quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Assunto: Almoço fantástico ;-)

Olá Bié / Raquel

Nem sempre o que parece é, e isto porque, se algum mérito tive neste processo foi o de não estorvar e, de alguma forma, o de o apoiar.
A César o que é de César, and the Óscar goes to: i) Raquel e ii) Branca pela ideia, sua arquitetura e execução e pela recolha fotográfica; iii) para a Sara vai o da realização do filme; para a Branca vai também a realização dos filminhos animados. Limitei-me a fornecer-lhes o material no formato digital e em bom estado de uso.

Dito isto sempre te direi que, pelo meu lado, não fiquei emocionalmente imune à ideia e menos imune ia ficando à medida que via que as coisas estavam a andar e sentia que a Família se unia e entusiasmava em torno do projeto. Embora não seja biologicamente da Família Carvalho, o certo é que a assumi desde muito cedo (e sinto que por ela também fui assumido por inteiro). Tenho muito gosto e orgulho na Família Carvalho. Daí que coloque o meu entusiasmo próximo do dos próprios.

De resto continuo a pensar que é nos núcleos familiares - close mas preferencialmente mais alargados - que reside parte da explicação, da razão e do bem-estar das pessoas.
Por isso apoio estes eventos sem reservas e com muito entusiasmo.

Houve de fato uma preocupação central: a de incluir todos por igual independentemente da geografia onde possam pontualmente estar (no filme animado, no filme da família ou nas bonecos finais). Todos são da Família Carvalho.

Também sou da tua opinião: correu bem, muito bem mesmo: sem alaridos, sem excessos, próprio de quem se conhece e gosta.

Futuro? Acho que posso dizer que já há vontades no ar que o assegurarão. A seu tempo as notícias correrão à velocidade da informática ou hertziana.

Desejamos todos que num próximo encontro da Família Carvalho a sua árvore genealógica tenha enfim frutificado e ostente mais um bonito ramo; por isso festejamos alegremente na altura o anúncio do novo rebento.
A este propósito e porque tenho uma sobrinha que está quase nas mesmas condições (grávida de 5 meses), coloquei há dias um post ao casal no Facebook privado dos Magalhães & Companhia com este texto que, por ser uma situação muito idêntica a replico para Vocês, pedindo-vos que lhe façam as necessárias adaptações:

“Os impulsos da natureza são mais fortes que as circunstâncias, o que levou o Ricardo e Anita a presentearem a eles próprios, à Carlota (a Carlota é a mais sortuda!) e a todos nós, com o mais belo, o mais compensador e comprometedor dos tesouros: uma filha.
- Se há fatos da vida que um pai ou uma mãe sempre bem-diz (… e nunca mal-diz), é a existência (e principalmente a coexistência) dos seus filhos -
A sua vida já começou e, amparada pelos seus pais, irmã e por todos nós – com saúde e alegria que todos lhe desejamos – chegará à idade da sua bisavó, que com um sorriso lhe dá também as boas vindas. Parabéns aos Papás, à Carlota e aos Avós”

Vou enviar o teu e-mail - espero que releves - e esta resposta para as acima citadas protagonistas pois avalio o prazer que terão em conhecer tua opinião. Conhecemos já algumas e posso dizer-te que todas têm uma carga emotiva e positiva muito boas.

Mais um ponto e este deveras importante: está proibida a entrada ao Vítor Pereira neste Grupo; já se for o JJ, aí sim todas as portas lhe serão franqueadas e o tapete vermelho estendido. Até porque este ano vamos ser campeões.

Gr abç para ti e bjnhs à Raquel e um renovado Bem-vindo ao Pimpolho(a).

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Olá Toni

Obrigado pelos email's enviados e pelo trabalho espectacular dos filmes e das fotos.
Adorei o almoço e o convívio de Sábado, foi deveras fantástico por vos ver a todos.
Esta iniciativa foi muito bonita até pela recordação e pelas memórias, pois sei que o tempo, as vivências e o trabalho afasta as pessoas destes convívios familiares.
Espero que mais se repitam e que de uma próxima os meus pais e irmãos também estejam presentes.
Obrigado pelo brinde, apesar da surpresa que fomos alvo (Eu e a minha companheira Raquel) pois ainda é tudo muito recente ;-) (A minha avó é uma malandra! ;-))

Gostei muito de vos ver embora não tenha tido tempo para conversar, espero no próximo falar mais! (Das estratégias do Jorge Jesus e do Vitor Pereira) :-) :-)

Nota: Para a próxima no que puder ajudar ou até mesmo organizar, cá estarei!

Beijinhos para a Branquinha
Grande Abraço

Com os melhores cumprimentos
Gabriel Maceiras
(Bié) e (Raquel)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Marina, de Carlos Ruiz Zafón

O estilo de escrita é uma forma muito pessoal de expressão que se vai consolidando à medida que se experimenta; resulta tipo impressão digital. Quando se diz que alguém escreve com laivos Queirosiano, por exemplo, apenas se pretende com isso catalogar estilos, sendo que não haverá dois exatamente iguais. Cada pessoa encontra a sua própria forma, o seu estilo de vestir as suas ideias. Os escritores, como os estilistas de moda, expressam-se de forma pessoal. Aliás, mesmo que quisessem copiar alguém não o conseguiriam. O cunho pessoal sobrepor-se-ia a outro qualquer estilo.
O resultado final - neste ou naquele formato - não melhora nem diminui as histórias, apenas são contadas de forma diferente, agradando mais este ou aquele estilo de acordo com cada leitor. Nem se poderá dizer com segurança que o estilo mais simples consuma mais páginas. Sabemos que há palavras que resumem conceitos mais alargados mas não significa que se abundantemente usadas consigam reduzir mais os testos.

Resumo em quatro os estilos com que chegam ao leitor:

. os que escrevem como se caminhassem sobre areia fina:
Escrita de aparência simplista, de leitura fácil, corrida. Até parece que o texto já existia e que o escritor se limitou a copiá-lo para livro, tão simples aparece ao leitor a exposição da narrativa.
A ação obedece a uma sequência lógica, e o leitor passeia-se pelas páginas do livro sem esforço, como se caminhasse descalço sobre arreia fina.
As palavras usadas são simples e de primeira interpretação. Exemplo: Haruki Murakami em 1Q84;

. os que escrevem como se caminhassem sobre areia grossa:
Os testos são trabalhados e remendados até ser encontrada a forma final. Nota-se que muitas páginas foram rasgadas entretanto. O discurso é menos fluido e são usadas palavras com conceitos mais concentrados. As imagens de estilo parecem tiradas de um caderno de ‘não se esqueça’. Exemplo: Carlos Ruiz Zafón, em Marina;

. os que escrevem como se caminhassem sobre pedras:
São usadas palavras com conceitos mais concentrados ainda, obrigando a presença do dicionário ou leitores já ‘formados’. O escritor saltita, recua e entrecorta a ação obrigando a uma atenção redobrada para o acompanhar. Exemplo: José Saramago, em O Memorial do Convento;

. os que escrevem como se caminhassem numa montanha:
Ensaio. Leitura acessível a menos gente, quase só para académicos. O Escritor não fica preso ao formato de romance ou poesia, antes percorre todos os estilos e formatos, incluindo histórias que se cruzam no tempo. Exemplo: Humberto Eco, em O Pêndulo de Foucault;

Quanto a este livro de CRZ, Marina: não fiquei convencido. Por curiosidade fui ver um pouco da sua bibliografia. Tem poucos romances publicados o que pode justificar a necessidade de um maior treino nesta área do romance. Porém, e quanto a este livro, sempre direi que é quase agradável, veiculando uma história algo interessante e razoavelmente bem escrito. A sua leitura obriga a alguma atenção; bonitas figuras de estilo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

1Q84, from Haruki Marukami, Livro 3º

- Fim da trilogia 1Q84 -
Estamos perante um escritor de uma enorme e invulgar envergadura intelectual.
Não era em vão que este ano era apontado como o mais sério candidato ao Nobel.
Possui um tal conhecimento do seu país, do mundo, do ser humano, da vida, que se permite ficcioná-los ou surrealizá-los.
Opinar sobre ele é um exercício de alto risco e obriga a pôr de lado alguns pruridos. ‘Scope’, é necessário algum scope para o abordar.
Lê-lo é uma oportunidade estimulante, um passatempo envolvente e gratificante.
Caminhar com ele ao longo da história ficcionada é percorrer agradáveis caminhos desconhecidos.
Como quem caminha numa autoestrada e tem necessidade de fazer incursões laterais para reabastecimento, assim se movimenta HM para enriquecer mais e mais a história com episódios complementares. Sai muitas vezes (e ainda bem) da dita autoestrada principal para percorrer outras vias, enriquecendo assim e muito o núcleo da história. Só que por vezes demora a regressar ao eixo principal perdendo-se em pormenores dispensáveis. “Vou ali e já volto”, mas demora-se …
Sublinho o bom uso das originais, imaginativas todavia apropriadas imagens de estilo que tão bem rendilham a ideia central.
Contrariamente ao que em geral se observa na maioria dos escritores que aceleram a ação à mediada que se aproximam do final, HM não tem essa preocupação e até surpreende exatamente por ser diferente. Desacelera mesmo à medida que se aproxima do final. O interessante para ele parece não ser o fim mas o meio até lá chegar. Chegar à lua não é importante, importante é o todo trabalho que há para lá chegar.