1.
Calouste Gulbenkian (1869/1955) foi no seu tempo o homem mais rico do mundo. No seu portefólio de investimentos o petróleo predominava; de longe o seu negócio mais forte. As outras aplicações financeiras derivavam das suas sobras. Engenheiro de petróleos de formação, cedo percebeu onde estaria localizado o filão energético que faria funcionar um mundo então emergente e que lhe renderia muito dinheiro. Com avidez, audácia, sagacidade raras, a que acrescentava dotes de negociador hábil, implacável e esclarecido, entrou no negócio mais promissor do seu tempo: o petróleo. O advento da tração a diesel concretizava-se nos carros em 1885 pelas mãos de Karl Benz. Nas locomotivas pelas de Rudolf Diesel em 1893. Em 1906 Alberto Santos Dumont colocava no ar o primeiro avião. Oriundo da Arménia tinha contudo uma cabeça de judeu, no sentido popular do termo: não gostava e não pagava impostos (causou dores de cabeça a Salazar). O ‘Senhor Cinco por Cento’ (de comissões), como era conhecido, entrou no mundo do petróleo no médio oriente, inicialmente como facilitador e mais tarde como rei, senhor e influenciador desta commodity para o consumo do mundo. As duas grandes guerras, com funcionamento e resultados em muito dependentes do regular abastecimento desta matéria prima às partes beligerantes, deram-lhe a dimensão das necessidades de consumo que tinha preconizado. E dinheiro, muito dinheiro. O médio oriente ganhou estatuto de player mundial. O mundo começou a depender energeticamente da capacidade produtiva e da regular circulação do petróleo, principalmente do produzido nesta região: 64% do consumo mundial passava (e passa) no Golfo Pérsico. Quem detivesse o controlo da produção e das rotas petrolíferas do Golfo dominaria o preço do petróleo e, por extensão, o mundo.
Calouste Gulbenkian (1869/1955) foi no seu tempo o homem mais rico do mundo. No seu portefólio de investimentos o petróleo predominava; de longe o seu negócio mais forte. As outras aplicações financeiras derivavam das suas sobras. Engenheiro de petróleos de formação, cedo percebeu onde estaria localizado o filão energético que faria funcionar um mundo então emergente e que lhe renderia muito dinheiro. Com avidez, audácia, sagacidade raras, a que acrescentava dotes de negociador hábil, implacável e esclarecido, entrou no negócio mais promissor do seu tempo: o petróleo. O advento da tração a diesel concretizava-se nos carros em 1885 pelas mãos de Karl Benz. Nas locomotivas pelas de Rudolf Diesel em 1893. Em 1906 Alberto Santos Dumont colocava no ar o primeiro avião. Oriundo da Arménia tinha contudo uma cabeça de judeu, no sentido popular do termo: não gostava e não pagava impostos (causou dores de cabeça a Salazar). O ‘Senhor Cinco por Cento’ (de comissões), como era conhecido, entrou no mundo do petróleo no médio oriente, inicialmente como facilitador e mais tarde como rei, senhor e influenciador desta commodity para o consumo do mundo. As duas grandes guerras, com funcionamento e resultados em muito dependentes do regular abastecimento desta matéria prima às partes beligerantes, deram-lhe a dimensão das necessidades de consumo que tinha preconizado. E dinheiro, muito dinheiro. O médio oriente ganhou estatuto de player mundial. O mundo começou a depender energeticamente da capacidade produtiva e da regular circulação do petróleo, principalmente do produzido nesta região: 64% do consumo mundial passava (e passa) no Golfo Pérsico. Quem detivesse o controlo da produção e das rotas petrolíferas do Golfo dominaria o preço do petróleo e, por extensão, o mundo.
2.
A América, no rescaldo da grande depressão económica dos anos vinte/trinta do séc. XX em que se tinha metido com a introdução de taxas aduaneiras na importação de produtos estrangeiros e pela retaliação simultânea dos países atingidos, obviamente, espreitava uma oportunidade para ultrapassar os graves problemas internos e a reposicionasse como líder incontestado de país mais poderoso do mundo (poder económico, político e militar). Essa aberta chegou pelas mãos de Hitler, por um lado, e pelo estado debilitado dos países aliados no confronto, por outro. Apesar das enormes dificuldades internas em que ainda estava, apostou todas as fichas, mesmo as que não tinha, nesta aventura numa tentativa arriscada e desesperada de manter a sua hegemonia, não só na Europa como no mundo em geral. No final, e até hoje, recolheu o investimento feito ao consolidar-se como potência mundial praticamente em todas as áreas. Os empréstimos do Plano Marshall consolidaram essa dependência e supremacia.
A América, no rescaldo da grande depressão económica dos anos vinte/trinta do séc. XX em que se tinha metido com a introdução de taxas aduaneiras na importação de produtos estrangeiros e pela retaliação simultânea dos países atingidos, obviamente, espreitava uma oportunidade para ultrapassar os graves problemas internos e a reposicionasse como líder incontestado de país mais poderoso do mundo (poder económico, político e militar). Essa aberta chegou pelas mãos de Hitler, por um lado, e pelo estado debilitado dos países aliados no confronto, por outro. Apesar das enormes dificuldades internas em que ainda estava, apostou todas as fichas, mesmo as que não tinha, nesta aventura numa tentativa arriscada e desesperada de manter a sua hegemonia, não só na Europa como no mundo em geral. No final, e até hoje, recolheu o investimento feito ao consolidar-se como potência mundial praticamente em todas as áreas. Os empréstimos do Plano Marshall consolidaram essa dependência e supremacia.
3.
Da divisão do espólio da segunda guerra pelos vencedores seguia no bolo americano e europeu um brinde secreto: controlo do Golfo Pérsico. Com o generoso disfarce de bem-querer aos coitados dos judeus martirizados por Hitler, permitiram que regressassem à sua terra e, mais que isso, generalizaram e cultivaram o conceito do sionismo. Juraram-lhes promessas de fidelidade e segurança que cumpririam e cumprem fornecendo-lhes o armamento mais moderno e letal disponível, incluindo o armamento dissuasor nuclear. Israel dispõe de todo esse armamento dia-a-dia atualizado. Israel foi e é o cavalo de troia americano e europeu para controlo do médio oriente a norte do Golfo Pérsico. Faltava assegurar a ponta sul: Paquistão. Foi eleito o Paquistão.
Ainda inseguros com a solução israelita e aproveitando o velho conflito entre a Índia (nuclear também) e o Paquistão armaram nuclearmente o Paquistão. Em conclusão, o Paquistão segurou-se em relação à Índia e a América reforçou-se no controlo do Golfo, a sul.
Há brechas? Pelos vistos havia, pelo menos os homens de Trump detetaram-nas. Há que armar então a Arábia Saudita, no outro lado do canal, mesmo em frente ao Irão.
O Golfo Pérsico fica assim cintado de armamento nuclear e controlado pelo ocidente. O mundo continuará a ter energia e a preços controlados. E se, dentro da guerra de preços, o cartel da OPEP se exceder, como aconteceu quando o barril chegou aos 140 usd/2008 (hoje, 2020, 52 usd), a América dispõe de mais um joker que jogará, como já fez, sem necessidade sequer de armas: produz ela própria petróleo a partir das pedras: petróleo de xisto (produção cara: 60 usd/barril).
É certo que a defesa americana domina militarmente aquela área com arsenal militar - terra, mar e ar -, dito, convencional disperso por vários países e a ele recorrerá em primeira mão, se necessário, como fez na guerra do Iraque mas… o que realmente dissuade é o nuclear estrategicamente instalado pela periferia.
Ou seja, os interesses vitais-energéticos americanos, europeus e, porque não, os do extremo oriente estão assegurados.
Irão, como um dos maiores produtores, está isolado e apenas o armamento nuclear lhe daria capacidade negociadora coisa que os detentores do controlo atual do Golfo permitirão algum dia.
Jamais, portanto, o Irão terá a bomba nuclear, sequer conseguirá o urânio enriquecido para a produzir, inclusive para fins civis energéticos de que tanto precisa, aliás.
Caso sim, haverá problemas sérios.
… a não ser que as energias alternativas ganhem dimensão e a dependência do petróleo vá desaparecendo.
Da divisão do espólio da segunda guerra pelos vencedores seguia no bolo americano e europeu um brinde secreto: controlo do Golfo Pérsico. Com o generoso disfarce de bem-querer aos coitados dos judeus martirizados por Hitler, permitiram que regressassem à sua terra e, mais que isso, generalizaram e cultivaram o conceito do sionismo. Juraram-lhes promessas de fidelidade e segurança que cumpririam e cumprem fornecendo-lhes o armamento mais moderno e letal disponível, incluindo o armamento dissuasor nuclear. Israel dispõe de todo esse armamento dia-a-dia atualizado. Israel foi e é o cavalo de troia americano e europeu para controlo do médio oriente a norte do Golfo Pérsico. Faltava assegurar a ponta sul: Paquistão. Foi eleito o Paquistão.
Ainda inseguros com a solução israelita e aproveitando o velho conflito entre a Índia (nuclear também) e o Paquistão armaram nuclearmente o Paquistão. Em conclusão, o Paquistão segurou-se em relação à Índia e a América reforçou-se no controlo do Golfo, a sul.
Há brechas? Pelos vistos havia, pelo menos os homens de Trump detetaram-nas. Há que armar então a Arábia Saudita, no outro lado do canal, mesmo em frente ao Irão.
O Golfo Pérsico fica assim cintado de armamento nuclear e controlado pelo ocidente. O mundo continuará a ter energia e a preços controlados. E se, dentro da guerra de preços, o cartel da OPEP se exceder, como aconteceu quando o barril chegou aos 140 usd/2008 (hoje, 2020, 52 usd), a América dispõe de mais um joker que jogará, como já fez, sem necessidade sequer de armas: produz ela própria petróleo a partir das pedras: petróleo de xisto (produção cara: 60 usd/barril).
É certo que a defesa americana domina militarmente aquela área com arsenal militar - terra, mar e ar -, dito, convencional disperso por vários países e a ele recorrerá em primeira mão, se necessário, como fez na guerra do Iraque mas… o que realmente dissuade é o nuclear estrategicamente instalado pela periferia.
Ou seja, os interesses vitais-energéticos americanos, europeus e, porque não, os do extremo oriente estão assegurados.
Irão, como um dos maiores produtores, está isolado e apenas o armamento nuclear lhe daria capacidade negociadora coisa que os detentores do controlo atual do Golfo permitirão algum dia.
Jamais, portanto, o Irão terá a bomba nuclear, sequer conseguirá o urânio enriquecido para a produzir, inclusive para fins civis energéticos de que tanto precisa, aliás.
Caso sim, haverá problemas sérios.
… a não ser que as energias alternativas ganhem dimensão e a dependência do petróleo vá desaparecendo.