Guerra Palestina / Israel
Meus Amigos
Não tenho por hábito entrar nestas discussões, não por alheamento mas porque este assunto é tão histórico, tão complexo, tão partidário, tão importante, que só uma crónica mais alongada como esta de Matos Gomes - crónicas que sigo há anos - permitem contextualizar e assim perceber melhor as múltiplas cambiantes do problema. Sim, porque de um problema se trata e ‘bicudo’ ao ponto de dividir opiniões e o mundo em geral.
Opinar numa simples frase tipo slogan ou texto curto é redutor ou então objetivamente direcionado. Percebe-se a parte que se defende mas não os fundamentos. E sabe a pouco.
No essencial não ponho em questão o que a crónica de MG detalha: foi claro.
Sublinho a parte em que MG refere que o ocidente tem a consciência pesada do holocausto. Mas sublinho ainda mais - MG não o disse mas digo eu - os ganhos que o mesmo ocidente consagrou com a aprendizagem da mortandade da II guerra: 70.000 milhões, lembro. O ocidente - mais que todos os outros - elegeu a vida humana como principal centralidade desde então. A banalização da morte foi parada. Nunca na história da humanidade houve um período tão longo - 70 anos - com tão poucas guerras/mortes.
Nem sempre corre bem, é certo, mas regimes alternativos - e conheço os principais in loco, como alguns saberão - estão a anos luz do nosso. E com mortandades semelhantes, ainda que sem guerras externas.
Dirão, mas a Europa - Portugal foi o primeiro - ‘roubou-lhes’, a partir de 1.500, a riqueza que tinham e travou-lhes a evolução. Aconteceu assim, sabemos, mas com essa riqueza a Europa construiu um futuro invejável para o ocidente. Para nós, e não só. O mundo em geral evoluiu muito com isso.
Naturalmente a fatia de leão ficou cá.
Geoestratégia
Peço que olhem para o mapa mundi, principalmente - para o caso agora em apreço - para a zona do médio oriente, e retenham em particular o golfo pérsico e mar vermelho (já estive em ambos).
O Golfo Pérsico contém 50% das reservas de energia - petróleo e gás - que alimentam as economias do mundo. A nossa também. Sem essa energia o mundo continuaria na Idade Média. Em 1.500 a população mundial era de 500.000.000, hoje, > a 8.000.000.000. E o fator energia foi central.
Enquanto o mundo depender destas energias para funcionar, para alimentar as pessoas, este Golfo será sempre importante.
Imagine-se que não era o ocidente a controlar os preços!!?? Imagine-se que eram os muçulmanos (para só falar nestes)!!?? A que preço a pagaríamos!? Imagine-se que o centro do motor económico do mundo era longe de nós: médio oriente, extremo oriente (China) ou Rússia? Em que posição económica estaria o ocidente? Nós, portanto.
Como proteger essa commodity tão vital?
A Europa e os EUA tudo fazem para travar a inevitável escalada de preços, não deixando que o controlo lhes escape.
Resp.: várias estratégias:
1.
Israel foi o cavalo de Troia no mundo árabe, na região do Golfo, em 1948.
Armaram Israel, incluindo com nuclear, do lado ocidental.
2.
Do lado oriental, o Paquistão foi o escolhido, também com nuclear (tem o 4° maior exército do mundo). A guerra entre o Paquistão e a Índia aquando da partição em 1948, tem isto na sua essência. Os EUA armaram o Paquistão para de lá proteger a saída do petróleo.
São estes dois países os poucos, aliás os únicos na zona com o poder nuclear.
3.
Prosseguindo o cerco ou se se quiser a proteção à circulação do petróleo/gás oriundos do Golfo, já no tempo do Trump, fez este um acordo com a Arábia Saudita no montante de 380.000.000.000 de USDs. A contrapartida era a Arábia Saudita fazer uma aproximação de paz a Israel, aumentando assim a segurança na saída do petróleo/gás. O Irão fica do outro lado do golfo…
4.
De sublinhar que em 1973, quando o preço do petróleo inflacionou para os 400%, - temos disso memória viva - os EUA fizeram um acordo com os países do Golfo (em geral) em que em contrapartida da segurança que ofereciam, obtiveram a garantia do preço do petróleo pago em USDs.
5.
Canal do Suez
Mar Vermelho
As diversas commodities produzidas no oriente e vendidas ao ocidente, transitam por ele. Com a sua construção os países ocidentais - nós - economizaram muito dinheiro em viagens muito mais longas e caras - 7.000 kms - cá por baixo pela África do Sul.
… e o preço dessas commodities ficaram-nos mais amigáveis.
§ - cada barco paga ao Egipto por cada passagem 251.000 usd. O Egipto fatura por ano, de momento, > 5.000.000.000 USD.
Mais um apontamento.
Estive em abril passado na América do Sul, Argentina e Chile (Paragónia).
No Chile fui ver a cidade Valparaíso, bem no sul daquele continente. A cidade de Neruda (visitei a casa).
Uma cidade encantadora mas agora, pobre; muito pobre. Tipo favela brasileira.
Porquê?
Porque com a construção do canal do Panamá, acabado em 2016, as commodities deixaram de contornar o sul da América do Sul. Com isso, as pessoas que aqui vivem saíram da rota económica mundial. Ficaram sem economia. Com isso, o preço das commodities que consumimos ficaram mais baratas porque os (quase) 15.000 navios que transitam agora pelo canal do Panamá deixaram de necessitar de contornar a América do Sul.
Quanta economia de escala foi aqui melhorada!!??
E paro por aqui.
Que importância tem a religião ou os regimes políticos, tantas vezes com guerras, nestes contextos geopolíticos e económicos? As pessoas que são apanhadas nestes ciclos são trituradas. Inexoravelmente.
Obviamente ninguém concorda com estas fatalidades mas alternativa melhor não a conheço.
Enquanto a Europa e os EUA puderem controlar as fontes de abastecimento para os seus países e suas gentes, tudo farão para o conseguir. Até porque, se os governos de ocasião não conseguirem a melhor condição de bem estar para as suas gentes, o ‘povo’ deita-os fora.
Sim, porque vivemos em Livre Democracia.
O resto são fait divers para entreter a imprensa e os ‘apaixonados’ políticos. E aos apaixonados, sabemos, sempre lhes faltou a razão.
Por último, mas dentro do mesmo tema: domínio do preço das commodities.
Ucrânia
O problema é milimetricamente o mesmo, apenas muda de commodity e protagonista.
Grandes produtores de cereais que alimentam o mundo:
2°. Rússia
3°. Ucrânia
Tenho dito
Abraço a Todos.
Mais um ponto:
No contexto em que o mundo vive atualmente, agrupado em grandes geopolíticas, que sentido faz?, com que argumentos negociais os pequenos - incluindo Portugal - enfrentariam os grandes blocos económicos?, como conseguiriam sobreviver os pequenos países?, se sozinhos neste mundo global?
Ainda bem que estamos num dos blocos e para já dos melhores: Europa.
DINÂMICO: Israel e Jordânia, com a PLV (dinamico-dinamico.blogspot.com)
http://dinamico-dinamico.blogspot.com/2023/05/viagem-argentina-e-chile.html?m=0