segunda-feira, 26 de agosto de 2024
25AGO2024 - Dia da FdQ
Encontro FdQ_25AGO2024_1ª Geração
2ª Geração, promovida recentemente a 1ª.
Somos filhos de uma geração que viveu de 1912, o tio Manuel, a 2024, a tia Filomena. Estas 20 maravilhosas pessoas que tantas saudades nos deixaram, viveram estes 112 anos sempre sob o signo do Amor.
Somos filhos de uma geração de núcleos familiares numerosos. Somos filhos de Pais e Mães que, apesar das famílias numerosas e das inimagináveis dificuldades do seu tempo, nos amaram como ninguém; a cada um de nós. Que nos amaram no limite do seu saber e das suas forças; que nos testemunharam a dimensão certa do sentido de Família e da grandiosidade e nobreza do que significa o amor filial e familiar. Foi a maior e a melhor herança que nos deixaram.
Não foi fácil o seu tempo. Viveram na angústia, na escassez e nas muitas outras sequelas de duas grandes guerras; num tempo de uma sardinha para três… quando as havia; num tempo em reconstrução. Acredito que as suas maiores preocupações, mas também as suas maiores alegrias, fomos sempre nós os seus filhos. Por eles e por nós, nunca desistiram de si mesmos nem de nós. Graças a eles estamos aqui felizes e envolvidos num sentimento aconchegante de família, alargada a três gerações e por muito pouco a quatro.
Aprendemos com eles o principal: mais as coisas do coração e menos as académicas que, aliás, poucos as tinham e os que as tinham poucas eram. Mas são os afetos bem treinados que, gota a gota, dia a dia, dão o maior impulso, o melhor sentido e melhor colorido à vida. E esses, eles nos deram em abundância. Deram-nos a estrutura certa onde assentamos as nossas vidas.
Pegamos nessa estrutura afetiva e na alegria vinda daquele ambiente sadio de aldeia que, entretanto, se nos agarrou à pele - alguns de nós com alguma academia, outros com a aprendizagem do dia-a-dia - e, aos poucos, fomos tomando conta de nós, do tempo e do mundo que nos entregavam; do nosso mundo, um mundo em transformação acelerada e imprevisível.
Uma parte de nós engrossou o êxodo nacional dos anos ‘60 brigando por vida melhor no estrangeiro, bem longe das terras de Basto; outros migraram para as nossas cidades; outros conheceram mundos ainda mais estranhos como África ou Extremo Oriente guerrilhando por causas que com 20 anos mal conheciam; outros optaram por dar toda a sua energia a esta terra de Basto. Ainda hoje.
Dispersamo-nos por geografias nacionais e internacionais distintas; perdemo-nos de vista muitos anos, mas sabíamos, porque nos acompanhávamos à distância, de cada um de nós, ainda que sem os instantâneos Facebook, WhatsApp ou telemóvel. Estamos aqui porque essa distância foi apenas física.
O 25 abril ‘74 (estava eu em África com a G3 em punho), dinamitou o Status Quo paralisante de então e energizou-nos para voos mais altos. Ao jeito de cada um e da sua geografia habitacional, hesitantes mas confiantes, tateamos o futuro; fizemos as nossas opções de vida a cada dia. Já não precisamos de ser heróis como o foram os nossos pais - a geração recentemente extinta - mas a capacidade de amar os nossos próprios filhos estava-nos no ADN deles recebido, amor entretanto revitalizado e acrescentado nos nossos netos: os nossos amores, os nossos querubins, os nossos delfins mais recentes.
Temos a certeza que os nossos filhos, a segunda geração, já vão ao volante das suas vidas e que a conduzem com muita mestria; que já tomaram conta de si, dos seus e do mundo. Estamos felizes com eles e por eles.
À geração que nos gerou - e aqui relembramos o último adeus da última heroína, a Tia Filomena -, um grande bem haja e um grande obrigado pelos pais, avós, e bisavós que foram.
E um pedido às duas mais longevas da FdQ: que nos tenham deixado os seus ADN’s. Não somos exigentes: tanto aceitamos os 98 da Tia Filomena como os 101 da minha Mãe, a Tia Ana.
À, agora, 1ª geração, a minha, em fase de reforma ou a caminho, fica uma dica: que reformemos a vida e encontremos novas formas vibrantes de a viver… para além dos 101, já agora.
Diz-se por aí com humor que esta vida sempre é melhor que a outra… logo, há que vivê-la bem. Intensamente. Como se fosse a última e a única.
Às outras gerações: vão tomando conta disto e, principalmente, Sejam Felizes, sempre, dentro das bolhas inrebentáveis da simplicidade, da humildade e da coragem e crescente do amor. Amem e amem-se muito mantendo o espírito e o ânimo da FdQ.
O Amor é o elo maior e mais forte que a todos une e nos une.
Um viva a nós.
Um Viva à Família da Quelha.