a história, o ambiente monárquico sem que isso altere a ação dos manipuladores.
O texto, com 150 anos, pode perfeitamente ser reescrito nos nossos dias, bastando para tanto alterar-lhe apenas os nomes e as técnicas comunicacionais ou a base de partida. Os exemplos são replicados por esse mundo fora incluindo, naturalmente, Portugal.
O livro, de resto, a partir do ponto em que se percebe a intenção do autor, torna-se menos interessante por ser um claro ‘dejá vue’, para quem acompanha os comportamentos das sociedades modernas: basicamente igual.
Levei a leitura até ao fim não tanto pelo conteúdo mas pela forma: literariamente aliciante.
(AudioBooks da LibriVox)
- por uns tempos vou pausar os escritores do século XIX. Embora os tenha em altíssima conta - tanto pelo conteúdo como pela forma - o certo é que ao lê-los me sinto transportado para outro tempo, para um tempo demasiado histórico, deixando escapar ou acompanhar menos que a conta o respirar dos dias de hoje. Mas voltarei lá...
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