domingo, 24 de dezembro de 2017

60º Aniversário Fernando, Irmão

A ternura dos 60.

60, é uma idade bonita! mas não mais que qualquer outra; como elas, de passagem e todas merecedoras de parabéns. Ainda assim, Parabéns por esta.
As passadas foram boas e bonitas mas as importantes e interessantes estão para a frente para serem vividas e saboreadas.

Por breves instantes, vou ignorar o futuro e voltar às origens, mais precisamente ao dia e local em que tu nasceste pois dele me lembro bem e tu não, estou certo. Não as ilustrarei com fotos porque nessa altura o fotógrafo estava de férias… mas tentarei o retrato escrito.

Tinha eu os meus 6 anitos e a esta distância aquelas memórias já estão cobertas por alguma neblina, mas este dia - 24DEZ’1957 - está bem vivo e definido. Foi particularmente agitado com alguma confusão à mistura. Tensão para uns, preocupação para outros e curiosidade para alguns reinavam lá em casa, a casa de Atães. E que casa! Era Inverno, frio. O frio entrava sem cerimónia pelas frinchas que pela casa abundavam, sem esquecer as do teto sem forro. Alguidares e água quente circulavam fumegantes pela casa. Grande azáfama, porém poucas pessoas: nós, os irmãos e os nossos saudosos pais; e a parteira, a ‘minha comadre dos tapados’, dizia a nossa querida mãe.

O pai andava por lá… tenso, hesitante e atarefado entre o teu nascimento, os outros filhos e a ‘tocar a vida’ lá fora. Nós, sentados no enorme e velho preguiceiro (eram dois, aliás) aquecidos pelo braseiro da grande lareira, quase com os pés enterrados na cinza quente, aguardávamos, pensando no mano que aí viria e no Natal, claro.
Ao lume, aquecidos por brasas vivas e coloridas, os ‘potes-tripé’ de ferro preto, protegiam-nos de alguma queda distraída e amornavam a água para tomares o teu primeiro banho. A lareira crepitava expelindo fumo e enegrecendo ainda mais a parede saliente e escura da fuligem acumulada. Na pequena cafeteira de barro, disfarçada entre os grandes potes mas vigiada pelos nossos olhares atentos, aquecia a água para o café. Que bom café! Sorvê-mo-lo com o prazer próprio de uma prenda antecipada de Natal. Afinal era véspera de Natal! Natal esse, pelas melhores razões, passou um pouco ao lado e, por tua causa, dos mais bem recordados. As atenções de uns e preocupações de outros estavam lá dentro esperando ansiosos o novo elemento: tu.
A minha curiosidade era grande. Em boa verdade não sabia exatamente o que estava a passar-se; era o primeiro acontecimento do género a que assistia, portanto limitei-me a observar e a ‘fotografar’ as imagens que, ainda em bom estado, agora te entrego.

O Zé - com 3 anos - acredito que de nada se lembre; a Mila e o Chico com certeza que sim e desse dia falarão melhor que eu.

Finalmente o teu primeiro ...nuáh, …nuáh, fez-se ouvir em toda a casa como que a dizer: cheguei!
A agitação aumentou em todos nós nesses momentos para, passados dias, retomarmos a normalidade do dia-a-dia, agora a sete.

E chegaste em boa hora, não só para a nossa doce Mãe que teve uma ‘boa horinha’ mas também para todos nós que te recebemos como mais um companheiro para as traquinices.

Contigo a família cresceu e engrandeceu.
Ficou mais forte e completa e lançou os bons alicerces para o que agora são, com orgulho e vaidade, os m&c.

Sempre foste o irmão caçula com as atenções de todos nós.
Hoje também, claro, e sempre assim será.

Abraço, com 60 anos de tamanho.

Tó.
24DEZ’2017

Sem comentários:

Enviar um comentário