domingo, 16 de agosto de 2015

Passos Coelho, 'O Mentiroso'

Em tempos escrevi um apontamento sobre Passos Coelho onde enfatizava a contradição entre o que prometia fazer, em campanha eleitoral ou mesmo antes, caso viesse a ser eleito e os atos governativos que vinha a levar ou levou à prática já como Primeiro-Ministro.

O texto mantém-se atual e o meu ponto aqui é outro: como a sociedade vai esquecendo a promessa mentirosa e volta a dar-lhe crédito politico! - neste momento com shairs a par do PS! - animando a coligação PSD/CDS para uma vitória eleitoral e, até, sonhando com uma 'maioria inequívoca'!?

Alguém que domine o tema, ao nível da ciência ou sociologia política o explicará melhor, se souber.

Atrevo-me a entrar na área com curtos raciocínios.

Comecemos pelos fatores externos.
Portugal, com o mesmo problema da Grécia, seguiu atentamente o 'drama grego' dos últimos meses e tirou ou terá tirado? - o futuro o esclarecerá -, ilações adaptadas ao nosso caso.

As reviravoltas francesas protagonizadas pelo seu presidente, Hollande, não estão esquecidas e lembro-as aqui com o mesmo, senão maior, peso exemplar.

Com estas 'ajudas' o eleitor português terá concluído que aventuras sem rede, não.
E como o PS ziguezagueou no tema, começou a reciclar e a dar guarida à ideia da continuidade.
A esponja sobre 'o mentiroso' começou a funcionar.

Antes de continuar ainda direi que o caso grego, com o Syrisa ao Comando, levou a tensão política e possibilidades de alternativas (in) viáveis a níveis há muitos anos não experimentados, que acabou por abafar para os próximos tempos aventuras similares ou próximas.
Até aqui prestou um mau serviço às esquerdas europeias, castrando o sonho político de muita gente.

Continuando...
Fatores internos.
Em vésperas de eleições a tropa pesada partidária da coligação, toda a sua infantaria e artilharia, bem posicionada em todas as frentes, está a avançar no terreno bem conduzida e afinada pelos chefes e como marionetas formigueiras levam a mensagem certa ao eleitor confuso. 
De tanto o bombardear, paulatina e metodicamente mas no tempo adequado, o eleitor acaba por ir sucumbindo ao canto da sereia e, já de cérebro lavado, começa a acolher, de novo, o mentiroso.

A caminho do fim de Agosto, a sete semanas das eleições, é, a meu ver, o retrato previsível de outubro: continua Pedro PC que estás perdoado.

A mentira, se revestida de promessas coloridas e bem usada, pode ser uma boa arma para chegar ao poder e lá continuar.

sábado, 15 de agosto de 2015

Tsipras versus Che

É preciso recuar a meados do século passado, aos tempos revolucionários da libertação da América do Sul dos colonos espanhóis, com Che Guevara à cabeça, para encontramos estórias como a que o Syrisa e os seus guerrilheiros - com Varoufakis a comandar - protagonizaram recentemente na Grécia.

À semelhança de Che, ingenuamente acreditando que o mundo do século XXI era o mesmo em reajustamento acelerado do do final da II guerra, de foices e picaretas, sem couraças e poucas tropas, de peito totalmente desprotegido, avançaram para uma guerrilha insensata que tinha tudo para acabar mal.

Veremos melhor como tudo se realinhará lá mais para diante mas, para já, foi humilhante.

Começar uma luta desta envergadura sem saber jogar o xadrez da política internacional e, principalmente, sem ter na mão peças importantes do jogo - no mínimo um cavalo capaz de surpreender o adversário com a sua jogada cruzada - é de um aventureirismo inqualificável e um suicídio de lesa pátria que sacrificará durante muitos anos gerações e gerações de gregos que um dia neles acreditou.

Mas nem tudo estará perdido: a reciclagem política e social está a decorrer.
O passado recente de turbulência deixou no terreno sementes novas capazes de germinar lá mais para diante.

Admito que Alexis Tsipras sobreviva e que futuros votos o reconduzam por mais algum tempo. 
A sua postura combativa granjeou-lhe ainda mais adeptos, agora também fora do Syrisa, e sente-se seguro para continuar na liderança do país.

Afinal o pragmatismo (e a falta de opções viáveis), acabou por impor-se.

O desperdício de tempo e de dinheiro foram enormes mas Tsipras terá ganho força de liderança que, se aproveitada, pode contribuir para atenuar as perdas.
Afinal a Grécia que desde há muito tinha problemas para a obtenção de maiorias genuínas, pode desta maneira consegui-las e recuperar estabilidade mais duradoira.

Lá chegados e já com a população ciente da grossura das paredes onde lhes foram traçados os trilhos apertados do seu futuro coletivo, induzirá neles a paz social (amarga), que facilitará e muito a tarefa do governo, mesmo com Tsipras.
Principalmente com Tsipras.

domingo, 9 de agosto de 2015

Passadiços do Paiva - 06ago'2015

Passadiços do Paiva
06AGO'2015
Pista semi-urbana 'agarrada' à serra, serpenteando firme por montes e vales, oferecendo-nos a graça e beleza da natureza no seu estado mais puro.

. O verde dominante, intenso e matizado da época,
. as lagoas naturais de águas calmas e cristalinas,
. os sussurros dos regatos aqui e além avivados por nostálgicas cascatas,
. as sombras frondosas e benfazejas filtrando e temperando o sol quente deste Agosto...
... até parece que os elementos da natureza se uniram numa biodiversidade e harmonia perfeitas para acolher e revigorar quem passa, tornando-o mais um dos seus.

. Subtrair da madressilva e saborear uma difícil amora selvagem;
. escutar o canto límpido do fugidio melro e o da alegre cigarra,
. seguir o carreirinho das incansáveis formigas pretas,
. acompanhar o take off do escaravelho verde escapulindo-se à nossa chegada,
. escutar o pipiar dos passarinhos que alegremente esvoaçam à nossa volta fazendo-nos companhia com simpáticas melodias,
. sentir o afago dos ramos viçosos no rosto já molhado,
. ver as trutas e as bogas alinhadas rio abaixo saudando a nossa passagem,
. acautelarmo-nos da pequena cobra d'água que acordada da sua hibernação, de rabo a dar-a-dar e cabeça de fora, nos cumprimenta,
. mais abaixo, nas margens do rio, as cabras, com sonoros chocalhos, pastam as verdes ervas acrescentando o lado bucólico à paisagem,
... tudo, privilégios raros, aqui, ainda, acessíveis mas que a dinâmica dos tempos foi afastando de nós, e cuja fruição simplifica, reequilibra e humaniza o passadista.