domingo, 28 de outubro de 2012

MyHeritage / Rubem

Prezado Senhor

Foi com alguma estupefação, ceticismo e algum receio vírico que abri este seu e-mail. Quem será que bate à porta? Desde logo porque o único Ruben que constava na minha base de dados pertencia a um tal Ruben_10 (10 anos). Este '0088 ' (88anos) parecia-me impossível pertencer à mesma pessoa. Não fora a foto que em boa hora fez o favor de anexar (a da sua esposa) e que de imediato me linkou para sua pessoa, continuaria na minha espessa dúvida. Bem haja pois pela lembrança que teve e que resolveu meu aflitivo enigma.

Contudo uma outra preocupação nasceu em mim: porquê às 02:20 da manhã!? Daqui e agora fervorosamente lhe peço que doravante (?) não se ocupe mais com a minha pessoa a tais adiantadas horas. Porém e mais uma vez a chave foi o mesmo anexo: a estas horas só podia estar (ou esteve) com a sua eleita esposa. Fiquei bem mais descansado por concluir que as razões de tão adiantada hora eram outras. Ainda bem, é de Macho!, o que de resto muito honra, porque perpetua, a sua ascendência de alta linhagem e machesa.

Quanto à sua expressa vontade de ver incluída no MyHeritage também o ramo de sua bonita e dileta esposa, please be advised, de que de imediato acionarei os procedimentos aconselhados tendentes a ver facilitados os vossos acessos e, assim, poderem dar boa continuidade a mais esse ramo da sua nova e futura família que em si e em sua esposa começam e que virão enriquecer esta árvore genealógica com novos e valiosos frutos.

Devolvo renovados os votos de um resto, agora já pouco, bom fim de semana, feliz por me ter sido concedida mais uma hora, que contabilisticamente aproveitei para levar à conta do descanso.

Termino também com os mais escarafunchosos cumprimentos,

António de Magalhães
(escrito com as regras do novo acordo ortográfico, ou nem tanto)

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Caríssimo António Maria de Magalhaes:

venho por este meio comunicar a sua excelencia que este do qual lhe escrevo é o meu novo endereço electrónico, sendo que o hotmail já se encontra desactualizado, desde já lhe peço desculpa por possiveis incómodos causados, nomeadamente o extravio de mensagens. deste modo, tenho que lhe pedir que me reenvie o convite para o myheritage, para que possa actualizar tanto os meus dados como os da minha dileta esposa. de qualquer maneira, segue em anexo uma fotografia da acima mencionada para qualquer eventualidade.

sem mais a acrescentar, resta-me deixar os votos de um bom fim de semana.

cumprimentos escarafunchosos

ruben santos

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

"Em democracia Portugal nunca conseguirá controlar a despesa"

João César das Neves
22 Outubro 2012
Jornal de Negócios

[...] E qual é a razão? O poder político dos grupos à volta do Estado é maior que o poder político dos contribuintes. Quem recebe está mais perto do que quem paga e isso faz toda a diferença. Não é abuso e corrupção (que há mas não chega para isto). São muitas pessoas boas que vivem à custa do Estado [...]
[...] No caso actual, foi o Tribunal Constitucional que desgraçou o país, porque ao impedir o corte de salários e pensões, que representam 70% da despesa, obrigou a subir impostos, o que estrangula a economia, que é quem paga os salários e pensões [...]

terça-feira, 16 de outubro de 2012

"Rio das Flores", de Miguel Sousa Tavares

Até parece que, através deste livro, MST quer associar-se a todos aqueles que ainda hoje sentem necessidade de exorcizar a era Salazar ou, também, associar-se à necessidade de uma certa catarse nacional dessa época.
A história descrita neste romance histórico decorre na primeira metade do século XX, com enfoque especial nos anos 1936/1945, incorporando episódios e fatos da guerra civil espanhola e da II guerra mundial e o comportamento de Portugal, chefiado por Salazar, perante elas.
Os fatos, os episódios aqui recordados são, em geral, já conhecidos mas, acrescento, nunca será demais avivá-los, trazê-los à luz do dia, repassá-los às novas gerações como testemunho do que foram esses terríveis anos, inculcando-lhes o custo e o gosto pela liberdade, pela democracia e pela paz.
A Europa (e o mundo ocidental em geral) tem hoje a posição cimeira de que se orgulham porque aprendeu com os erros do passado, com muito sangue, a implementar soluções coletivas duradoiras, e alicerçadas nos grandes e, então, novos valores morais, principalmente o que mais faltava: a paz. Foi somente a partir da segunda guerra, recorda-se, que se acabou com a banalização da morte. O valor da vida humana, e não só, foi a partir daí muito mais respeitado e conseguido. Nunca mais houve tantas arbitrariedades e mortes.
É comum aceitar-se o número de 45,000,000 de mortos na II guerra mundial e entre 330/450 mil em Espanha.
Há mais de 65 anos que há paz na Europa.
Os principais valores que há mais de 150 anos vingaram na Revolução Francesa (1789: Liberté, Egalité, Fraternité) e que rapidamente se espalharam pelo mundo civilizado, foram ideias força importantes que informaram positivamente a gestão das sociedades futuras. Faltava o maior deles: a paz. A Europa e o mundo, contudo, não estavam nessa altura ainda preparados para dar esse grande passo, o passo para a paz. Só depois da catástrofe da II guerra é que foi possível agregar países para essa causa.

Quanto ao romance ficou um pouco aquém das minhas expectativas. Lê-se com facilidade. Escrito com laivos Queirosianos, peca porém por falta de adrenalina, aquela substância que anima a alma e que aqui não é ativada no leitor, concretamente nos primeiros 2/3 do livro; no último terço redime-se um pouco.
A leitura decorre lenta mas gostosa a um nível chão, como bem terreno é todo o cenário da narrativa.
Viagem romantizada ao século XX, até ao final da II guerra, com enfoque bastante detalhado nos incontornáveis e odiáveis ditadores reinantes nessa altura. De Salazar a Hitler, passando por Mussolini, Engelbert Dollfuss, Franco, Getúlio Vargas – personagens por quem MST nutre um especial ódio de estimação e contra quem verte seu imenso fel.
No último terço do livro encontra-se uma ou outra página particularmente vibrante e acordatória, concretamente o curto discurso de Pedro para com o irmão Diogo após o regresso daquele da guerra civil espanhola para onde se voluntariou pela defesa das suas causas.
Curiosamente MST quase que não utiliza as tradicionais imagens de estilo; não que sejam necessárias mas sublinha-se pela novidade.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

UE critica reposição de subsídios: função pública ganha mais 20%

Agência Financeira
Por Paula Gonçalves Martins
2012-10-11
[…] A Comissão Europeia critica, no relatório da quinta avaliação da troika ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PEF), a decisão do Tribunal Constitucional, de chumbar o corte de subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos, alegando que, mesmo com esse corte, os trabalhadores do Estado continuam a ganhar cerca de 20% mais que os trabalhadores do privado. […]

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

...do livro ‘Rio das Flores’, de Miguel Sousa Tavares

… excerto do livro ‘Rio das Flores’, de Miguel Sousa Tavares, sobre a guerra civil espanhola, 1936/1939:

“Mas o preço cobrado por Estaline à República Espanhola foi ainda mais alto. A pretexto de que os nacionalistas poderiam tomar Madrid em qualquer momento, logo em Setembro, ainda os nacionalistas não estavam à vista de Madrid, Alexander Orlov (aliás, Nikolsky), o chefe do NKVD enviado por Moscovo, convenceu o ministro das Finanças, Negrín, e o primeiro-ministro, Largo Caballero, a enviarem a reserva de ouro do Estado espanhol (a quarta maior do mundo) para um “local seguro”. Esse local, que estes três homens sabiam onde ficava… era Moscovo. Aí chegado, após uma audaciosa operação montada por Orlov, os “camaradas” soviéticos fizeram logo saber qual o preço a pagar: dos 800.000 dólares que, a preços de 1936, valiam os lingotes de ouro, 80.000 eram logo debitados pelo transporte para Moscovo, 70.000 pela embalagem e armazenamento, e 170.000 ao ano pela sua guarda nos cofres do Kremlin. O restante era abatido ao preço da “ajuda” enviada. Contas feitas, depois de se ter despojado da maior riqueza do país e sua grande fonte de financiamento para o esforço de guerra, a República espanhola via-se, ao fim de dois anos, já na situação de devedora à URSS de milhões de dólares.”