domingo, 20 de março de 2011

3ª Idade na China x Portugal

Existe na China um culto milenar que honra e dignifica a velhice, culto que se perde bem lá longe na história cultural e comportamental da sociedade chinesa. Ainda hoje assim é. Respeita-se muito os velhos. As gerações mais novas vêem neles um depósito vivo de sabedoria, bebendo dela também nos usos e costumes do seu dia à dia. Sábia cultura. É tão sábia que, à falta de apoios sociais do estado, é precisamente essa filosofia de vida tão enraizada nas populações, que proporciona uns fins de vida menos má, mais humana. As gentes mais novas de hoje sabem que amanhã poderão contar também com esses apoios.
Portugal, nomeadamente nos anos 50, foi um pouco assim, com a grande diferença de que para os velhos não havia nem cultura similar, nem apoios estatais, nem os jovens, mesmo querendo, tinham dinheiro para suportar esse custo. Os velhos, andrajosos e esfomeados, mendigavam de casa em casa, dia à dia, para sobreviverem. Cenários tristes, bem tristes. A sociedade pós 25ABRIL'74 tentou resolver o problema e fê-lo com algum sucesso, conseguindo-se que um estado solidário assumisse o custo. Até quando, eis a grande questão que hoje, com a dinâmica económico/financeira quase paradas, se coloca. De onde poderá continuar a vir o dinheiro para sustentar este bem social, agravado com o enorme aumento da esperança média de vida? Grande desafio político se coloca à sociedade e aos decisores!

terça-feira, 15 de março de 2011

25ABRIL'74-Ideias generosas

As Ideias-Força, voluntaristas e generosas que brotaram com o 25ABRIL74, difundiram na Sociedade Portuguesa a ideia de que o Estado seria, a partir dali, o grande, o principal e até o único responsável pela segurança social dos cidadãos, devendo ser capaz de acolher e responder a todas as situações. Extrapolou-se essa função de cobertura social para o grande condutor da economia. Tudo ficaria dependente da dinâmica que o estado fosse capaz de imprimir nos mais diversos sectores. As ideias pcpistas do estado patrão enraizaram e fizeram o seu caminho e ainda hoje são a âncora maior para a estabilidade e segurança social. Por dá cá aquela palha, se chama pela intervenção do estado. Está de tal modo sedimentada a ideia que, sair dela, vai ser muito difícil. E, goste-se ou não, temos de sair dela. O estado, nomeadamente no sector social, a médio prazo, não vai ser capaz de o continuar a financiar como até aqui, pelo simples facto de que não vai ter dinheiro. O que fazer? Qual a solução possível? Talvez um mix de ambas (público/privado). Embora haja sectores que devessem ser consideradas públicos (rede de água, o melhor exemplo), falta saber até que ponto - não esquecer as imposições da TroiKa – o estado lhes consegue escapar. Por outro lado, e aqui é que está o ponto, a gestão pública, salvo raríssimos casos, tem-se revelado desastrosa na gestão empresarial (custos incontrolados), não contribuindo para um bom funcionamento da economia, alavancando-a desmesuradamente. A discussão está a fazer-se. Aguardamos as conclusões se é que vão acontecer.