quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Em Dia de São Martinho!



Belo dia este:
Dia de São Martinho!
Até faz esquecer a água 
A quem gosta mais de vinho.

A chuva fez intervalo 
Para o Verão de São Martinho, 
Logo à pressa fui buscar
As assadas, as cozidas e o vinho.

As adegas já estão cheias do líquido 
Que faz mais bem que mal!
Bebendo-se um pouco mais que a conta,
Fica-se em vinha-d’alhos até ao Natal.

No dia de São Martinho 
Vai à adega e prova o vinho.
Toma nota que ‘provar’
É só beber um copinho.

São tão quentes e boas 
No fogareiro a estalar. 
Venha de lá um do tinto
Para melhor as saborear.
 
“São tão quentes e boas”,
Canta-se no refrão do velho fado.
Come, come glutão 
Até ficares saciado
 
Ao passar à tua janela 
Pedi-te uma castanha assada
Distraída com a treta, brincaste: 
Já está estragada!

Desconsolado com o sucedido
Ali permaneci de pé
Aguardando pelo menos 
Um copito de água-pé.

Por não querer ‘ficar a seco’
Pedi-te então um queijinho
De olhar maroto e a sorrir
Atiraste-me um beijinho.
 
São Martinho, meu bom santo,
Atira-me a tua capa; 
E mantém este Sol bonito,
A ver se da chuva a gente escapa.

Para quem trabalha, São Martinho, 
Tem especial consideração; 
Não lhes negues o que te peço
E dá-lhes um belo dia de Verão.

E para os demais também,
Sê amigo e satisfaz-lhes o desejo.
Para não ficarem em casa
E preferirem o arejo.

Para os meus amigos te peço hoje:
Sol, água-pé, castanhas e vinho;
Não me obrigues a pedir segunda vez,
Pois não te peço, nem baixinho.
 
Ai de ti se não me atenderes?
Não venho mais ao engano!  
Ficas virado para a parede, 
De castigo até ao ano.