segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Guerra Palestina / Israel. Conversa com Amigos

Guerra Palestina / Israel 

Meus Amigos

Não tenho por hábito entrar nestas discussões, não por alheamento mas porque este assunto é tão histórico, tão complexo, tão partidário, tão importante, que só uma crónica mais alongada como esta de Matos Gomes - crónicas que sigo há anos - permitem contextualizar e assim perceber melhor as múltiplas cambiantes do problema. Sim, porque de um problema se trata e ‘bicudo’ ao ponto de dividir opiniões e o mundo em geral.

Opinar numa simples frase tipo slogan ou texto curto é redutor ou então objetivamente direcionado. Percebe-se a parte que se defende mas não os fundamentos. E sabe a pouco.


No essencial não ponho em questão o que a crónica de MG detalha: foi claro.

Sublinho a parte em que MG refere que o ocidente tem a consciência pesada do holocausto. Mas sublinho ainda mais - MG não o disse mas digo eu - os ganhos que o mesmo ocidente consagrou com a aprendizagem da mortandade da II guerra: 70.000 milhões, lembro. O ocidente - mais que todos os outros - elegeu a vida humana como principal centralidade desde então. A banalização da morte foi parada. Nunca na história da humanidade houve um período tão longo - 70 anos - com tão poucas guerras/mortes. 

Nem sempre corre bem, é certo, mas regimes alternativos - e conheço os principais in loco, como alguns saberão - estão a anos luz do nosso. E com mortandades semelhantes, ainda que sem guerras externas.


Dirão, mas a Europa - Portugal foi o primeiro - ‘roubou-lhes’, a partir de 1.500, a riqueza que tinham e travou-lhes a evolução. Aconteceu assim, sabemos, mas com essa riqueza a Europa construiu um futuro invejável para o ocidente. Para nós, e não só. O mundo em geral evoluiu muito com isso.

Naturalmente a fatia de leão ficou cá. 


Geoestratégia

Peço que olhem para o mapa mundi, principalmente - para o caso agora em apreço - para a zona do médio oriente, e retenham em particular o golfo pérsico e mar vermelho (já estive em ambos).


O Golfo Pérsico contém 50% das reservas de energia - petróleo e gás - que alimentam as economias do mundo. A nossa também. Sem essa energia o mundo continuaria na Idade Média. Em 1.500 a população mundial era de 500.000.000, hoje, > a 8.000.000.000. E o fator energia foi central.


Enquanto o mundo depender destas energias para funcionar, para alimentar as pessoas, este Golfo será sempre importante. 


Imagine-se que não era o ocidente a controlar os preços!!?? Imagine-se que eram os muçulmanos (para só falar nestes)!!?? A que preço a pagaríamos!? Imagine-se que o centro do motor económico do mundo era longe de nós: médio oriente, extremo oriente (China) ou Rússia? Em que posição económica estaria o ocidente? Nós, portanto.


Como proteger essa commodity tão vital?


A Europa e os EUA tudo fazem para travar a inevitável escalada de preços,  não deixando que o controlo lhes escape.

O que fizeram então para o conseguir?

Resp.: várias estratégias:


1.

Israel foi o cavalo de Troia no mundo árabe, na região do Golfo, em 1948.

Armaram Israel, incluindo com nuclear, do lado ocidental.


2.

Do lado oriental, o Paquistão foi o escolhido, também com nuclear (tem o 4° maior exército do mundo). A guerra entre o Paquistão e a Índia aquando da partição em 1948, tem isto na sua essência. Os EUA armaram o Paquistão para de lá proteger a saída do petróleo.


São estes dois países os poucos, aliás os únicos na zona com o poder nuclear.


3.

Prosseguindo o cerco ou se se quiser a proteção à circulação do petróleo/gás oriundos do Golfo, já no tempo do Trump, fez este um acordo com a Arábia Saudita no montante de 380.000.000.000 de USDs. A contrapartida era a Arábia Saudita fazer uma aproximação de paz a Israel, aumentando assim a segurança na saída do petróleo/gás. O Irão fica do outro lado do golfo…


4.

De sublinhar que em 1973, quando o preço do petróleo inflacionou para os 400%, - temos disso memória viva - os  EUA fizeram um acordo com os países do Golfo (em geral) em que em contrapartida da segurança que ofereciam, obtiveram a garantia do preço do petróleo pago em USDs.


5.

Canal do Suez

Mar  Vermelho 

As diversas commodities produzidas no oriente e vendidas ao ocidente, transitam por ele. Com a sua construção os países ocidentais - nós - economizaram muito dinheiro em viagens muito mais longas e caras - 7.000 kms - cá por baixo pela África do Sul.

… e o preço dessas commodities ficaram-nos mais amigáveis.


§ - cada barco paga ao Egipto por cada passagem 251.000 usd. O Egipto fatura por ano, de momento, > 5.000.000.000 USD.


Mais um apontamento.

Estive em abril passado na América do Sul, Argentina e Chile (Paragónia).

No Chile fui ver a cidade Valparaíso, bem no sul daquele continente. A cidade de Neruda (visitei a casa).

Uma cidade encantadora mas agora, pobre; muito pobre. Tipo favela brasileira.

Porquê?

Porque com a construção do canal do Panamá, acabado em 2016, as commodities deixaram de contornar o sul da América do Sul. Com isso, as pessoas que aqui vivem saíram da rota económica mundial. Ficaram sem economia. Com isso, o preço das commodities que consumimos ficaram mais baratas porque os (quase) 15.000 navios que transitam agora pelo canal do Panamá deixaram de necessitar de contornar a América do Sul.

Quanta economia de escala foi aqui melhorada!!??


E paro por aqui.


Conclusão:

Que importância tem a religião ou os regimes políticos, tantas vezes com guerras, nestes contextos geopolíticos e económicos? As pessoas que são apanhadas nestes ciclos são trituradas. Inexoravelmente.

Obviamente ninguém concorda com estas fatalidades mas alternativa melhor não a conheço.


Enquanto a Europa e os EUA puderem controlar as fontes de abastecimento para os seus países e suas gentes, tudo farão para o conseguir. Até porque, se os governos de ocasião não conseguirem a melhor condição de bem estar para as suas gentes, o ‘povo’ deita-os fora. 

Sim, porque vivemos em Livre Democracia.


O resto são fait divers para entreter a imprensa e os ‘apaixonados’ políticos. E aos apaixonados, sabemos, sempre lhes faltou a razão.


Por último, mas dentro do mesmo tema: domínio do preço das commodities.


Ucrânia 

O problema é milimetricamente o mesmo, apenas muda de commodity e protagonista.


Grandes produtores de cereais que alimentam o mundo:

1°. EUA

2°. Rússia 

3°. Ucrânia 

Se a Rússia conseguir anexar a Ucrânia, anexa também o controlo do preço dos cereais a nível mundial. Aos cereais junta o petróleo e o gás e aí sim, ganha força imparável para ir até onde quiser.

Tenho dito

Abraço a Todos.


Mais um ponto:

No contexto em que o mundo vive atualmente, agrupado em grandes geopolíticas, que sentido faz?, com que argumentos negociais os pequenos - incluindo Portugal - enfrentariam os grandes blocos económicos?, como conseguiriam sobreviver os pequenos países?, se sozinhos neste mundo global?


Ainda bem que estamos num dos blocos e para já dos melhores: Europa.


DINÂMICO: Israel e Jordânia, com a PLV (dinamico-dinamico.blogspot.com)

http://dinamico-dinamico.blogspot.com/2023/05/viagem-argentina-e-chile.html?m=0


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Comentário do Silva:
Ainda bem que estamos num dos blocos e para já dos melhores: Europa?????? 
Mag , depois duma análise quase perfeita em tudo, dizer que a Europa é dos melhores blocos, estragaste completamente a omelete!!! A Europa ( aqui deve-se dizer União Europeia!!) sem USA não conta absolutamente NADA! Digamos que a Europa quando jogou com o pau de dois bicos ou três e meio ( Usa Rússia China e Magreb!) contou um bocadinho, mas desde que o Tio Sam chamou-os todos a ordem, caro Mag não contamos nada de nada! Basta ver os políticos que antes diziam uma coisa e hoje fazem tudo diametralmente oposto, de direita e de esquerda em toda a Europa! Hoje conta quem tem materia prima, e a Europa não tem nada de especial nem para manter-se a si mesma! O Know How contava antigamente mas hoje os jovens do terceiro mundo estudaram no primeiro mundo e sabem tanto ou mais do que nós! Até os Usa estão em declino a começar pelo aspecto moral! Normal quando vimos o declino de gregos romanos portugueses/espanhóis holandeses ingleses etc etc ! A Europa é em declino absoluto e o futuro a meu ver é China/ Rússia! A ver vamos! Muito obrigado pelo teu riassunto geopolitico actual, mas isso da Europa....! 😢😢😢
 
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Meu comentário:
Ponto prévio:
Releva se o que digo não segue um alinhamento certo. Escrevo durante a caminhada e as ideias saltitam como as pipocas um pouco desordenadas.
No final junta as pipocas 🍿 🤣 

Meu caríssimo Amigo Zé Manel Silva,
Males do fígado já os curei faz tempo. Não me ouvirás a dizer mal da Europa, da UE claro. É a minha segunda casa. E muito menos direi mal de nós, Portugal, a minha primeira casa e de termos conseguido entrar neste grande clube, a UE.
O ‘passarinhos da ribeira’ não jogará na 1ª divisão pois  ‘não têm unhas’ para isso e continuarão a penar lá trás, principalmente os sócios mais pobres.
Há oito países candidatos em fila de espera…

Continuo estupefacto e irritado pelo facto do Reino Unido ter abandonado este grande barco, só justificado pela cegueira, mesquinhez, protagonismo pessoal ou de grupo, ou por ainda alguns sobreviverem em cima de resquícios da megalomania dos idos tempos  imperiais. Os estrategas do Brexit tolamente pensaram que os EUA e o resto do mundo prefeririam negociar com o RU em detrimento da UE. Fatal inocência. Logo responderam os EUA que preferiam ter 500.000.000 de clientes na UE do que 80.000.000 no RU. Queria ainda o RU conservar  os mesmos direitos, como se de lá não tivesse saído! Oh ambição desmedida!
Voltarão um dia como pedintes.
A Commonwealth em desagregação vai dar a machadada final no RU. Dentro da UE seriam eles mais fortes e o Bloco europeu ainda mais forte também.
O minúsculo Kosovo, de que meio dúzia de iluminados quiseram independência, sobrevive agora na marginalidade e nas drogas. Guinés, idem. São pequenos demais para sobreviverem neste mundo global.
Aqui ao lado os Catalães e os Bascos persistem na ideia independendista por serem as zonas mais ricas de Espanha e por meia dúzia de ambiciosos querem abocanhar o pedaço. E, aparentemente, o ‘povão’ vai atrás…

A OMC, onde quase todos estão, veio alterar tanta coisa. E há cegos que não vêem ou vêem mas seguem os ditames do umbigo esfomeado.

Evidentemente que a UE ainda está longe da autonomia e continuará a precisar dos EUA. 
Fomos dos últimos a formar uma União.
Quantos anos, séculos, tem a China? A Rússia? Não esquecer que em particular estes dois blocos sobrevivem com regimes despóticos. Estive em ambos. O guia chinês, um arquiteto e militante do PCC, disse com todas as letras: o PCC tem 90.000.000 de militantes, cuja função é ‘doutrinar’ a ‘populaça’.
Na Rússia o esquema é outro mas o resultado é o mesmo, confirmou em surdina o Alex, o Guia.
No ocidente podes teclar e vir para rua sem qualquer receio. Gosto de ver as pessoas nas ruas a reivindicarem o que entendem.
Em que mundos, para além do ocidente, houve manifestações gigantes a propósito da guerra em Gaza!!??
Quanto vale esta nossa liberdade? O preço é alto, sabemos, mas não me importo de o pagar. O retorno é muito bom.

A luta pela melhor sobrevivência é agora entre Blocos e não mais entre países.
A UE (e Portugal) não precisa de revoluções nem de extremismos, antes, de inteligência.

Não estou a dizer que tudo está bem na EU. Não estou a dizer que tudo está bem em Portugal. O caminho é longo e faz-se caminhando. E tenho paciência e tempo para percorrer este caminho.
Perguntava-me uma colega um dia destes: ‘ouve lá, tu que tens andado por aí, que País escolherias para viver?’
Respondi de pronto: Portugal, o 5° País mais seguro e bonito do mundo. Portugal é um ‘pack’ de coisas boas; o País com uma raiz comum de 900 anos a ligar as pessoas.

A UE é o travão sanitário aos voluntarismos ou aventureirismos particulares ou de grupo.
Que seria da tua Itália se a Meloni pudesse fazer o que vociferava antes?
Que seria da Grécia se montasse na ‘Moto’ do Varoufakis?
((O jovem, 37 anos, Gabriel Boric, actual presidente do Chile, político oriundo dos grupos estudantis e da Izquierda Autónoma, já em exercício presidencial, quando mediu melhor o ‘Poder’, dirigiu-se ao País e pediu desculpas pelas promessas tolas feitas até então… Em abril quando estive lá, havia zonas onde a marginalidade não as deixava visitar, apesar de fortemente policiadas))

Obviamente que o Calcanhar de Aquiles europeu e português é a escassez de matérias primas importantes, por um lado, e por outro a dificuldade de competir no mundo global com custos de vida mais baixos e economias subsidiadas pelos estados.

O futuro europeu, UE, é incerto, sabemos, mas fora da UE, a não ser que se altere a ordem internacional, é muito mais incerto.

O abraço de sempre: Grande e Amigo, com 51 anos de tamanho, renovado há pouco tempo.

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Comentário do Sousinha:
Ainda sou do tempo da propaganda do irmos viver como os alemães e dos nossos industriais e agricultores passarem de um mercado de 10 milhões para outro de 500 milhões. resultado, até o de 10 milhões perderam. A nossa industria pesada foi à vida. A nossa marinha mercante foi à vida (também não precisávamos dela, afinal nem temos mar), a nossa construção naval foi à vida, chegamos ao ponto de quando um barco de pesca ,que também já poucos restam, necessita de uma hélice ter de a ir comprar a Espanha pois cá já nem isso se faz, a nossa siderurgia acabou (ainda me lembro do Cavaco Silva dizer qua não necessitávamos de produzir aço pois em Espanha era mais barato. De país autossuficiente em pescado, passamos a importar 70% daquilo que consumimos, encerram-se centrais a carvão de produção de energia para passarmos a comprar energia produzida em centrais a carvão no estrangeiro. Empresas públicas de topo dadas a multinacionais estrangeiras. Agora é a vez da TAP e da Efacec. Enfim, a "europa connosco". Eu defendo as sinergias entre nações mas em parcerias de mutuas vantagens, não esta UE ao serviço das multinacionais alemãs e francesas. Passámos a ser uma colónia cá dentro

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Meu Comentário:
Meu Amigo Sousinha 
Também tenho esta tua lista bem guardada.  Quem a não tem?, mas estava à espera que desses o passo seguinte: ideias; soluções. Os pressupostos onde assentava esta tua, nossa lista, foram-se.
Não vamos passar a vida a chorar sobre o leite derramado, enquistados num passado irrepetível. Há que ir à procura de alternativas. “O mundo corre e avança…”
‘Regresso ao Passado’ só no cinema. Recuperar esta lista no mundo atual, nunca mais.
Aquele Abraço forte igual ao de sempre.

https://www.facebook.com/reel/658036466486231?fs=e&s=TIeQ9V

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