quarta-feira, 30 de julho de 2014

Reforma, (30JUL'2014 - 17:30H)

Ao longo dos anos a ideia de Reforma era por mim tida como algo longínquo e de contornos pouco definidos, indesejada e até rejeitada. Observá-la a acontecer com os outros era tema tenuemente tangível circulando apenas num subconsciente mais distante.
Não era uma meta a atingir mas a tropeçar.

A dinâmica empresarial onde me insiro encarregou-se de, com tempo, ir preparando as circunstâncias para o inevitável e, na parte final encaminhar o processo para um desfecho mais acelerado. Houve, porém, tempo, o que foi ótimo, para almofadar o status de ativo para reformado.

Percecionando o que incontornavelmente aí viria, a natureza cuidou de ir mudando aos poucos as agulhas, redirecionando-as e moldando-as para novos rumos. Começou crescentemente a ser assunto e sub-repticiamente foi ocupando o dia-a-dia, usurpando espaços cada vez maiores. Neste momento uma grande parte de mim já incorporou a nova ideia. A outra, a restante, a seu tempo se verá.

Conheço pessoas reformadas em que, umas se deram bem, outras, nem por isso e outras ainda bastante ou muito mal. Sei que essa nova etapa, nomeadamente na sua fase pós-inicial é exigente e pode vir a ser perturbadora. Se se deve ou não salvaguardar esse tempo com medidas profiláticas?, tenho algumas dúvidas! Pensar que o tempo de ocupação mental profissional e rotinas associadas deva ser substituída por uma outra qualquer ocupação, parece-me indiscutível. Deixar que o vazio se instale e tome lugar dominante é perigoso. O que fazer antecipadamente, não sei, porque o que quer que seja não tenho por certo que possa vir a ser aplicável ou eficaz. Necessariamente tem de haver novos projetos que ocupem a mente; isso é certo e disso estou avisado.

Parto pois com o espírito aberto e com uma única certeza: a de que a mente tem de continuar ocupada tão intensamente quanto possível a fim de evitar hiatos que, esses sim, poderiam vir a tornar-se de gestão complicada.

Nova etapa? Estou certo que sim.
As envolvências profissionais e pessoais e rotinas de anos vão ser bruscamente interrompidas. Os incentivos pessoais recriados, então necessários, para uma melhor resistência à demanda e aprumo profissionais caem naturalmente. Um conjunto de âncoras que os sustentaram deixam de fazer sentido, pelo menos em parte.
Mas soçobra o engenho com que foram inventados, engenho esse que se mantém bem vivo e de onde brotarão novas soluções que suportem o novo status. Estou certo que daí virão boas ideias, renovadas, que assegurarão um bom futuro.

O pelotão onde até agora estive integrado com gosto e orgulho e que agora abandono vai continuar a sua rota e, sair dele, é deixar essa frente onde me senti bem, principalmente porque aí as exigências funcionais aconselhavam-me a acompanhar um sem número de questões – profissionais e não só – e que me mantinham na linha da frente de tudo (?). Deixar essa linha da frente é talvez a parte que mais pesará no novo estatuto.
Mas entrarei noutro, diferente, onde espero outros desafios também estimulantes.
Estou confiante.

Post Scriptum
Desde os primeiros passos em direcção aos bancos da escola fomos gradualmente entrando em carga e assumindo compromissos com a vida para não mais desligar: estudo/trabalho, trabalho/estudo, serviço militar, casamento, família, filhos, trabalho, trabalho, trabalho, ...
Com a reforma chega finalmente (?) o momento da descompressão.

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