quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Parabéns, Ritinha.

Olá, Ritinha, Parabéns.
Parabéns carregadinhos de muito amor, muito carinho e imensa alegria.
Longe estão os dias - e ainda bem / não há pressa - em que conhecerás o seu tamanho. Para já, estás a crescer a bom ritmo e, poder estar por perto e acompanhar esse teu crescimento, tem sido um bónus inesperado, com um bonito Joker surpresa a cada dia.

Eu não sabia, antes de ti, o que significava ser avô mas, comecei a ensaiá-lo ainda estavas na barriguinha da tua mamã (e minha querida filha) e soube-o ainda mais rapidamente logo que te vi, na clínica, a ser aquecida e afagada por ela: caíste-me em cheio no centro do coração e aí ficaste a habitar, numa ternura sem fim.
Mas agora sei-o ainda melhor ou melhor, vou-o sabendo no dia-a-dia, atento às novidades que sempre me trazes.
E digo-te que ser avô é simplesmente muito bom e me deixa muito feliz; e ainda mais de uma Netinha tão linda. Meus olhos brilham de humidade quando encontram os teus. Até me apetece agradecer-te por me teres dado e estares a dar esta oportunidade de tornar a minha vida ainda mais interessante.

Ainda há dias quando ao longe me viste e disparaste a correr para mim, de braços abertos, riso rasgado de contentamento e gritando avôôôôôôô, o meu coração pareceu querer explodir de alegria.
Saltaste para o meu colo e um longo Xi Coração acalmou a agradável arritmia.

A minha alegria duplicou e o coração mais acelerou quando, lado a lado, sprintava também o Simão. Um apertado abraço a três amainou a disputa. Os dois ao colo, encarrapitados um em cada braço, mas ambos junto ao coração, fomos caminhando para a tua mamã e avó que de perto sorriam enternecidas.
... nem sabia que 45 kg eram tão leves!

Vou ter cuidado para próxima mas esperando que não demore e vou guardar, também, este 'instantâneo', na certeza de que mais haverá.

E houve. No 'El Corte Inglês', recordo, quando inesperadamente nos avistaram, e numa correria desenfreada de mais de 50 m, acompanhada de um bem sonoro e festivo avôôôô / avóóóó que encheu todo a sala, chocamos num abraço feliz.

• Não leves a mal que aqui tenha incluído - no teu dia - o teu maninho; mas, como gostas muito dele, entenderás a partilha •

Continuarei na tua grande área, por perto, sempre atento e incentivando as tuas descobertas.

Mil beijinhos, infinitos como gostamos de brincar. 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Migrações - ' Naufrágio da Humanidade'

Ao longo dos tempos e da história da humanidade, esta questão das emigrações, migrações, refugiados, deportados, retornados, cruzados, êxodos... com várias designações  mas com o mesmo pano de fundo - as pessoas - sempre foi um fenómeno repetido, insolúvel e usado como recurso, o último, para a transposição de dificuldades geradas localmente, regionalmente ou mesmo entre continentes.
As motivações podem ser diversas, oscilar com as circunstâncias, mas 'as pessoas são as mesmas'.

Na idade antiga, a começar pela, talvez, mais célebre delas, Moisés (séc. XIII a.C.) conduziu os hebreus através de um êxodo de 40 anos pelo deserto levando-os para a 'terra prometida'.
Dois séculos depois esta história dos escravos hebreus (e do Rei da Babilónia 'Nabucodonosor' - o maior dos reinos até então - séc. VI a.C.), ainda não tinha sido resolvida, como nos é magistralmente e emocionalmente lembrada na ópera de Verdi 'Nabuco' (libreto de 1842).

Dando um salto grande no tempo, mas sem esquecer as entretanto ocorridas, nomeadamente as do império romano (findo no séc. V) e as da era áurea Viking séc's VIII / XI) ou Veneziana (séc's XV / XVIII), chegamos ao início da idade moderna (séc. XV), quando os sonhados tesouros alcançáveis no fim do mundo, entusiasmaram e mobilizaram multidões e as dispersaram pelos cinco continentes.

Saltemos para o Séc. XX, para a idade contemporânea e temos várias catástrofes humanas com ecos bem presentes nos nossos dias. A primeira desse século: a deportação em massa dos arménios para a Síria - ironia do destino, agora são escorraçados de lá - (metade da sua população já desertou: 9,5 milhões).
Tão ou mais numerosas, as deslocações humanas motivadas pelas I e II guerras mundiais de que ainda todos nos lembramos.
Bem vivas estão também as desgraças humanitárias que a redefinição de domínio social e sobretudo grupal ou tribal ocasionou na África pós-colonial.

Já saradas mas não esquecidas da história, ficam algumas feridas abertas pela descolonização portuguesa nos idos anos de 1974/1975, com o regresso abrupto de cerca de 500.000 'retornados' das ex-colónias.
Nos últimas quatro anos e fruto da turbulência económico-financeira nacional, 485.000 portugueses abandonaram o país...

E agora temos, bem vivas e tangíveis, porque a elas estamos a assistir em directo, 'ao vivo e a cores', as oriundas do médio oriente, com as da Síria à cabeça.

Portanto, o fenómeno não é novo, é desgraçadamente recorrente, e vai acontecer mais e mais.

Não acredito em soluções definitivas para estes problemas que mais aqui ou acolá, hoje como ontem, sempre existirão.

Não resolvidos os problemas antes, a montante,

- e fica aqui a questão em aberto:
. Se poderiam tê-lo sido?
. Se deveriam tê-lo sido?
Eu muita gente achamos que sim, embora reconhecendo não saber exatamente como -

o que fazer então, agora, a jusante?
Que papel podemos desempenhar na minimização do sofrimento dos atuais atingidos?
Ao nível individual, pessoal: pouca coisa ou mesmo nada.
Ao nível social e institucional: pressionar os estados para fazer alguma coisa.
A UNHCR (acrónimo inglês da organização da ONU para os refugiados), faz o que pode mas é consabidamente insuficiente: não consegue chegar a tantos incêndios e tão grandes ao mesmo tempo.
Ao nível dos estados e dos grandes blocos económicos, desde logo a UE e os EUA: talvez. E sabemos que estão a 'tentar' alguma coisa, embora com uma lentidão de morte. Não resolverão a origem do problema mas poderão mitigá-lo, salvando algumas vidas e alguma dignidade humana.
Queremos acreditar que sim.
Conhecemos bem as motivações da Alemanha, por exemplo mas não só, com a demonstração pública do bom acolhimento.
Pode ser o princípio de alguma coisa.
Oxalá.

Mas que importam as razões de tanta hesitação e demora? Pergunte-se aos desgraçados se estão preocupados, se pensam sequer nisso?
Fogem do terror, da miséria, da falta de futuro, sonhando-o noutras paragens, arriscando o máximo: a vida.

Pelo que sei, aqui no meu concelho, com iniciativa autárquica, estão a preparar o acolhimento de 50 pessoas.
Já é alguma coisa.

É tempo dos refastelados na vida deixarem de olhar só para o seu umbigo gordo e abrirem a janela ao 'Naufrágio da Humanidade', antes que nos afoguemos todos.