segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O que fazer, Quando fazer

O Governo há muita sabia que as medidas agora anunciadas tinham de ser tomadas. A questão que sempre se lhe pôs foi, quando. O timing certo. Quando é que a sociedade estaria receptiva a tais medidas provocando o mínimo de turbulência social. Como Governo minoritário, não poderia arriscar agir unilateral e precipitadamente. A oposição não colaborava e sentia-se excessivamente sozinho para tomar as medidas com esta envergadura, dimensão e impacto. Optou então por deixar que a situação se degrada, que matura-se, que a maçã apodrece-se. Que fosse bem visível, por todos, que não havia outro caminho. Esperou que ficasse claro que a oposição não colaboraria. Que a ODCE anuncia-se as s/ oito medidas (e tão comentadas que foram); que a U.E., através dos seus representantes, incluindo Durão Barroso, manifestasse, alto e bom som, que era chegada a hora de intervir. Que as taxas de Juros, na colocação da n/ dívida, atingisse os máximos. Disfarçadamente esmagados pela pressão nacional e internacional, agiram então.
Pelo que se está a observar, o acolhimento das medidas está a ser razoàvelmente pacífico. Veremos, claro. Mas a situação estava, repito, madura. O risco de erosão ou colapso do Governo foi sábia e prudentemente acautelado. Era chegada a altura. De resto as medidas foram, com um ou outro ajustamento, replicadas de outros países. Ou seja, mais ou menos já todos sabiam o que aí vinha. Claro que ocorrerão manifestações várias, mas não serão exageradas. Aliás os mais atingidos (com ordenados superiores a 1.500€), não ousarão expor-se pùblicamente, sabendo que correrão o risco de serem 'apedrejados'. Mas todos sabem que o caminho era este. De resto a equação encontrada, um mix de corte nas despesas (2/3) com aumento de imposto (1/3), está a ser recebida, no geral, com bastante consensualidade.