sábado, 15 de agosto de 2015

Tsipras versus Che

É preciso recuar a meados do século passado, aos tempos revolucionários da libertação da América do Sul dos colonos espanhóis, com Che Guevara à cabeça, para encontramos estórias como a que o Syrisa e os seus guerrilheiros - com Varoufakis a comandar - protagonizaram recentemente na Grécia.

À semelhança de Che, ingenuamente acreditando que o mundo do século XXI era o mesmo em reajustamento acelerado do do final da II guerra, de foices e picaretas, sem couraças e poucas tropas, de peito totalmente desprotegido, avançaram para uma guerrilha insensata que tinha tudo para acabar mal.

Veremos melhor como tudo se realinhará lá mais para diante mas, para já, foi humilhante.

Começar uma luta desta envergadura sem saber jogar o xadrez da política internacional e, principalmente, sem ter na mão peças importantes do jogo - no mínimo um cavalo capaz de surpreender o adversário com a sua jogada cruzada - é de um aventureirismo inqualificável e um suicídio de lesa pátria que sacrificará durante muitos anos gerações e gerações de gregos que um dia neles acreditou.

Mas nem tudo estará perdido: a reciclagem política e social está a decorrer.
O passado recente de turbulência deixou no terreno sementes novas capazes de germinar lá mais para diante.

Admito que Alexis Tsipras sobreviva e que futuros votos o reconduzam por mais algum tempo. 
A sua postura combativa granjeou-lhe ainda mais adeptos, agora também fora do Syrisa, e sente-se seguro para continuar na liderança do país.

Afinal o pragmatismo (e a falta de opções viáveis), acabou por impor-se.

O desperdício de tempo e de dinheiro foram enormes mas Tsipras terá ganho força de liderança que, se aproveitada, pode contribuir para atenuar as perdas.
Afinal a Grécia que desde há muito tinha problemas para a obtenção de maiorias genuínas, pode desta maneira consegui-las e recuperar estabilidade mais duradoira.

Lá chegados e já com a população ciente da grossura das paredes onde lhes foram traçados os trilhos apertados do seu futuro coletivo, induzirá neles a paz social (amarga), que facilitará e muito a tarefa do governo, mesmo com Tsipras.
Principalmente com Tsipras.

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